Bem-vindos a coluna mais aguardada do Pipoca e Nanquim, hoje vocês vão conhecer a coleção do quadrinista Marcio Baraldi (site e twitter) , autor das tiras de Roko-Loko, Vapt & Vupt e outras, que acabou de lançar mais um livro, o Rap Dez. Uma pessoa extremamente simpática que nos brindou com uma entrevista muito divertida!
Como colecionador, é extremamente zeloso e organizado (nas palavras dele, cuida de seus quadrinhos como se fossem um tesouro), possui várias raridades de causar aquela saudável inveja, (risos), limitando-se principalmente aos títulos das saudosas Era de Prata e Bronze, lançados entre a década de 60 e 80. Legal demais!
Babem nas fotos e leiam a entrevista toda, vocês não vão se arrepender (principalmente a aula das técnicas de conservação das revistas, sensacional!). Com vocês, Marcio Baraldi!

PREFERIDOS DO BARALDÃO: ESPECTRO (JIM APARO), MONKEES, KRIPTA, TUROK, MAGNUS, SANSÃO E DR.SOLAR (TODOS COM CAPAS MATADORAS DO GEORGE WILSON)! QUANDO EU CRESCER VOU DESENHAR QUE NEM ELE!!!
Olá, Baraldi! Obrigado por aceitar nosso convite. É um prazer poder trocar uma idéia com você.
Muito obrigado, man! Eu que agradeço a gangue das Pipocas Selvagens pela oportunidade (risos)!
Antes de tudo, nos conte as novidades sobres suas produções, tem algum novo álbum no forno prestes a ficar pronto?
Acabei de lançar o livro do Rap Dez, o primeiro personagem rapper dos Quadrinhos. É o primeiro mesmo, você conhece algum outro? Suas HQs são publicadas na revista Viração, uma revista politizada para adolescentes, desde 2003. Acabei de lançar pelo meu selo GRRR!…(Gibi Raivoso, Radical e Revolucionário!), tem o mesmo padrão dos outros livros da “Enciclopédia do Baraldão”, ou seja, 50 páginas em couché colorido, capa plastificada e traz prefácios de Paulo Lima (editor da Viração) e do escritor Ferréz, além de depoimentos de vários rappers bacanas como Xis, Rappin Hood, DJ Hum e de mestres da HQ Nacional como Getulio Delphim, Fernando Ikoma e Emir Ribeiro. Tá um livrão da hora! Comprem lá no site da Comix. No ano que vem vou lançar o livro do meu personagem Sabujo Vingador, um cachorro super-herói, cujas HQs foram publicadas de 1996 a 2002 na revista Dynamite. Eu adoro esse personagem e tenho um carinho especial por esse material, são histórias mais longas do que eu costumo fazer, com cinco ou seis páginas cada. Lá eu misturo tudo: defesa dos direitos dos animais, espiritismo, vegetarianismo, política, religião, ufologia, ficção científica, humor, etc. É muito legal!
Legal!
Quando você foi fisgado pelos quadrinhos? Lembra-se qual foi a primeira HQ que leu na vida?
Eu pirei nos gibis quando ainda era criancinha mesmo. Lembro que eu ficava fascinado pelos quadrinhos, mas ainda não sabia ler. Eu queria fazer minhas próprias histórias, então eu desenhava meus personagens num monte de cadernos e minha mãe escrevia os balões pra mim conforme eu ditava o texto. Aí ela teve uma paciência de Jó e me ensinou um bê-á-bá básico e eu aprendi a ler e escrever rapidinho, só pra ler os gibis e fazer minhas histórias. Com seis anos entrei na primeira série do primário e virei o melhor aluno da classe. Já lia e escrevia super bem,era o campeão das redações e dos desenhos! Os primeiros gibis que caíram na minha mão com certeza foram Turma da Mônica, Pererê do Ziraldo, Disney, Gasparzinho, Riquinho, enfim, todos esses infantis que bombavam nos anos 70. Na época as editoras que bombavam com gibis infantis eram a Abril, a Vecchi e a RGE (atual Globo)!
Qual foi seu primeiro personagem favorito?
Sei lá. Acho que nessa primeira fase eu ainda não tinha nenhum,lembro que eu devorava gibis e livros infantis compulsivamente. Lia muito rápido e tudo que caísse na minha mão. Minha mãe ficava doida, porque ela me comprava um gibi e eu devorava em quinze minutos. Ela não se conformava (risos).Eu comprava tanto gibi que teve uma época que ela me proibiu de comprar. Aí eu comprava na banca,escondia num porão lá na casa dos meus pais e lia lá escondido (risos). Lembrando que naquela época gibi era um troço muito barato, para as massas mesmo. Depois, já com uns dez anos, eu já tava curtindo super-heróis, aí eu já tinha meus preferidos. Eu ia muito em sebos lá em Santo André(no ABC paulista), onde eu nasci, e descolava muito gibi da Ebal, Bloch e afins a preço de banana. Também comprava todos da Abril (Heróis da TV ,Capitão América e Superaventuras Marvel) e da RGE (Hulk, Homem-Aranha e tal). Eu escrevia cartinhas para as redações , chegou a sair uma minha na Superaventuras Marvel e no Homem-Aranha(risos).
Eu pirava nos gibis com capas pintadas pelo extraordinário George Wilson, ele fazia as capas do Turok, Fantasma, Dr. Solar, Sansão, Magnus, todos para a editora Dell/Gold Key. Muitos desse gibis saíram no Brasil e a maioria já foi republicada em Archives lindíssimos pela Dark Horse! Advinha se eu não tenho, né (risos)? Dois gibis nacionais que eu descolei em sebos na infância e me marcaram demais foram o Fikom (editora Edrel) ,do Fernando Ikoma, e o Big Musculus (editora Fittipaldi), do cartunista Edu. Viraram meus gibis de cabeceira e guardo até hoje como um tesouro! Eu também descolei uma série do Espectro da DC, publicada pela Ebal em cinco números. É aquela série feita pelo Michael Fleisher e o Jim Aparo nos anos 70! Velho, eu pirava com aquilo!!! Virou gibi de cabeceira também. Essa série já saiu completa em TP pela DC também. Recomendadíssimo! Outros dois personagens que eu pirava era o Desafiador (Deadman) feito pelo Neal Adams e depois pelo Jim Aparo, e o Retalho (Ragman), feito pelo Joe Kubert e depois Nestor Redondo. Enfim, eram personagens de milésimo escalão, mas feitos por artistas espetaculares , de traço sombrio e misterioso.Eu adorava isso!
Você sabe dizer quando se transformou de comprador normal de HQ para um colecionador inveterado?
Nunca fui um comprador normal de HQ (risos). Desde a infância eu já comprava e lia compulsivamente e guardava tudo como um tesouro.
Pelas entrevistas que você realizava no Bigorna eu sacava que você tinha muitas raridades incríveis. Quais são as mais sensacionais?
Seguinte, minha praia sempre foi Silver e Bronze Age, ou seja eu só curto anos 60, 70 e até no máximo 80. Até tenho alguma coisa antes e depois disso, mas é minoria. Outra coisa, eu piro mesmo é nos desenhistas e em determinadas FASES dos personagens. Não guardo DE JEITO NENHUM gibi que eu não gosto só pra falar que eu tenho ou pra posar de descolado, sacou? Homem-Aranha, por exemplo, eu ADORO até a última HQ desenhada pelo saudoso Ross Andru, dali pra frente só veio bosta, com raríssimas exceções. Na década de 80 já começou a decadência atroz do gênero super-herói. Nos anos 90 ,com a merda da Image , esse gênero foi destruido de vez. Hoje não existe mais nem sombra daquelas histórias e fases divertidas, cheias de ação, surpresas e emoções. Lembro que a minha geração lia aqueles gibis de heróis roendo as unhas de tão emocionante que eram as histórias, cada página virada o coração dava um pulo. A gente não queria acreditar que a Gwen tinha morrido ou que a Tia May ia se casar com o Doutor Octopus. Era um trabalho feito por mestres do entretenimento e da arte pop , regidos por um gênio chamado Stan Lee. Um fenômeno que não se repetirá jamais. Hoje os gibis de heróis parecem umas fotonovelas chatíssimas. Tudo extremamente realista, fotográfico, chato, tedioso, broxante, uns papos furados metidos a “cabeça”. Não é mais para a molecada e sim para adultos nerds tão chatos e broxados quanto os tais gibis.
Então, seguindo esse raciocínio, eu tenho tudo que me interessa: coleções completas da Marvel pela Ebal, RGE e Bloch. Pela Abril eu tenho até enquanto duraram as fases que eu gosto. Quando virou bosta eu parei. Da DC eu tenho coleções completas pela EBAL, só Silver e Bronze Age (Superman, Batman, Flash, Gavião Negro, Elektron, Turma Titã, Superamigos, Aquaman, etc.).E pela Abril só até as fases boas desses personagens. Pela Panini só tenho Alex Ross. Os únicos gibis de heróis que eu comprei nas décadas de 1990 e 2000 foram os do Alex Ross e do Bill Sienkiewicz ,mais pela arte espetacular de ambos do que pelo texto mesmo. O resto que comprei foram só republicações de material antigo, tipo os Masterworks (Biblioteca Histórica Marvel) que a Panini tem lançado.
Mas eu tenho uma pá de gibis raros como os três números dos Monkees, aquela banda de rock dos anos 60, lançados pela Ebal. NÃO TENHO Watchmen, Cavaleiro das Trevas, nem Sandman, que acho três pés no saco sem tamanho. Tenho, isso sim, a coleção completa da Kripta (da RGE), além dos clássicos Flash Gordon e Príncipe Valente (da Ebal).
Não é novidade pra ninguém que eu sou ferrenho defensor e pesquisador da HQ nacional, então eu tenho coleções completas daqueles heróis clássicos dos anos 60: Mylar, Escorpião, Fantastic, Raio Negro, Super Heros, Pabeyma, Homem-Fera, etc. Tenho muita coisa da Edrel e daqueles malucos que publicavam lá: Claudio Seto, Paulo Fukue, Fernando Ikoma, Fabiano Dias… que eu adoro. Considero esse material algo como o Chapolin, um trabalho “trash” mas genial ao mesmo tempo!
Também tenho coisas raríssimas como Sérgio do Amazonas, do Jayme Cortez , Capitão 7(Juarez Odilon/Getulio Dephim), Falcão Negro (Getulio Delphim), Capitão Atlas (Getulio Dephim),Vigilante Rodoviário (Getulio/Flavio Colin), Jerônimo (Edmundo Rodrigues), O Anjo (Flavio Colin), tudo dos anos 50. Também tenho outras raridades como Os Birutas (editora Gorrion), do Ota em começo de carreira, os gibis da banda Ratos de Porão, do Marcatti, coleções completas do Bicho (do Fortuna) e do Fradim (do Henfil) e outras doideras.
Gibi europeu eu nunca fui muito fã, então tenho pouca coisa: um pouco de Asterix, Mortadelo e Salaminho e a coleção completa do Ken Parker pela Vecchi. Não tenho nada de Moebius, Manara, Herge e similares. Sei que são grandes autores mas nunca me liguei nesse tipo de quadrinho. Mangá então eu acho uma bosta, o único que eu tenho é o Crying Freeman, que comprei quando era molecão e acabei achando “du carvalho”, mas é exceção! O Akira eu tentei ler mas achei insuportável (risos)! Também não tenho nada do Robert Crumb pois sempre achei chatíssimo o trabalho dele, mas em compensação tenho bastante revista MAD antiga, inclusive a numero 1. Lia essa revista quando eu era moleque e hoje eu desenho pra ela, o tempo voa!
E além de gibis, você também coleciona coisas afins como álbuns de figurinhas?
Advinhão! Eu tenho algumas dezenas de álbuns de figurinhas , a maioria dos anos 70 e 80, mas tenho coisas mais recentes e algumas mais antigas também.Tenho todos os álbuns de Super Heróis dos anos 70 pra cá, inclusive os das figurinhas Ping Pong, nas duas versões , com o Superman e o Capitão América na capa, além de vários outros semelhantes usados como merchandising de produtos diversos. Tenho os raríssimos álbuns do Superman e dos heróis Marvel da Dimensão Cultural e o maravilhoso álbum do Fantasma de 1978, além do único álbum que a MAD lançou, também muito raro. Tenho todos os álbuns clássicos da Disney e Hanna-Barbera da década de 70 pra cá. Além de vários outros, como Rock Stamp (de figurinhas de Rock), etc. Todos são originais e completos.
Fora isso eu também coleciono livros teóricos sobre quadrinhos, tenho dezenas deles incluindo os clássicos dos anos 70 do Antonio Cagnin, Moaci Cyrne, Álvaro de Moya, Zilda Anselmo e outros.
Por fim eu coleciono também livros do Frank Frazetta e do Boris Vallejo, pois sempre pirei no trabalho desses dois super ilustradores e sou fã de carteirinha deles.

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Como você organiza suas revistas e quais técnicas usa para conservá-las? Aliás, quantos gibis você tem?
Quando eu era moleque eu mandei um marceneiro fazer um baú de madeira pra mim e eu lotava aquele troço de gibis, depois a coleção cresceu e eu me desfiz dele. Hoje eu divido minha coleção em gibis nacionais e estrangeiros. Quando eu compro um gibi antigo, dou um trato nele antes de guardá-lo. Se a capa for em papel couché, passo uma flanela limpa com lustra móveis que deixa a capa limpinha. Se os grampos estiverem podres, troco por novos ou deixo sem grampos mesmo. Se você tiver tempo e paciência, pode passar uma agulha com linha no lugar dos grampos. Alguns grandes colecionadores fazem isso.
Se a lombada estiver torta, eu deixo o gibi prensado sob um objeto pesado até ela desentortar.Se a capa estiver muito detonada , eu escaneio, deixo ela novinha no Photoshop e imprimo uma capa nova num bureau, num papel bem semelhante e coloco ela como sobrecapa da velha.Se a capa for plastificada, uma boa flanela com álcool deixa ela limpinha.Pra tirar etiquetas coladas na capa, passo um pincel molhado com benzina sobre ela. A etiqueta descola e é só puxar com a unha ou estilete que ela sai inteira. Não fica marca nenhuma.
Se todo mundo fizesse isso os gibis iam durar eternamente no Brasil, mas infelizmente o brasileiro não tem essa educação de preservar a cultura e a memória e tratam as revistas muito mal. Nos EUA, por exemplo, você tem um mercado de gibis antigos extremamente organizado. Eu tenho muito gibi antigo americano que compro nos sites especializados.
Bem, depois de feito tudo isso eu pego um plástico grosso, desses de arquivo, e encho até lotar, com gibis do mesmo título , na ordem cronológica.Deve caber uns 15 ou 20 gibis em cada plástico.Não guardo cada gibi num plástico individual lacrado e embalado a vácuo, que eu não tenho tempo, grana nem saco pra isso! Além do que eu gosto de estar toda hora fuçando nos gibis, então precisa ser um troço prático. Bom, aí eu guardo esses pacotes num guarda roupa de madeira bem seco e limpo e deixo a porta fechada pra não entrar claridade. Quanto mais luz bater no gibi, principalmente se for de papel jornal, mais ele desbotará e queimará o papel. Coloco bastante naftalina nas prateleiras pra espantar as traças e cupins, inimigos número um dos gibis. Também passo uma flanela com Arraze nas prateleiras de vez em quando.Gibis em papel couché devem ser guardados de pé , pois as páginas podem colar uma na outra com o tempo. Os em papel off-set ou jornal podem ficar deitados sem problemas. Como eu só guardo o que realmente me interessa, não tenho uma coleção monstruosa, devem ser uns dois mil gibis, mais ou menos. Um guarda roupa grande é suficiente para guardar tudo. Conheço uns malucos que tem que ter um cômodo ou até uma casa inteira só pra guardar gibi, mas eu não faço essa loucura não! Quando eu morrer vai ficar tudo aí, então só tenho o que realmente tem serventia pra mim.
Já passou por algum apuro como infiltração na casa, parede mofada, estante com caruncho, que colocou em risco parte do seu patrimônio?
Não, nunca. Pois como disse guardo tudo em local bem limpo e arejado, sem claridade direta. Também faço uma boa manutenção da casa, tapo rachaduras e pinto de tempos em tempos. Também volta e meia envernizo o guarda-roupa. Gosto de fazer esse tipo de serviço e sou muito cuidadoso com isso. Minhas coisas duram séculos(risos)!
Já fez alguma loucura para conseguir algum exemplar?
Loucura não. Mas eu ,modéstia a parte, sou bom negociante. Gosto de conversar com os colecionadores , de fazer propostas, trocar idéias, pechinchar, dar xaveco. Se eu vejo um gibi que me interessa chego junto no proprietário e converso até chegar numa proposta satisfatória pra todo mundo. Outra coisa da qual sou fã e defendo são os reprints. Como o brasileiro infelizmente não preserva sua própria cultura tem gibis hoje que são raríssimos no mercado, então nada mais correto e racional que pequenos editores reimprimirem esses gibis, em tiragens sob demanda, para as novas gerações os conhecerem e resgatar esse pedaço da cultura brasileira. Vejam o José Salles da editora Jupiter II, por exemplo, que está reimprimindo toda a série do Raio Negro, do Gedeone Malagola. São tiragens baixas mas que já servem para reapresentar esse clássico da HQ nacional para as novas gerações. Outra coisa que eu apoio totalmente também são os scans de gibis antigos e raros. Blogueiros, continuem com esse trabalho nobre de perpetuar o quadrinho nacional na net! Até porque chegará o momento em que revista nenhuma mais será impressa.Tudo irá definitivamente para a internet.
Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?
Depende. Tem histórias que eu tenho umas três edições diferentes. A própria morte da Gwen Stacy por exemplo, já saíram umas 200 edições no Brasil (risos)! Então depende muito da edição, se eu achar que vale a pena comprar de novo e guardar as duas eu até guardo, senão eu dispenso uma das duas. Eu estou comprando um monte dos Essentials, Showcases e Omnibus, que são aqueles volumes grossos, de republicação da Silver e Bronze Age da Marvel e DC. Então tem muita coisa que eu tinha e acabei dispensando pra economizar espaço. Essas duas coleções são ótimas pois reúnem uns 25 gibis em cada volume e ocupam pouco espaço. Isso permite que você se desfaça de coisas que você já tinha antes soltas e agora tem dentro desses volumes.
Quais são suas “manias de colecionador”, seja para guardar, ler ou mesmo na hora de comprar?
Sei lá. As únicas manias que eu tenho são ler um gibizinho na hora de cagar e na hora de dormir (risos).
Conta ai pra gente quais suas cinco HQs favoritas de todos os tempos, aquela que sente vontade de reler sempre e nunca perde o charme.
Sempre gostei de gibis simples, mas criativos, sem intelectualismos incompreensíveis. Meu gosto não mudou muito desde a infância.
Continuo achando a primeira fase do Mauricio de Sousa (anos 60 e inicio dos 70) genial, bem diferente da chatice politicamente correta de hoje.
Continuo rachando o bico com as histórias antigas do Capitão Marvel (Shazam), o super-herói mais ingênuo e engraçado de todos os tempos.
Continuo achando o Pererê do Ziraldo maravilhoso! Continuo mijando de rir com o Don Martin e outros malucos véios da MAD antiga.
Continuo me divertindo muito com as histórias do Fantasma, o herói mais interessante e “clássico” de todos os tempos. Continuo pagando um pau pro desenho maravilhoso do Alex Raymond, Jack Kirby, Hal Foster, Gil Kane, Neal Adams, Jim Aparo, Don Newton, Jayme Cortez, Eugenio Colonnese, Nico Rosso, Rodolfo Zalla, Mozart Couto, Watson, Claudio Seto, Nick Cardy, Gene Colan, Dick Giordano, Esteban Maroto, os irmaos Buscema e muitos outros.
Enfim,continuo um sujeito simples e de bom gosto (risos)!
E quais são os melhores cruzamentos entre quadrinhos e rock n´ roll?
Roko-Loko, de um tal de Marcio Baraldi (risos)!
Pessoalmente eu gosto do Golden Guitar (nacional), dos Impossíveis (da Hanna Barbera), que não era gibi e sim desenho animado, mas que era sensacional! Três super-heróis bem humorados que formavam uma banda de surf music, muito legal!
Também adoro o Conan antigão, do John Buscema, ele não era roqueiro mas era impossível ler aquilo e não ouvir um heavy metal de fundo (risos)! Manowar rules!!!
Falando nisso, você também coleciona discos?
Cds e DVDs. Já colecionei vinil mas dispensei tudo quando surgiu o CD. Tenho muito CD importado, se eu sou fã da banda eu compro mesmo, faço questão de ter o booklet, o encarte, etc. Tenho boxes maravilhosos do Adam and the Ants, Siouxsie and the Banshees, The Alarm, etc. Se eu não for muito fã daquele disco ou banda eu baixo e pronto. E se determinado disco não saiu em CD e eu não achar pra baixar de jeito nenhum, eu reviro o Ebay do avesso até achar o vinil importado e passo pra CD. Fiz isso com os discos do Steinwolke, Armoury Show, Easterhouse, 1000 Violins, Spider Murphy Gang, que são bandas que eu adoro, mas algumas coisas deles nunca saíram em CD e não se acha nada deles na net. O mercado musical é tão cruel quanto o de Quadrinhos, tá cheio de artistas que produziram obras maravilhosas mas pouca gente conhece.
DVDs eu também tenho uma coleção bem respeitável, principalmente desenhos animados antigos e shows de rock. Tenho todos os clássicos da Disney e Hanna-Barbera, as três séries completas do Muppet Show (que eu adoro) e desenhos trash como Super Six, Milton o Monstro, Roger Ranjet, Tom Sem Freio, George das Selvas… Dvds de rock eu tenho praticamente de tudo: do Elvis Presley ao Metallica, passando por bandas que vocês decerto nunca ouviram falar (risos).
Nessa sua vida de quadrinista você já deve ter conhecido pessoas incríveis no mundo da nona arte, tem muitas HQs autografadas que possa mostrar pra gente?
Pior que não (risos)! Eu tive a honra e felicidade de conhecer e ficar brother de vários “heróis” da minha infância: Colonnese, Rodolfo Zalla, Ota, Fernando Ikoma, Getulio Delphim, Osvaldo Talo, Emir Ribeiro, Primmagio, Luis Saidemberg, Shimamoto, Alvaro de Moya, Mozart Couto, Ziraldo. Mas eu nunca me liguei nesse negócio de pedir autógrafo, devo ter uma ou outra edição autografada pelo Zalla e olha lá (risos). Não sei porque , nunca me interessei por isso. Em compensação, nos meus livros tem depoimentos sobre mim ou caricaturas minhas feitas por todos esses mestres acima. Muito melhor que autógrafo, né? Mas pra não dizer que não tenho mimo nenhum, eu tenho um pôster do Stan Lee, autografado pelo próprio e com dedicatória pra mim. Eu trampava com um cara que era brother do Stan e trouxe de presente pra mim. Puta presentão, né? (risos)
Baraldão, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.
Longa vida para o Pipoca e Nanquim! Muito obrigado pelo espaço. Como eu disse, o brasileiro não tem o habito de preservar sua própria memória, por isso, vocês colecionadores, cuidem bem dos gibis! Tratem com carinho esse pedaço da cultura pop. Sucesso e saúde a todos e grande abraço!
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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.
Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!
É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.