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Minha Estante #01- Ulisses Romão

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É com muito orgulho que apresentamos a vocês essa nova coluna do Pipoca e Nanquim, Minha Estante, inspirada na coluna Minha Coleção do melhor blog sobre música da atualidade, o Collector´s room

Minha Estante será um espaço pra você, colecionador de HQs, poder mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Estreando a coluna, vamos conhecer a fantástica coleção de nosso leitor Ulisses Romão:

Ulisses: “Minha coleção é como um filho de 18 anos: dá trabalho pra cacete, exige gastos todos os meses e precisa de um quarto só dele”.

Ulisses: “Minha coleção é como um filho de 18 anos: dá trabalho pra cacete, exige gastos todos os meses e precisa de um quarto só dele”.

P&N: Olá, Ulisses! De onde você é e o que você faz?

Nasci e moro em Araraquara, interior de São Paulo. No momento estou exercendo a função de Analista de Recursos Humanos, mas profissionalmente sou Contador.

P&N: Quando você começou a se interessar por quadrinhos?

Acho que desde que comecei a ler, lá pelos meus 7 anos, antes disse adorava as figuras e tal. Meu pai viajava muito e sempre trazia gibis dos sebos onde passava, lembro que ele trazia vários e eu e meus irmãos tirávamos “2 ou 1” para escolher as revistas.

P&N: Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista?

Eu vivia na casa do meu vizinho, e o pai dele lia e lê gibis até hoje e incentivava muito a gente a ler, e fui em uma dessa lidas que me foi apresentado o gibi Superaventuras Marvel #31 ou 32, em uma história clássica dos X-men escrita por Chris Claremont e desenhada pelo John Byrne, nessa história os X-men tinham acabado de levar um cacete federal do Clube do Inferno, e só sobrou o Wolverine para acabar com a raça do grupo. Essa história é fantástica e foi através dela que fiquei “fascinado” pelas HQs e por causa dela Wolverine se tornou meu personagem preferido até hoje, outro gibi que me marcou foi Heróis da TV #83 que tem a história Vingadores X Ultron desenhado pelo George Pérez, uma das melhores histórias da equipe que li até hoje.

P&N: Se lembra quando passou de apreciador ocasional de HQ para um colecionador viciado?

Sim foi entre meus 10 e 12 anos, alem dos gibis que meu pai trazia minha mãe quando ia para o centro da cidade sempre me trazia um ou outro, fui acostumando e quando fui ver já estava colecionando, comecei a entender que os gibis vinham mensalmente para as bancas e sempre dava um jeitinho de ir ou pedir para minha mãe comprar certo gibi pra mim.

Os gibis que na época eu mais gostava e comprava mensalmente era: Heróis da TV, Superaventuras Marvel e Superamigos. Depois vieram X-men, Batman, Novos Titãs e por ai vai.

P&N: Quantas HQs você tem?

É difícil dizer pois nunca contei, tentei várias vezes e nunca consegui terminar, mas acho que é entre 5 e 6 mil.

P&N: Quais são os principais itens de sua coleção, séries e mini-séries completas, encadernados de luxo, edições raras, etc.

Tenho várias edições raras do Fantasma, Spirit, Flash Gordon, Príncipe Valente, Gibi (anos 60-70), Batman e Super-Homem em Cores da Ebal e faltando algumas edições especiais, Graphic Novels e Mini-série tenho praticamente tudo da Abril em se tratando de Marvel e DC, principalmente as série mensais:

Capitão América, Homem Aranha, Hulk, Super-homem (1ª série), Batman (todas as séries), X-men, Fabulosos X-men, Wolverine, Dc 2000, Novos Titãs, Superamigos, Herois em Ação, Heróis da TV, Superaventuras Marvel, Grandes Herois Marvel (1ª e 2ª série), Marvel Saga, Marvel especial, Conan o bárbaro, Conan em cores, Rei Conan, Conan o cimério (formatinho – não está completa), Melhores do Mundo, etc…

Tenho também varias outras coleções da Metal Pesado (Hellblazer, Preacher), Opera Graphica (100 Balas), Devir (Liga Extraordinária, Invencível, etc), Conrad (Sandman, Robert Crumb, Will Eisner) e da Panini referente a Marvel tenho tudo, já da DC nem todas pois série como Superman & Batman, Novos Titãs e Universo DC são ruins demais e essas eu não tenho, já outras como Superman, Batman, LJA tenho completas.


P&N: Como você as guarda? E quais técnicas usa para conservá-los?

Todos os meus gibis são ensacados individualmente, no momento além de embalados guardo eles em caixas, mas penso em mudar isso.

P&N: Já fez alguma loucura para conseguir algum exemplar?

Sim, várias aliás. Cheguei a gastar quase R$1.000,00 em uma coleção.

P&N: Sua esposa já brigou com você por causa das HQs?

Todos os dias.

P&N: Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Compro e fico com ambas. Um exemplo:

Tem uma mini série do Wolverine que saiu em 3 ou 4 volumes em formatinho da Abril, tenho ela em mini, em um encadernadinho que a Abril lançou, depois comprei em formato americano quando a Panini lançou e comprei novamente quando ela lançou em formato de luxo e capa dura. Resumindo tenho no mínimo 4 versões da mesma história. Haahahaha

P&N: Todo colecionador tem manias, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar, quais são as suas?

Sempre cheiro o gibi assim que pego ele nas mãos, adoro cheiro de gibi novo, e já embalo em seguida, morro de medo de traça.

P&N: Quais são seus roteiristas favoritos?

É difícil, mas vou tentar citar alguns:

Hal Foster, Will Esiner, Denny O’Neil, Roy Thomas, Roger Stern, John Byrne, Chris Claremont, Alan Moore, Neil Gaiman, Frank Miller, Marv Wolfman, Garth Ennis, Grant Morrison, Brian Bends, Mark Millar, Josh Whedon, Ed Brubaker, Jason Aaron, Geof Johns e Matt Fracton.

P&N: Quais são seus desenhistas favoritos?

Hal Foster, Will Eisner, Neil Adams, John Romita Sr., John Romita Jr., John Bucema, Frank Frazetta, John Byrne, Frank Miller, George Pérez, John Cassaday, Frank Quitely, JH Willians, Alex Maleev, Steve Mcniven, Brian Hitch, Ivan Reis, Ron Garney, Steve Dilon, Mike Deodato.

P&N: Possui tudo que foi lançado deles aqui no Brasil?

Não.

OS: Tenho um encadernado (caseiro) com toda a fase do Byrne nos X-men, essa é uma revista que seria a única que eu não venderia caso precisasse vender minha coleção de quadrinhos.

P&N: Você também compra HQ importada?

Já comprei, tenho algumas do Wolverine e a primeira temporada do Whedon em Astonishing X-men.

P&N: Qual o item mais raro da sua coleção?

Acho que é a coleção GIBI semanal (1974) Coleção Batman e Super-homem em cores da Ebal, Capitão América da Abril.

P&N: Quais foram as últimas HQs que comprou?

Preacher – volume 8, Fábulas – volume 7 e Justiceiro – Zona de Guerra.

P&N: Quais são as dez HQs que levaria para uma cela de prisão perpétua (não que você mereça ser preso!) para ficar relendo até o fim dos seus dias?

Cavaleiro das Trevas

Watchmen

X-men – A Saga da Fenix

Surpreendentes X-men – vol.1

V de Vingança

Eu, Wolverine

Principe Valente (qualquer volume)

Justiceiro – Bem Vindo de Volta Frank

A Queda de Murdock

Supremos – Vol. 1

P&N: Qual item é seu objeto de desejo, aquele que você sempre quis ter e ainda não conseguiu?

Tem duas série que sempre fui louco para ter:

Akira – Editora Globo.

Os Almanaques da Marvel publicados pela RGE.

P&N: Ulisses, muito obrigado pela entrevista, e deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim.

Bom, queria deixar um abraço para a galera que está lendo esse post e principalmente pro pessoal do Pipoca e Nanquim que me deram a oportunidade de mostrar minha humilde coleção, um abraço pra todos e para quem quiser entrar em contato comigo para falar de quadrinhos, vender ou doar está aqui meu MSN/email: ulisses.romao@hotmail.com.

Excelsior!!!

E ai o que acharam da coleção?!

Você também pode mostrar a sua!

pipocaenanquim@gmail.com


Minha Estante #02 – Sidney Gusman

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Olá, pessoal!

O Pipoca e Nanquim apresenta mais uma belíssima coleção.

Dessa vez conversamos com Sidney Gusman, um dos maiores especialistas de quadrinhos do Brasil, editor chefe do Universo HQ, já foi editor da Conrad (sabe aquela coleção fabulosa de Sandman que todos são tarados para ter? Então, foi ele que editou e fez aquelas notas nas páginas finais) e da revista Wizard (Panini), publicou matérias sobre HQs nos principais jornais e revistas do país, atualmente também trabalha na Mauricio de Sousa Produções  realizando o planejamento editorial e foi o responsável pelas obras-primas MSP50 e MSP+50, verdadeiras vitrines de talentos dos quadrinhos nacionais. Sidão (como também é conhecido) é admirado pelos mais diversos fãs de quadrinhos, não só por seu trabalho, mas também pela pessoa que é, extremamente gentil, solícito e  generoso.

Tivemos o prazer de conversar com esse grande cara, que contou como surgiu sua paixão pelas HQs, apresentou e detalhou sua coleção, mostrou seus invejáveis autógrafos e narrou as ocasiões em que encontrou o mestre Will Eisner, num bate-papo franco, descontraído e fartamente ilustrado.

Antes de começar a ler a entrevista, pegue um babador e assista ao vídeo no qual Sidão mostra sua coleção:

Não falei que era uma coleção fantástica?!

Eu segurando os três álbuns da minha HQ favorita em todos os tempos: Os Companheiros do Crepúsculo, do francês François Bourgeon, publicados pela Meribérica.

P&N: Olá, Sidão! Obrigado por aceitar nosso convite. Quando você foi fisgado pelos quadrinhos? Lembra-se qual foi a primeira HQ que leu na vida?

Sidney: Do primeiro que li, não me lembro. Tenho quase certeza de que foi um gibi da Mônica, pois meu pai preferia comprar as revistas do Mauricio porque eram nacionais. Mas a primeira que me marcou pra valer foi uma do Quarteto Fantástico, da Ebal. E não a tenho, pois era um gibi de um outro garoto – que conheci naquele dia – , e me emprestou a edição enquanto esperávamos pra ser atendidos num lugar que vendia xarope caseiro contra bronquite (risos). Dali pra frente, me tornei apaixonado por essa mídia.

Qual foi seu primeiro personagem favorito?

O Batman. E ele se conserva no posto até hoje. O fato de ele não ter superpoderes e, ainda assim, estar entre os maiorais, pra mim, sempre foi decisivo.

Edições diversas com uma estatueta (em plástico) do Batman, no traço de Dick Sprang.

Alguns dos meus batmóveis – o do meio é da minha infância.

Mais dois batmóveis, com estatuetas do Batman e do Superman em metal.

Um batmóvel grandão, dos anos 50.

Mais dois batmóveis (o maior em plástico e o menor em metal), com um dos bonecos do Batman da minha coleção.

Outros três batmóveis de metal, com o boneco do Batman animated.

Você sabe dizer quando se transformou de comprador normal de HQ para um colecionador inveterado?

Foi quando comecei a trabalhar, aos 14 anos. Antes disso, lia revistas emprestadas de primos e as poucas que comprava, eu recortava (sim, acredite!) para que meus heróis pudessem “lutar” contra os vilões. Na época, meus pais não me compravam bonequinhos.
Quando passei a comprar minhas próprias revistas, não parei nunca mais.

Quantas HQs você tem?

Desisti de contar, mas sei que mais de 35 mil, entre revistas e livros.

Caramba, quanto quadrinho!!

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que você tem muito orgulho de ter?

Nossa, tem muita coisa! Vou tentar enumerar algumas aqui: edições antigonas do Gibi, a coleção japonesa de Akira, o Sandman da Globo e da Conrad, a coleção italiana da Orient Express (diversas graphic novels assinadas por grandes nomes das HQs), o Ken Parker da Tapejara/Tendência, o Complete Calvin, os três volumes de Os Companheiros do Crepúsculo (do François Bourgeon) da Meribérica, a melhor HQ que li na vida; os 19 álbuns do Gaston, que saíram no jornal português Público, em parceria com a Asa, o Dragon Ball da Conrad, pois eu o editei, junto com o Cassius Medauar, por dois anos, um Batman – O Cavaleiro das Trevas gringo, com capa de couro e almofadada, uns 30 livros teóricos e enciclopédias do mundo inteiro que uso em minhas pesquisas e dezenas de álbuns e revistas autografados por autores como Will Eisner, Neil Gaiman, Eduardo Risso, Miguelanxo Prado, Mort Walker, Ivo Milazzo, Giancarlo Berardi, Gianfranco Manfredi, Moebius, Milo Manara, Mauricio de Sousa, Don Rosa, Sergio Toppi, Lourenço Mutarelli, David Lloyd, Flavio Colin, Julio Shimamoto, Fabio Civitelli e muitos outros.
Ah, e não estou contando os bonecos, estatuetas, pôsteres e originais.

Álbuns europeus, destaque para a coleção de Blake e Mortimer, da Asa, com a Marca Amarela (título de uma obra clássica dos personagens) se formando na lombada.

Coleção completa do Tintim, da Companhia das Letras entre outras duas coleções portuguesas, da Asa: Gaston e Blueberry.

Alguns exemplares da Coleção I Classici del Fumetto – Serie Oro, publicada no jornal italiano La Repubblica, em 65 álbuns de luxo. À frente, uma estatueta de metal do Capitão Marvel e um HQ Mix, com o Kactus Kid, do Renato Canini.

Os demais exemplares da Coleção I Classici del Fumetto – Serie Oro e os álbuns de Sin City, da Devir, com Bart Simpson e um relógio do Universo HQ à frente.

The Complete Calvin & Hobbes, The Batman Vault e livros da coleção Cidades Ilustradas, da Casa 21.

Álbuns portugueses de Corto Maltese, a coleção completa de Asterix (com o baixinho gaulês e Obelix “vigiando-a”), Nova York, do Will Eisner, Chibata, ótima HQ nacional, e o HQ Mix de 2009, que ganhei pelo projeto editorial do MSP 50.

Alguns dos 54 álbuns da coleção de álbuns italianos Orient Express, publicados nos anos 80.

Batman - The Complete Frank Miller, com capa de couro. Graças a Deus, comprei antes de ele fazer o trágico O Cavaleiro das Trevas 2.

Outro xodó da minha coleção: o slipcase de Kingdon Come, com a obra encadernada e um caderno de esboços do Alex Ross.

Kaneda “guardando” minha edições japonesas de Akira e álbuns italianos da Sergio Bonelli Editore publicados em jornal.

Os cinco encadernados japoneses de Akira – note que cada um é impresso num papel de cor diferente.

Parte da coleção italiana de Julia, com o HQ Mix do Rango, de Edgar Vasques; uma caneca de um Festival de Amadora que visitei e uma estatueta da Valentina, de Guido Crepax.

A coleção completa de Ken Parker, clássico dos quadrinhos, pela Tapejara/Tendência.

Lorde Morpheus à frente dos dez álbuns de Sandman que editei pra Conrad e da versão lançada recentemente pela Panini.

Exemplares de álbuns em formato gigante, da Ebal, e da coleção Gibi, da RGE.

Parte da minha coleção italiana de Mágico Vento.

Alguns mangás em formato livro.

Podemos ver no seu vídeo que você hoje em dia possui uma belíssima estante, mas antes disso, como guardava sua HQs e quais técnicas usava para conservá-los?

Quando era solteiro, guardava as revistas (a maioria em formatinho) num armário no meu quarto, deitadas, uma contra a outra, pra não deixá-las tortas. Depois, quando casei, comecei a deixá-las em pé, dentro de sacos plásticos. Mas só fazia isso com edições mais bacanas, como minisséries, especiais e graphic novels. As revistas mensais, deixo apenas numa estante (ainda uma contra a outra, pra não entortarem), sem ensacar.

Já passou por algum apuro como infiltração na casa, parede mofada, estante com caruncho, que colocou em risco parte do seu patrimônio?

Sou sortudo nesse sentido. Apenas caruncho e foi recentemente. Comeram parte de alguns Tex Gigante. E, claro, fiquei muito bravo.

Sua esposa costuma brigar com você por causa das “revistinhas”, como ela encara toda essa sua dedicação?

Ela se casou comigo quando eu já trabalhava nesse mercado. E é muito compreensiva, pois sabe que, mais que meu hobby, este é o meu trabalho. Mas, evidente, às vezes tem aqueles estresses de “olha quanta revista espalhada pela sala! Quando você vai guardá-las?”. Isso é normal.

Já fez alguma loucura para conseguir algum exemplar?

Não com revistas. Mas com uma estatueta do Batman, em metal e mármore. Eu estava voltando dos Estados Unidos e ela pesa uns 8 quilos, creio. E, óbvio, não ia despachá-la junto com as bagagens.
Então, coloquei numa bagagem de mão, e a “protegi” com cuecas, camisetas, meias e bermudas sujas. No raio-x do embarque a funcionária do aeroporto disse que havia metal ali; E eu: “Sim, uma estátua do Batman”.
Ela me olhou com aquela cara de “Ah, tá” e me fez abrir. Imagina a cena! Foi um tal de roupa suja em cima da esteira até ela ver e dizer: “Oh, é mesmo uma estátua do Batman”. E eu: “Foi o que eu disse”.
Mas o importante é que a estátua, da qual só há 500 cópias no mundo, chegou intacta!

A estatueta do Batman de metal e mármore citada na entrevista.

Estatueta do Rei Conan.

Estatueta em metal de Dylan Dog.

Livros e estatuetas de personagens da Marvel e DC em metal.

Mais bonecos. Desta vez, Tocha Humana, Coisa e Wolverine, à frente de livros.

Um boneco gigante de Sandman.

Bonecões de Batman, Superman e Lanterna Verde “vigiam” meu escritório.

Você é editor do maior e melhor site de HQs do Brasil, foi editor da Conrad e hoje em dia trabalha na MSP, isso deve trazer algumas facilidades para adquirir as HQs, hoje em dia você ganha mais HQs do que compra? Ou ainda gasta uma graninha boa?

Como escrevo sobre quadrinhos desde 1990, recebo a maioria dos lançamentos. Mas não são todas as editoras que mandam. Por isso, sim, ainda gasto uma grana mensal com HQs.

Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Respondo essa sem hipocrisia: como a maioria desses relançamentos sai pela Panini, eu recebo a edição. Mas, mesmo assim, guardo ambas. Tem coisa que tenho em quatro ou cinco versões. E acho que vale a pena, pois no formatinho se perdia muito de texto e arte.

Quais são suas “manias de colecionador”, seja para guardar, ler ou mesmo na hora de comprar?

Minha mania é organizar tudo de forma “lógica” (ao menos na minha cabeça), seja por gênero ou pelo tamanho da publicação. Coisa de virginiano!

Você costuma emprestar suas HQs? Ou você é como o Marcus Ramone, que tão bem expôs seus motivos para nunca emprestar suas revistas?

Emprestei a graphic novel do Demolidor, a segunda da coleção da Abril, desenhada pelo Bill Sienkiewicz, para um cara na faculdade que a perdeu. Eu o fiz comprar uma em estado idêntico e, depois disso, nunca mais emprestei para estranhos.
Mas tem gente para quem empresto tranquilamente, como o Naranjo e o Flávio Teixeira, roteirista da MSP.

Quais são seus roteiristas favoritos?

Bom, primeiro vou elencar os meus autores favoritos que considero excelente tanto em roteiro quanto em arte: Hugo Pratt, François Bourgeon, Will Eisner, Osamu Tezuka, Miguelanxo Prado, Carl Barks, Bill Watterson, Hergé, Franquin, Laerte, Mauricio de Sousa (e dane-se quem achar que é porque trabalho com ele; o cara era genial quando escrevia e desenhava suas próprias HQs – basta ver a Coleção Histórica e as Tiras Clássicas da Turma da Mônica), Quino e Liniers. Frank Miller já esteve nesse time, mas hoje está fora.

Agora, os meus roteiristas favoritos: René Goscinny, Neil Gaiman, Giancarlo Berardi, Gianfranco Manfredi, Kazuo Koike (Lobo Solitário), Dennis O’Neil, Alan Moore, Brian Azzarello (em 100 Balas), Ed Brubaker, Alejandro Jodorowsky, Warren Ellis, Garth Ennis, Brian K. Vaughan, Guy Delisle, Bill Willingham (em Fábulas). Devo ter esquecido algum, mas é uma boa lista.

E os desenhistas?

Neal Adams, Milo Manara, Enrico Marini (pra mim, o melhor do planeta na atualidade e, infelizmente, pouco publicado aqui), Takehiko Inoue, Flavio Colin, Alan Davis, Uderzo, Ivo Milazzo, Alex Ross, George Pratt, Moebius, Paolo Eleuteri Serpieri, Julio Shimamoto, Samuel Casal, John Cassaday, Alex Raymond, Hal Foster, Gustavo Duarte, Danilo Beyruth, Esad Ribic, Mozart Couto, Ivan Reis, Vitor Cafaggi, Hideo Yamamoto (Homunculus), Goran Parlov (especialmente em Mágico Vento), Joe Kubert e outros que certamente esqueci.

Você compra muita HQ importada?

Parei quase totalmente depois que tive filhos. As prioridades mudaram.

Mais álbuns europeus. Em destaque, as lombadas da série O Decálogo, da Asa, que resenhei inteira pro Universo HQ.

Edição de estreia do Homem-Aranha em Portugal.

O Mach-5, de Speed Racer, em duas versões. Ao lado, dá pra ver a lombada de volumes japoneses de Vagabond, do Takehiko Inoue.

Quais histórias você leu recentemente e fica injuriado de ainda não ter sido publicada aqui em nosso país?

Especialmente material europeu, como Os Passageiros do Vento, Gaston, Os Companheiros do Crepúsculo, Spirou e Fantásio, O Escorpião, Murena, tudo do Enki Bilal e outras. E há material dos EUA também, como Cerebus, do Dave Sim, que pouco li, mas mereceria sair aqui.

Conta ai pra gente quais suas cinco HQs favoritas de todos os tempos, aquela que sente vontade de reler sempre e nunca perde o charme.

Cinco apenas? Aí, complica. Outro dia, numa entrevista para o site Bigorna, fiz uma lista de 18. Se puder repeti-la, segue abaixo.

Companheiros do Crepúsculo, do François Bourgeon: um primor de HQ, que merecia ser filmada pelo cinema.

O Cavaleiro das Trevas: pra mim, a melhor história do Morcegão em todos os tempos.

O Spirit, do mestre Will Eisner: pelo conjunto da obra.

Watchmen: por mostrar que quadrinhos de super-heróis podiam ir além do ponto em que então se encontravam.

Ken Parker, de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo: pelo conjunto da obra.

Sandman, de Neil Gaiman: uma das melhores séries de quadrinhos de todos os tempos.

Um Contrato com Deus, do Eisner: um primor.

Asterix e Lucky Luke, na fase escrita por René Goscinny.

Corto Maltese: pelo conjunto da obra, mas especialmente por A Balada do Mar Salgado e Sob o Signo do Capricórnio.

Lobo Solitário: a melhor HQ de samurais que li.

Traço de giz, do Miguelanxo Prado: uma das melhores HQs de viagem no tempo que li. E sem fazer uso de nenhuma máquina mirabolante.

Os Passageiros do Vento, do François Bourgeon: outro clássico das HQs europeias.

Retalhos, do Craig Thompson: uma HQ linda que usa os recursos dos quadrinhos com mestria.

Maus, do Art Spiegelman: por contar a Segunda Guerra Mundial de forma nua e crua, mesmo com bichinhos” como personagens. Não é à toa que faturou o Pulitzer.

Gen – Pés Descalços: um mangá maravilhoso que todo mundo deveria ler.

Calvin e Mafalda: pela genialidade num espaço tão diminuto quanto uma tira.

Qual o item mais raro da sua coleção?

E não saberia dizer qual o item mais raro de minha coleção. Até porque tem muito do valor sentimental de cada um. Pra citar um exemplo: não vendo por nada desse mundo um número de Sandman, da Globo, em que o Neil Gaiman autografou assim “Thanks for all the articles”, em referência aos textos que eu fazia, na seção HQ Press, para complementar a revista.

Autógrafo do Neil Gaiman agradecendo os artigos que escrevi na seção HQ Press, do Sandman, da Globo, nos anos 1990. Baita honra!

Detalhe do autógrafo do Alan Moore num texto original dele letreirado pelo Todd Klein.

Autógrafo do Angeli pro Universo HQ.

Página original do Batman desenhada (e autografada) pelo fantástico George Pérez.

Mais um autógrafo: Mort Walker, pai do Recruta Zero, quando o entrevistamos para o Universo HQ.

Don Rosa, quando foi entrevistado pelo Universo HQ, também nos deu um autógrafo personalizado.

Autógrafo que David Lloyd nos fez, logo após ser entrevistado pelo Universo HQ.

Presente do Mauricio de Sousa pros dez anos do Universo HQ.

Autógrafo do genial Giancarlo Berardi, num álbum português (da Asa) de Ken Parker, logo após eu entrevistá-lo. Aliás, ele foi um dos autores mais inteligentes que entrevistei.

Um autógrafo do grande Spacca, no ótimo Santô e os pais da aviação.

Autógrafo do mestre italiano Sergio Toppi, no meu álbum O Homem do Nilo, da Ebal, logo depois que o entrevistei para o Universo HQ.

Você guarda muita “porcaria” ou se desfaz imediatamente do que acha ruim?

Pra eu me desfazer de algo é complicado. Eu guardo a imensa maioria das coisas que compro ou recebo. Inclusive zines. Mas, de vez em quando, faço uma “limpa”. A pedido da patroa, claro! ;-)

Sua coleção é um monstro! Tem algum item que você gosta muito, mas não tem, seu “cálice sagrado”?

Ah, sempre tem algo que você gostaria de ter, né? Mas eu não tenho esse objeto de desejo determinado na minha cabeça.

Sidão, poder assistir de camarote todos os jogos do Timão até o fim dos dias com a camisa oficial autografa pelos jogadores da temporada ou sua coleção?

Sem sombra de dúvida, mesmo sendo fanático pelo Corinthians, a minha coleção.

Uma página original, feita em desenho e colagens, pelo grande Laerte, sobre outra de minhas paixões: o Corinthians. É uma versão ilustrada do hino do Timão!

Tem ideia de quem será o herdeiro da sua coleção?

Os meus três filhos, creio. Afinal, ela deve valer uma fortuna! Mas o mais velho, atualmente, não demonstra o amor que eu já tinha pelos quadrinhos na idade dele (13). Ele curte mesmo o mangá Naruto.

Só para aproveitar a conversa, uma vez em uma de suas palestras você contou do encontro que teve com o mestre Will Eisner, será que você podia contar pros leitores como foi essa ocasião? Desculpa, fugi do tema, rs.

Tive a honra de entrevistar o mestre Eisner duas vezes, ao vivo e em cores. A primeira foi na Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro, em 1991. Eu estava em início de carreira e fui participar de uma coletiva com ele.
Havia repórteres de TV, rádio e jornais e eu lá, ainda tímido, acanhado, levantei a mão e perguntei qual era a importância da música nos quadrinhos dele. Os demais jornalistas me olharam com cara de “Ah, fala sério!” e o Eisner olhou pra mim e disse: “Boa pergunta, garoto!”.
Esse é um dos troféus intocáveis da minha “coleção” e da minha carreira. Afinal, eu não poderia me sentir mais orgulhoso, enquanto ele contava para os demais que, sim, os quadrinhos deles tinham música e som!
A segunda vez foi em 1996, enquanto eu visitava o Museu de Boca Raton, na Flórida, para uma matéria que viria a fazer pra Wizard da Globo. E foi por puro acaso. Eu estava andando pelos corredores do local quando deparei com aquele senhor admirando uma arte como se fosse um fã qualquer.
Rapidamente perguntei se ele concederia uma entrevista. E o velho mestre respondeu com um sorriso: “claro”. Mas tinha que ser rápida, pois ele participaria de um programa da CNN gravado ali em poucos minutos.
Conversamos rapidamente e, antes de me despedir, pedi para tirar uma foto. O problema é que minha esposa estava do outro lado do museu e o tempo urgia. Não tive dúvida: comecei a gritar pelo nome dela. Vendo a surpresa do Eisner, me desculpei dizendo que havia perdido minha esposa. E ele emendou: “Uau, que sorte, estou tentando isso há anos!”.
Caímos os dois na gargalhada. Até porque todo mundo sabe que ele apaixonado pela esposa dele, a dócil senhora Ann. Mas rendeu uma história que marcou minha vida.

Mestre Will Eisner autografou o primeiro álbum do Spirit pela L&PM, logo após a coletiva na qual fiz a pergunta que menciono na entrevista.

Sidão, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Muito obrigado pelo convite. Foi um barato poder “conversar” com os realizadores e os leitores do Pipoca e Nanquim.
Quanto ao recado, é o de sempre: não apenas leiam quadrinhos, dos mais diversos gêneros (há coisas excelentes em todos eles), mas disseminem esse saudável “vício” para outras pessoas. Sempre digo que é missão de todo leitor encampar esse trabalho de “formiguinha”, para que as próximas gerações não enfrentem o preconceito tacanho que as nossas encararam por amar a arte sequencial.

Álbuns diversos de super-heróis.

Outra série de álbuns publicados por editoras brasileiras, com o HQ Mix de Madame e seu bicho muito louco, do Fortuna, à frente.

Álbuns em formato gigante, como Wednesday Comics, Krazy Kat, Fantasma, Os Sobrinhos do Capitão, À sombra das Torres Ausentes e outros.

Minisséries e edições especiais guardadas dentro de saquinhos.

Mais minis e especiais ensacadas e, na foto, eu recebendo um HQ Mix de jornalista especializado no segmento com meu filho mais velho no colo.

Várias séries de mangá esperando eu arrumar tempo (e espaço) para acondicioná-las de forma decente.

Alguns livros teóricos brasileiros e estrangeiros.

Mais livros teóricos e enciclopédias.

Outro xodó da minha coleção: o envelope do convite de casamento de Clark Kent e Lois Lane, que a Abril mandou para a imprensa brasileira na época.

Aqui, o convite propriamente dito do casamento de Clark Kent e Lois Lane.

Pôster de um cartaz do Festival de Lucca, na Itália, que considero uma obra-prima.

É verdade que a minissérie DC versus Marvel foi uma tosqueira, mas esse pôster é emblemático.

Outro pôster: Orquídea Negra, Monstro do Pântano e Batman, no traço de Dave McKean.

E ai o que acharam dessa coleção??

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #03- Willian Blackwell

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Opa! Mais uma bela coleção pintando por aqui!

Dessa vez conversamos com o colecionador, amigo e colaborador aqui do site (leia seu post sobre The Walking Dead), Willian Blackwell, que nos recebeu de braços abertos em sua casa e mostrou sua estante de quadrinhos.

Olá, Willian! Obrigado pela entrevista! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Olá leitores do P&N, tudo blz? Meu nome é Willian Lopes de Abreu, tenho 27 anos, nascido e criado em Araraquara/SP. Trabalho  com atendimento ao público na unidade do SESC Araraquara.

Meu primeiro contato com HQs foi atraves do meu pai, que também era colecionador. Meu pai colecionava HQs do Fantasma, Mandrake e personagens lançados na época em que ele era garoto. Essa influência paterna somada ao gosto natural pela leitura fez com que eu corresse atrás e descobrisse o universo das Histórias em Quadrinhos.

Lembra-se qual foi a primeira HQ que leu na vida, aquela que você leu e percebeu que não tinha mais volta, passara a gostar de quadrinhos?

Em 1990, durante uma viagem, eu ganhei da minha mãe o exemplar #114 da revista O Homem Aranha, lançada em formatinho pela Editora Abril. Na minha cabeça, este sempre foi o marco zero da minha vida de colecionador. Apesar que, se não me falha a memoria, eu tive contatos com alguns outros gibis mais antigos. Eu lembro de um SuperPowers, de um Dreadstar, Fantasma, Mandrake e um da Tropa Alfa.

E qual foi a primeira que comprou por conta própria?

Se eu não me engano, foi a edição encadernada do Demolidor – Homem Sem Medo lançada pela Abril.

Quando a leitura e compra ocasional virou hobby sério e viciante?

A principio o meu foco era colecionar todas as publicações do Homem-Aranha e tudo aquilo que de alguma maneira o envolvesse. Eu praticamente colecionava por causa do personagem. Com o passar do tempo, percebi que o fato de colecionar não era o mais importante, porque acima disto eu sou um LEITOR. Então em 2004, depois de um intervalo sem comprar novidades, eu resolvi começar a colecionar MESMO. Comecei a buscar obras essenciais e todas as referências do gênero. Então eu costumo colocar duas fases na minha vida de colecionador: a fase Homem-Aranha e a fase leitor/colecionador de quadrinhos, que é o meu foco atual.

Quantas HQs você tem?

Hoje (23/02/2011) eu tenho 1739 exemplares. Amanhã já não sei….

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que você se pega admirando toda vez que entra no quarto?

Eu guardo com carinho as minhas HQs do Aranha, todas organizadas e com um lugarzinho só pra elas. Admiro minha coleção de Preacher, Sandman, mas em geral, tenho um carinho especial por toda a minha coleção.

Como você guarda suas revistas e quais técnicas usa para conservá-las?

Eu tenho um armário (três partes) feito sob medida para acomodar toda a minha coleção! Costumo plastificar as minhas edições, principalmente os formatinhos. Fecho os pacotes por séries, arcos ou coleções fechadas! Encadernados capa dura ou até mesmo capa cartonada ainda não estão em sacos plásticos.

Inclusive, passando o olho por essa sua bela estante, percebo também um grande números de DVDs, você também coleciona filmes?

Sabe, eu nunca contei quantos DVDs eu tenho, mas certamente tenho mais de 100. Metade disso provavelmente é terror! Tenho algumas coisas em VHS ainda, por sinal.

Aproveite a deixa e passe pro pessoal os cinco melhores filmes de terror de todos os tempos.

Listar cinco filmes…vamos ver, jogo rápido:

- A Trilogia Profecia;
Hellraiser;
Fome Animal;
Evil Dead 2;
Suspiria.

Já que você começou com o top 5 de filmes de terror, eu quero compartilhar uma lista de  filmes que considero essenciais na minha vida. Gostaria de indicar estes filmes para qualquer apreciador de cinema, são eles:

- Amor à Queima Roupa (True Romance);
Mad Max 2 –  O Guerreiro das Estradas (Road Warrior);
Conta Comigo (Stand by Me);
Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner);
Pi;
Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker’s Dracula);
O Poderoso Chefão (The Godfather);
Trilogia clássica Guerra nas Estrelas (Star Wars);
Filhos da Esperança (Children of Men);
Kill Bill Vol.01 (Kill Bill Volume 01);
Aliens – O Resgate (Aliens);
Festim Diabólico (Rope);
Matrix (The Matrix)

Estou pegando gosto por este lance de listas..rs

Fique a vontade para fazer suas lista! Acho que todo mundo curte. Agora voltando para os Quadrinhos.
Já fez alguma loucura para conseguir algum exemplar?

Não. Não lembro de ter feito alguma loucura pra conseguir algo. Já paguei alguns valores considerados altos, mas nada de muito espetacular. Eu costumo ser do tipo “rato”, que fuça até achar sempre a melhor oportunidade de compra.

Qual foi sua maior compra de uma só vez?

Na COMIC-FAIR de 2010 eu fiz uma boa compra. Emplaquei umas 40 e poucas edições de uma só vez. Lembro também quando fui até uma distribuidora da cidade que estava fechando as portas e arrematei umas 30 e poucas edições por um preço baixíssimo.

Você lê algum mensal hoje em dia ou só compra edições especiais?

Compro Vertigo da Panini mensalmente. Gosto de acompanhar Hellblazer, apesar de não ser nada espetacular é uma boa leitura. Escalpo também é interessante. Eu andei acompanhando o Demolidor do Brubaker, isso sim vale muito a pena, mas resolvi esperar por um encadernado completo. Quem sabe um dia né? Em geral eu foco nos encadernados e especiais mesmo.

Onde você costuma comprar?

Internet. Hoje em dia 100% das compras que eu faço são feitas na web.

Se você já tem a história que adora publicada em “formatinho” e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Compro novamente e fico com a anterior. Somente em alguns casos me desfaço da anterior.

Tem alguma “mania de colecionador”, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar? Me emprestaria sua coleção completa do Homem-Aranha da Abril, sabendo que eu as leio no banheiro?

Não costumo emprestar nenhum item da minha coleção. Tenho muito apego e zelo por eles. Costumo dizer que tudo que está ali, de alguma maneira, faz parte do que eu sou, então, não consigo emprestar um pedaço disso. Tenho uma relação muito intima com aquilo que eu gosto e coleciono. Ahh…e não!..eu não te emprestaria a minha coleção do Aranha sabendo que você as leria no banheiro.. rs!

Quais são seus roteiristas favoritos?

Alguns nomes que fazem com que eu compre uma HQ: Alan Moore(o ZEUS dos roteiristas), Neil Gaiman, Garth Ennis, Warren Ellis, Grant Morrison(as vezes), Frank Miller (em sua fase de ouro), Ed Brubaker, BKV, Kurt Busiek, Walter Simonson (fase Thor), Mignola (Hellboy), Will Eisner, Roy Thomas (Conan), Charles Burns (Black Hole), Jim Starlin, Bill Willinghan (Fábulas). Eu sempre fico achando que esqueci alguém, e provavelmente devo ter esquecido mesmo! rs

E seus desenhistas favoritos?

Gosto de desenhistas com aquela pegada clássica: Romita Sr. (Aranha), Gil Kane (Aranha), Neal Adams (Batman/Lanterna Verde/Arqueiro Verde), Jack Kirby (Vingadores/Quarteto), John Buscema (Conan), George Perez (Mulher Maravilha), John Byrne (Vingadores/Superman); gosto de boas narrativas gráficas:  Will Eisner (Pequenos Milagres), Frank Miller (Demolidor/Wolverine), William Vance (XIII), David Mazzuchelli (Batman), Moebius (Incal), Jim Starlin (Dreadstar), David Lloyd (V de Vingança), Dave Gibbons (Watchmen), Walter Simonson (Thor); realistas: Alex Ross (Marvels/Reino do Amanha), Manara (Clic); amalucados e experimentalistas: Jim Steranko (Nick Fury), Bill Sienkiewicz (Elektra), Dave Mckean (capista de Sandman); e alguns dos mais “modernos”: John Cassaday (Planetary), Tony Harris (Ex-Machina), Mark Buckingham (Fábulas), Eduardo Risso (100 Balas), Mignola (Hellboy), Steve Epting (Capitão América), Michael Lark (Gothan City Contra o Crime) …. com certeza aqui eu deixo alguns de fora também. A lista é grande! Rafael Grampá (Mesmo Delivery), Danilo Beyruth (Bando de Dois), Ribic (Loki), Jae Lee (Inumanos)….chega!..rs

Quais foram os últimos quadrinhos que comprou? E qual está nesse momento no seu criado mudo?

Fiz uma compra recente aproveitando uns preços braixos. Peguei Capitão América: Operação Renascimento (mais pelo preço mesmo), Os Maiores Clássicos do Quarteto Fantástico Vol.04 (Byrne), Novos X-Men: Imperial (Morrison/Quitely) … faltou o Quitely na lista dos desenhistas..rs. Atualmente estou lendo o mangá Yuki (Kazuo Koike/Kazuo Kamimura). Recomendo!

Conta ai pra gente quais suas 10 HQs favoritas de todos os tempos.

Vou tentar ser abrangente e listar as 10 Hqs que eu indicaria para qualquer um ler, independente de ser leitor de quadrinhos ou não.

- Preacher (Ennis/Dillon);
V de Vingança (Moore/Loyd);
Sandman (Gaiman/vários);
Planetary (Ellis/Cassaday);
Black Hole (Burns);
Demolidor – A Queda de Murdock (Miller/Mazzuchelli);
Batman – A Piada Mortal (Moore/Boland);
Sin City – Assassino Amarelo (Miller);
Superman – Identidade Secreta (Busiek/Immonen);
A saga do Monstro do Pantâno (Moore/Bissette)

Sem ranking entre elas. Todas estão entre as melhores coisas que eu já li. Pena que fica muita coisa de fora, pois eu indicaria também: 100 Balas (Azzarello/Risso), Y O ùltimo Homem (BKV/Guerra), Os Mortos-Vivos (Kirkman/Moore/Adlard), Hellboy (Mignola), Fábulas (Willinghan), Blacksad (Canales/Guarnido), Incal (Jodorowsky/Moebius)  e muitas outras.

Qual o item mais raro da sua coleção?

Não consigo te falar algo realmente raro na minha coleção. Não sei. Tenho algumas edições do Aranha da Bloch e uma do Fantasma Especial 40 Anos da RGE, mas o lance de raridade nunca foi meu foco pra comprar algo.

E qual foi a maior raridade que já comprou pelo menor preço? Aquela ocasião em que sai da loja e pensa “Puta M$#**@!! Não acredito que paguei 2 reais nisso!! Sou o cara mais sortudo do mundo!”

A compra mais “lucrativa” que eu lembro foi o lance da distribuidora que eu citei na questão da maior quantidade de revistas adquiridas. Eu lembro que cheguei a pagar 0,15 centavos por algumas revistas. Lembro também que em Jaraguá do Sul/SC eu cheguei a comprar formatinhos por 0,75 cents. Eu morei 5 meses nessa cidade no ano de 2004.

Você guarda muita “porcaria” ou se desfaz imediatamente do que acha ruim?

Eu já fiz várias limpas na minha coleção. Costumo me desfazer de “tralhas”.

Tem algum item que quer muito ter, mas está impossível de encontrar?

Gostaria de ter a coleção inteira do AKIRA, mas ainda não encontrei a oportunidade.

Willian, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Continuem colecionando e acompanhando o pessoal do P&N, sempre com novidades e dicas interessantes para saciar a nossa fome nerd. Qualquer coisa, pra quem se interessar, @blackwill (twitter), também estou sempre  postando dicas de HQs, filmes e cds. Abraço a todos! Keep True \../ !

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #04- Octavio Aragão

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Olá a todos!

Hoje vamos conhecer a invejável coleção do Octavio Aragão, um grande apaixonado por quadrinhos que decidiu estuda-los a sério e hoje dá aulas e organiza a Semana de Quadrinhos da UFRJ,  também escreve roteiros e está prestes a lançar a HQ, Para tudo se acabar na quarta-feira pela Editora Draco.

P&N: Olá, Octavio! Obrigado pela entrevista. Para começar nos conte um pouco sobre você, onde mora e o que faz?

Octavio: Nasci e moro no Rio de Janeiro e sou designer por formação. Depois de uma vida trabalhando em agências, estúdios e redações, descobri o óbvio, que gosto de pesquisar. Resultado? Virei acadêmico.

Você está prestes a publicar uma HQ né?! Parabéns! Como está sendo esse processo? Conta pra gente um pouco da história, só pra dar aquele gostinho.

Na verdade, está atrasado. Deveria ter feito isso há décadas, mas fico feliz que a oportunidade tenha aparecido agora, com uma editora pequena como a Draco dando força. A história é baseada num conto meu, Para Tudo Se Acabar Na Quarta-Feira, originalmente publicado em Portugal, e conta a história de um grupo de traficantes do Rio que, durante uma terça-feira gorda, se descobre envolvido numa guerra interdimensional. É ficção científica, mas num cenário de Cidade de Deus e Tropa de Elite. Os desenhos estão a encargo de Manoel Ricardo, um talentoso ilustrador capixaba, que até montou um blog com o andamento do projeto, o “Acabando a Quarta-feira“.

Quando você começou a se interessar por quadrinhos?

Hum… desde que nasci. O primeiro texto que recordo de ter lido mesmo, decifrando as frases, foi uma versão em quadrinhos do desenho Pinóquio, da Disney, uma publicação da Abril. Mas antes disso, o primeiro logotipo que recordo é o da revista do Mickey. Eu passava na rua, olhava para a banca de jornais e, ao ver o logo, gritava o nome do rato.

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista?

O primeiro Disney Especial, Os Bandidos, da Abril, em 1972. Fiquei ensandecido na época. Tinha de ter aquilo, mas meu pai achava o preço um absurdo. Acabei ganhando de presente do meu avô e foi a HQ preferida por um ano.

Quando aconteceu a mudança de leitor ocasional para colecionador inveterado?

Quando descobri, em 74, que estava comprando sistematicamente uma média de 10 revistas mensais. Ainda lembro delas: Mad, Sherlock Holmes (Ebal), A Patota, Crás!, e as séries da Marvel publicadas pela Bloch.  Um pouco depois veio o Gibi Semanal, que revolucionou meu gosto por HQs.

E quando decidiu realmente pesquisar sobre HQs?

Ah, isso foi bem mais tarde. Só no mestrado que decidi estudar HQs pelo viés acadêmico e fui procurar os estudiosos da área.

Em sua opinião, quais são os maiores pesquisadores de quadrinhos aqui no Brasil e os melhores livros produzidos nesse âmbito?

Os principais pesquisadores, para mim, são quatro: Waldomiro Vergueiro, Sonia Bibe Luyten, Moacy Cirne e Álvaro de Moya. Os livros teóricos que mais releio são Shazam!, Quadrinhos e Educação, Mangá: O Poder dos Quadrinhos Japoneses e Quadrinhos, Sedução e Paixão.

Agora a pergunta mais esperada dessa coluna. Quantas HQs você tem?

Por volta de 9 mil, contando tudo. Mais talvez, porque me desfaço de muitas.

Belo número! Já leu tudo ou tem algumas pendências?

Claro que tenho pendências. Já disse o Umberto Eco que uma biblioteca já lida tem pouca serventia.

Quais são os principais itens de sua coleção, séries e mini-séries completas, encadernados de luxo, edições raras, etc.

Ken Parker: La Saga di Lungo Fucile, 6 volumes, 280 pgs cada, capa dura, com toda a série; Sandman completo – 1ª edição da Globo, encadernada em capa dura, obedecendo aos volumes/arcos originais; Tintin da Record, capa dura, coleção completa, Asterix da Cedibra, capa dura; Hauteville House, BD steampunk belga, capa dura; Neverwhere, de Richard Corben, prelúdio para a série Den; Töpffer, edição francesa, em capa dura, com as obras completas desse que é considerado o primeiro quadrinista do mundo; Absolute Authority; Kingdom Come slipcase, autografado por Ross & Waid, edição limitada; Skechtbook de Will Eisner, autografado pelo próprio;  As Aventuras de Nho Quim e Zé Caipora em capa dura, autografada por Athos Eichler Cardoso, editor da obra;  Ás Inimigo, com dedicatória ilustrada por George Pratt; Universal War 1, BD belga, capa dura; dedicatória de Neil Gaiman em Sandman, O Livro Dos Sonhos etc, etc, etc…

Qual o item mais raro?

Não sei dizer. Nunca me preocupei com isso. O lado do colecionador maníaco não foi bem trabalhado. Creio que pode ser o Töpffer.

Como você adquire seus quadrinhos importados? Compra mais títulos lançados lá fora ou nacionais?

Foi-se o tempo em que eu ASSINAVA meu títulos americanos favoritos diretamente com a DC, Dark Horse, Image e Marvel. Hoje não faço mais isso.

Como você as guarda? E quais técnicas usa para conservá-los?

No início encapava tudo. Depois usei envelopes plásticos, mas isso vem mudando. Não tenho mais paciência e acabo não dando tanta atenção como antes. Creio que a tendência será trocar minhas revistas e brochuras por edições em capa dura.

Já fez alguma loucura para conseguir algum exemplar?

Sou muito metódico com essas coisas. Receio não ter nenhuma aventura emocionante para contar nessa seara. :-) Sempre que quis muito alguma publicação, esperava o $ chegar para comprar. Hoje então, depois do nascimento dos meninos, não cometo nenhuma extravagância.

Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Como disse antes, estou em processo de troca por edições encadernadas quando é possível, às vezes passo adiante a anterior.

Todo colecionador tem manias, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar, quais são as suas?

Não gosto de emprestar, não gosto que manuseiem minhas revistas e livros. Odeio os vincos nas lombadas. Às vezes leio as brochuras sem abrir completamente só para não marcar as laterais.

Octavio você tem alguma história triste envolvendo quadrinhos ou sua coleção?!

Quando guri, minha mãe fez várias “faxinas” em minha coleção. Mas o pior é que já fui obrigado a me livrar de boa parte da coleção de um dia para o outro. Rapaz, isso dói. Mas também é um exercício de desapego salutar. Faz bem à cabeça, acredite. Somos muito mais que nossas coleções e às vezes algumas coisas têm de ir para dar lugar a outras.

E uma muito feliz?

Quando mando encadernar uma coleção, adoro o momento de ver o resultado final. É como se a revista renascesse.

Em sua opinião, quais são os mais importantes quadrinistas do mundo?

Rapaz, pergunta difícil! Pra facilitar, vou focar nos vivos, porque se elencarmos os mortos, danou-se, não tem espaço.

Ilustradores: Ivo Milazzo, Goscinny, Don Rosa, Mike Allred, Milo Manara, Enki Bilal, Ryoichi Ikegami, Moebius, Ziraldo, Matt Wagner, Katsuhiro Otomo, Maurício de Souza, Robert Crumb, Bill Watterson, Joe Kubert, Goseki Kojima.

Roteiristas: Alan Moore, Joe Sacco, Stan Lee, Kazuo Koike, Grant Morrison, Lourenço Mutarelli, Giancarlo Berardi, Neil Gaiman, David Sim, André Diniz, Art Spiegelman.

Autógrafo de Kevin O´Neill

Autógrafo de Neil Gaiman

Autógrafo de Athos Eichler Cardoso, editor da obra

Kingdom Come slipcase, autografado por Ross & Waid

Autógrafos de George Pratt e Will Eisner

Quais são os 10 quadrinhos que todo ser humano deveria ler pelo menos uma vez na vida?

Maus, Asterix, Mafalda, Turma da Mônica, Palestina, Ken Parker, Lobo Solitário, A Festa dos Imortais, Spirit, Tintin.

E quais são os cinco que não merecem ser lidos por ninguém? Rs rs..

Youngblood, Spawn, uma coisa chamada Civilian Justice, Batman vs Spawn, por Miller e MacFarlane (e o Miller ainda afirmou que a história se passa no mesmo universo do clássico Dark Knight Returns!) e o gibi que o Tiririca mandou imprimir para sua campanha eleitoral.

Qual foi a última HQ que comprou e qual está nesse momento no seu criado mudo?

Foi o álbum Zap Comics, da Editora Conrad. No criado mudo tem um monte. Crise Final completa e Vingadores x Liga da Justiça completa.

Qual item é seu objeto de desejo, aquele que você sempre quis ter e ainda não conseguiu?

A coleção completa da Revista Illustrada de Angelo Agostini. Já passou da hora de alguém fazer uma republicação desse material antes que os últimos exemplares desapareçam.

Octavio, muito obrigado pela entrevista, e deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Gente, colecionar é bom, mas passar a chama adiante é melhor. Façam com que seus filhos, sobrinhos e parentes leiam as histórias e assim talvez a mídia que tanto gostamos sobreviva por mais cem anos.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa. Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #05- Ivan Freitas da Costa

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Olá a todos!

Dessa vez batemos um papo com o colecionador Ivan Costa, que além de possuir uma estante de quadrinhos sensacional, também é o maior colecionador brasileiro de arte original e litografias. Sua paixão por quadrinhos é tanta, que mesmo com sua atribulada vida profissional arruma tempo para planejar exposições e é um dos  curadores do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos.

Prepare-se para conhecer essa fantástica coleção de quadrinhos, ver algumas artes originais,  autógrafos e estatuetas absolutamente fantásticos e de quebra, saber algumas novidades sobre o FIQ 2011.

Só para você sentir o drama, Ivan possui postêr autografado pelo Bob Kane!
Amazing Spider-Man #1 autografada por Stan Lee!
Esboços originais de Alex Ross!

Segure seu queixo.

P&N: Olá, Ivan! Obrigado pela entrevista. Para começar nos conte um pouco sobre você, onde nasceu, mora, o que faz na vida profissional?

Ivan: Obrigado pelo convite! Bem, meu nome é Ivan Freitas da Costa, nasci e moro em São Paulo. Tenho 38 anos e uma longa carreira como executivo de marketing, tendo atuado em empresas como Banco Real, Ericsson, Ibmec São Paulo/Insper, FAAP, e FIAP, onde atualmente ocupo a posição de Diretor de Marketing e Desenvolvimento Institucional. Sou autor de um livro sobre Marketing Cultural (Editora Atlas, 2004) e integro a equipe de curadores do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, de Belo Horizonte.

Quando você começou a se interessar por quadrinhos?

Acho que meu primeiro interesse foi pelos personagens. Lembro do desenho animado dos Superamigos, que eu gostava muito, e do primeiro filme do Superman, que assisti no cinema, aos 6 anos de idade. Era legendado e, com aquela idade, eu ainda não sabia ler. Minha mãe conta que me perguntava se queria que ela lesse as legendas para mim, e eu respondia que não precisava – de tão fascinado que estava com o filme, apenas as imagens bastavam.

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista?

Em Janeiro de 1985 eu tinha 12 anos, estava em férias escolares e meu pai me levou para conhecer o trabalho dele. Eu me recordo de ter ficado a manhã toda pedindo dinheiro para comprar um gibi e, na hora do almoço, ele me deu 2 mil cruzeiros e fui correndo a uma banca que até hoje fica na rua Martins Fontes. O mais interessante é que, para um marinheiro de primeira viagem, eu fugi das escolhas óbvias: deixei de lado as revistas do Batman, Superman, Homem-Aranha etc. e comprei Heróis em Ação nº 7, que tinha o Esquadrão Atari na capa, com desenho do José Luiz Garcia-Lopez. Adorei todas as histórias mas aquela que me fisgou mesmo foi a dos Novos Titãs, com um dos capítulos da Saga de Trigon, até hoje entre as minhas histórias favoritas de todos os tempos e origem de minha adoração pelo trabalho do George Pérez. Não à toa, tenho logo acima da minha escrivaninha, um pôster dos Titãs produzido em 1983, autografado pelo George Pérez e com dedicatória, que consegui em 2009.

Pôster dos Novos Titãs produzido em 1983. No detalhe, autógrafo e dedicatória de George Pérez

Quando aconteceu a mudança de leitor ocasional para colecionador inveterado?

Bem, eu queria entender o que tinha acontecido antes da história que eu estava lendo, o que me levou a buscar as primeiras edições de Heróis em Ação, enquanto eu aguardava ansiosamente as novas edições chegarem às bancas. A série terminou na edição de número 10, quando foi lançada a revista Superamigos, que dava continuidade às histórias dos Titãs e do Esquadrão Atari. Outras revistas nacionais se somaram a esta e, quando descobri que havia um intervalo grande entre a publicação nos EUA e no Brasil, senti que era hora de aprender inglês. Hoje praticamente não leio as edições nacionais, pois recebo assino as revistas diretamente de uma loja em NY, que chegam em minha casa semanalmente.

Em 2009 você ganhou o prêmio HQ Mix pela exposição Batman – 70 anos. O morcegão é seu herói favorito?

A posição de herói favorito não é algo constante para mim. Houve épocas em que oi ocupada por Superman, Lanterna Verde, Wolverine… Mas o Batman sempre foi importante e isso se intensificou durante a curadoria e montagem da exposição Batman 70 Anos, pois foram dois anos mergulhado no universo ficcional do personagem para contar sua evolução através das décadas utilizando originais, documentos, edições raras (algumas raríssimas!), além de isso ter me levado a montar uma coleção completa das estátuas Batman Black & White e outra com as diferentes versões do Batmóvel, que ficaram em um diorama da Batcaverna.

Alex Maleev

Dustin Nguyen

Bruce Timm

Chris Bachalo

Pôster promocional de The Dark Knight Returns, autografado por Frank Miller

Sérgio Aragonés

Brian Bolland

Karl Kerschl

Neal Adams

Alex Toth

Batman The Cult 1 pág. 35 por Bernie Wrightson

Brightest Day 13 pág. 22 por Ivan Reis & Joe Prado

Estante com minha coleção completa das estátuas Batman Black & White. Participações especiais do Surfista Prateado e da USS Enterprise, ambos ao fundo.

Diorama da Batcaverna dentro da exposição Batman 70 Anos no FIQ 2009

Quantas HQs você tem?

Estimo que entre 10.000 e 12.000 revistas. Elas estão divididas em várias categorias: edições simples (nacionais e importadas), autografadas (tenho centenas) e limitadas. Nessa categoria entram as edições raras, com sketches ou mesmo pinturas originais.

Você é o maior colecionador de artes originais no Brasil, quantas páginas originais você possui?

Entre capas, páginas, prelims, roteiros, color guides e sketches, são mais de 400 itens. Contando litografias, prints, pôsteres e outros itens raros, esse número chega a quase 800 itens.

Batwoman em página dupla de Detective Comics 857,clímax do arco “Elegy”, por Greg Rucka e JH Williams III

Toda a história de Aquaman e Mera nesta página dupla por Ivan Reis e Joe Prado, publicada em Brightest Day 6.

Qual foi sua primeira aquisição de arte original e como ela aconteceu?

Antes da internet (sim, o mundo existia antes da internet), eu mandei uma carta para o Chris Bachalo aos cuidados da DC Comics, dizendo que era fã do trabalho dele. Muitos meses depois, cheguei em casa e encontrei um envelope com uma simpática carta dele, além de uma edição autografada de Death: The High Cost of Living e o primeiro original da minha coleção: um sketch da Morte, feito com marcador preto em um backing board, que é um papel cartão usado pelas comic shops americanas para dar sustentação às revistas, para que elas não dobrem. Hoje tenho itens bem mais caros e raros, mas por razões óbvias este ainda é um dos meus preferidos.

Morte, por Chris Bachalo, a primeira arte original da minha coleção

Hoje em dia, você ganha algumas delas de presente?

Várias delas foram presentes de artistas amigos meus e aí o valor financeiro, por maior que seja, fica abaixo do valor sentimental. Entre elas, está um esboço de Superman: Paz na Terra, com o Homem de Aço voando sobre a Baía da Guanabara, que foi um presente de Natal que recebi do Alex Ross; uma página dupla de Green Lantern 25 com literalmente centenas de personagens no traço inconfundível do amigo Ivan Reis e um pinup do Batman contra o Coringa, que o Eduardo Risso fez especialmente para a exposição Batman 70 Anos e que depois ele me presenteou.

Esboço para uma das páginas duplas de Superman: Paz na Terra, incluindo o roteiro produzido por Alex Ross e que serviu de base para o texto final, escrito por Paul Dini. Ao lado, cartão postal com a imagem finalizada, autografado por Alex Ross.

Quando vi essa página dupla do capítulo final da Saga da Tropa Sinestro, eu disse ao Ivan Reis que um dia ela seria minha. Muitos anos depois, ele me presentou com o desenho, que hoje fica lado a lado com o primeiro esboço que ele fez para a página.

Eduardo Risso é um amigo de longa data e, para a exposição Batman 70 Anos, ele fez esse desenho do Batman vs. Coringa, que ele me deu de presente.

Splash Page e color guide de Starman, primeira artes originais publicadas da minha coleção, presentes do artista Gene Ha e que estarão em minha exposição no FIQ 2011.

Qual o item mais raro de todos?

Uma vez que os desenhos são originais, todos eles são únicos e cada um tem uma história sobre como chegou às minhas mãos. Mas talvez o item mais raro seja uma carta datilografada por Dick Sprang, desenhista do Batman na Era de Ouro, na qual ele discorre sobre a ausência de retidão moral dos heróis no final da década de 80 e início dos anos 90. Essa reflexão deixa claras as diferenças entre a inocência dos anos 40 e 50 e os quadrinhos de tom mais denso e sombrio que geraram clássicos como Watchmen, A Piada Mortal e tantos outros, e esse contraste ganha ainda mais força no sketch de um Batman sorridente que ele coloca no topo da página. Eu vejo esse item como um documento histórico.

Carta de Dick Sprang, datada de 1995, na qual ele declara que, na Era de Ouro, “os heróis eram realmente heróis, e os quadrinhos realmente capturavam a atenção dos leitores e ensinavam a eles um pouco de história, natureza humana e valores, e como essas qualidades, com raras exceções, estão ausentes nos quadrinhos de hoje”, numa clara referência ao padrão das histórias da Image Comics, antecipando um argumento amplamente explorado na série “O Reino do Amanhã” (“Kingdom Come”), de Mark Waid e Alex Ross, publicada no ano seguinte.

Você também tem dezenas de autógrafos sensacionais né?! Pode mostrar pra gente aqueles que mais se orgulha?

Entre os destaques estão itens autografados por alguns dos grandes patriarcas da indústria de quadrinhos, tão eternos quanto os personagens que criaram: Jerry Siegel, Bob Kane, Jack Kirby, Stan Lee, Jerry Robinson, Will Eisner, Hal Foster e tantos outros. Mas destaco também a enorme coleção de itens autografados pelo Alex Ross, que está entre os meus artistas favoritos de todos os tempos, além de itens autografados por Alan Moore, Neil Gaiman, Grant Morrison, George Pérez, Joe Kubert, Mike Mignola, John Buscema, Joe Quesada, Frank Quitely, Steve Rude, Briand Bolland, Bruce Timm, Frank Miller, Neal Adams etc etc.

Pôster autografado por Bob Kane que apresenta os desenhos de Leonardo Da Vinci como referência para a criação do Batman, supostamente criados quando Bob Kane tinha apenas 13 anos. Edição limitada Artist’s Proof 31/100. Historiadores como Gerard Jones, autor do livro “Homens do Amanhã”, apontam que essa peça é uma fraude, criada por Bob Kane para, de uma só vez, “mentir sobre sua idade, roubar os créditos de Bill Finger (co-criador de Batman) e colocar-se na tradição renascentista”, ao mesmo tempo em que procurava negar as claras influências dos personagens Doc Savage, O Sombra, Besouro Verde, Flash Gordon, Superman, Fantasma e Zorro, bastante populares naquela época.

X-Men #1 e Amazing Spider-Man #1 Milestone Editions, autografadas por Jack Kirby e Stan Lee, respectivamente.

Spirit, em print autografado por Will Eisner.

Litografia do Conan, autografada por Barry Windsor-Smith.

Prince Valiant in the Days of King Arthur, edição capa dura de 1951, autografada por Hal Foster.

Crisis on Infinite Earths # 1 e #7 CGC 9.6, autografadas por Marv Wolfman e George Pérez.

Dias atrás no twitter você mostrou a foto de sua HQ Fantastic Four # 1 (1962), autografada pelo Stan Lee (incrível!!) como essa maravilha chegou as suas mãos?

Eu consegui esse e outros tantos itens no eBay, que é a mãe – e o pai – de todos os colecionadores. Mas o contato direto com os artistas, especialmente nas convenções de quadrinhos do Brasil e do exterior, também são muito importantes para ter acesso a materiais exclusivos. Há vários anos participo da New York Comic Con, oportunidade para fazer novos contatos e conseguir novos itens para a minha coleção.

Fantastic Four #1 Golden Record (1962) CGC 4.5, autografada por Stan Lee

Qual item é seu objeto de desejo, aquele que você sempre quis ter e ainda não conseguiu?

Eu gostaria de ter a arte original da capa de JLA: Secret Origins, do Alex Ross. A imagem é absolutamente perfeita e icônica. O preço do original está estimado em algumas dezenas de milhares de dólares, então me dou por satisfeito com o pôster autografado e com dedicatória que tenho no meu escritório!

Pôster reproduzindo a capa de JLA: Secret Origins. No detalhe, autógrafo e dedicatória de Alex Ross.

Como você guarda sua coleção de HQs? E qual técnica usa para conservá-los?

Colecionar papel nos trópicos não é tarefa para os fracos: o excesso de umidade, somado às pragas (cupim, traça) são uma preocupação constante. Minhas revistas ficam lacradas em plástico acid-free, em armários de aço, com anti-mofo, distantes de umidade e de luz solar direta.

E as artes originais? Deve exigir um cuidado muito grande…

Elas contam com os mesmos cuidados que os quadrinhos recebem, somado ao fato de ficarem em pastas de portifólio separadas por tema (Originais – DC, Originais – Batman, Originais – Alex Ross, Prelims, Sketches etc.). Tudo está devidamente catalogado, incluindo informações como tamanho, formato, artista, quando e como foi adquirida e onde cada item está guardado, além de eu manter uma foto digital de cada item em arquivo. Parece excesso de organização, mas isso é fundamental para o controle do acervo e especialmente importante quando trabalho na curadoria de uma nova exposição, pois assim não preciso manusear os desenhos durante a etapa de planejamento, deixando isso somente para o momento de levá-los para o local da exposição.

Já aconteceu alguma tragédia envolvendo suas preciosidades, como umidade, traça, roubo, fogo…?

Felizmente não tive problemas sérios desse tipo, mas desde que comecei a atuar como curador de festivais de quadrinhos – destacadamente do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, de Belo Horizonte – e a expor itens de minha coleção, o risco de acontecer algum problema aumentou. As exposições sempre contam com seguro e vigilância 24 horas, porém o risco existe. Na primeira exposição que fiz, em 2005, no pavilhão da Bienal, em São Paulo, dois itens desapareceram no momento da desmontagem: uma edição de WildCats autografada pelo Travis Charest e a edição brasileira de Superman: Paz na Terra. Acontece que ao lado da revista do Superman estava o esboço original que eu ganhei do Alex Ross! Sorte minha que o ladrão não conhecia nada de quadrinhos e levou a revista grande e colorida, deixando de lado um desenho original de valor inestimável!

Todo colecionador tem manias, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar, quais são as suas?

Tenho algumas revistas que ficam numa espécie de acervo paralelo para empréstimo, com títulos que gosto de oferecer a amigos. Estão nesse grupo cópias de Watchmen, A Piada Mortal, Cavaleiro das Trevas e O Longo Dia das Bruxas entre outros. Eventualmente elas retornam danificadas ou mesmo nunca são devolvidas, mas isso faz parte, pois se a pessoa ficou com a revista é porque gostou e se passou para outra pessoa, tanto melhor. A história é outra com as edições raras, autografadas e com os itens originais: nesses, só eu ponho a mão. Inclusive, durante todo o período do FIQ eu saio em férias da empresa onde trabalho, pois somente eu manuseio os itens da exposição. É um cuidado que eu preciso tomar para a segurança e integridade do material, para que ele não se deteriore e possa estar em outras exposições, visitadas por outras pessoas.

Essa pergunta é manjada, mas todo mundo adora. Quais são os 10 melhores quadrinhos de todos os tempos?

Vou tratar Watchmen, O Cavaleiro das Trevas e outros títulos que sempre aparecem nas listas dos melhores de todos os tempos como hors concours para mencionar alguns menos óbvios:

- O Reino do Amanhã, de Mark Waid e Alex Ross. Absolutamente perfeito. Não à toa tenho praticamente todas as versões dessa história, do Preview à versão em prosa.
Ex-Machina, de Brian K. Vaughan e Tony Harris. Muita política e um pouco de aventura de super-herói nesse clássico moderno.
Calvin e Haroldo, de Bill Watterson. Engraçado, tocante e eterno.
History of the DC Universe, de Marv Wolfman e George Pérez. Ok, não é exatamente uma história em quadrinhos, mas essa revisão do universo DC pós-Crise nas Infinitas Terras é um trabalho de fôlego de seus autores e tem algumas das melhores ilustrações criadas por George Pérez.
We3, de Grant Morrison e Frank Quitely. Tente não se emocionar lendo essa história.
Daytripper, de Fábio Moon e Gabriel Bá. Delicado e extremamente bem realizado é, para mim, o ápice da carreira deles até agora.
V de Vingança, de Alan Moore e David Lloyd. Premissa fascinante, execução impecável.
Asilo Arkham, de Grant Morrison e Dave McKean. Estranha, perturbadora e lindamente realizada.
O que Aconteceu com o Homem do Amanhã?, de Alan Moore, Curt Swan e George Pérez. 50 anos de história de um personagem clássico, revisitados e reinterpretados em apenas duas edições para contar a última aventura do Superman.
Hellboy: O Caixão Acorrentado, de Mike Mignola. Uma história curta que trata de parte importante da origem de Hellboy, contada com economia e lirismo pelo criador do personagem.

Edição Absolute de O Reino do Amanhã, autografada por Alex Ross com dedicatória.

Edição capa dura de History of the DC Universe, limitada a 1.000 cópias e autografada por Marv Wolfman e George Pérez.

Sketch feito por David Lloyd na edição capa dura de V for Vendetta, autografado com dedicatória.

Sketch de Dave McKean na primeira edição capa dura de Arkham Asylum, autografado com dedicatória.

Vamos falar um pouquinho da FIQ 2011 para já começar a esquentar os motores.

Pode adiantar pra gente alguns convidados confirmados?

Entre minhas atribuições no FIQ também está o convite e a intermediação para a vinda de artistas que trabalham para o mercado americano. Assim, já consegui confirmar a participação de Ivan Reis, Joe Prado, Cris Peters, Eduardo Medeiros, Mateus Santolouco e Renato Guedes. Também intermediei a participação do escritor argentino Carlos Trillo e dos brasileiros João Montanaro e Rafael Coutinho e há vários outros nomes em negociação. Além destes, os demais organizadores já confirmaram a presença de Cyril Pedrosa, Adriana Melo e Laerte, entre outros. A lista ainda vai crescer bastante até o festival, que acontecerá de 9 a 13 de novembro.

Qual será o tema da sua exposição esse ano?

O tema é “Criando Quadrinhos: da ideia à página impressa”. Essa exposição já está planejada desde 2007, ano de minha primeira participação no FIQ. Naquela ocasião, montei uma exposição mais generalista e, dentro dela, havia dois segmentos mais específicos: o primeiro, com interpretações do Batman por diversos artistas, foi o embrião da exposição Batman 70 Anos, de 2009; o segundo apresentava de forma bem sucinta as etapas de criação de uma história em quadrinhos, que é o tema da exposição deste ano. O objetivo, então, é mostrar de forma bastante didática como uma história em quadrinhos é criada, tratando de todas as etapas desse processo – a proposta (pitch), o roteiro, os primeiros esboços para a criação do desenho, a página a lápis, a finalização, colorização, lettering, impressão etc. – com o apoio de uma quantidade enorme de itens raros e originais, nunca antes vistos por boa parte do público e mesmo por profissionais dos quadrinhos. O grande desafio das exposições que eu organizo é que eu as monto em “camadas”, permitindo uma leitura mais superficial que satisfaça o visitante que quer ver desenhos dos heróis de sua infância até uma leitura mais detalhada, que atende ao artista ou fã hardcore, que busca profundidade, variedade, apuro técnico e ineditismo nos materiais ali expostos. E a nova exposição me levou a buscar vários itens novos, entre os quais dá para destacar o famoso DC Comics Style Guide 1982, com desenhos do José Luiz Garcia Lopez para todos os personagens DC da época e que servia de guia para outros desenhistas e para material de licenciamento, sendo que muitos desses desenhos foram utilizados no álbum de figurinhas Super-Heróis em Ação, muito famoso aqui no Brasil na segunda metade da década de 80; placas de impressão em metal de histórias do Tarzan publicadas na década de 50; e estátuas da coleção Cover Girls do Adam Hughes, entre muitos, muitos outros itens.

Capa e lâminas do DC Comics Style Guide 1982, por José Luiz Garcia-Lopez. No detalhe, a capa do álbum de figurinhas Super-Heróis em Ação, de 1984.

Placas de impressão com histórias do Tarzan, utilizadas na produção das revistas Sparkler Comics #48 (Out/1945) e #95 (Set/1950).

Prateleira do meu escritório com a coleção completa (até agora, pelo menos!) das estátuas da série Cover Girls, com design de Adam Hughes. Participações especiais: (prateleira superior) estátua Iron Man (Kotobuya), Justice League Animated (ao fundo) e estátua Superman – Kingdom Come; (prateleira inferior) cofrinhos Superman Animated e Spider-Man; (parede) display promocional da revista Superman Forever, remontado para o formato de pôster e enquadrado, com arte de Alex Ross (ele de novo!)

Sendo um grande colecionador e organizador da FIQ, creio que já conheceu muita gente bacana e alguns ídolos, tem alguma história que queira compartilhar com a gente?

Nós, fãs de quadrinhos, temos a vantagem de que nossos ídolos são pessoas das quais é possível se aproximar uma vez rompida a barreira geográfica e, às vezes, da língua. Sem dúvida há prima-donas e outros inacessíveis em função da fama e do assédio que ela traz, mas estes são minoria. Em 2005, fui à minha segunda convenção nos EUA e, desta vez, na maior de todas, a San Diego Comic Con. Um dos meus objetivos era conhecer o George Pérez, de quem sou fã desde que li aquela história dos Novos Titãs quando tinha 12 anos. Lembro de estar no stand da DC Comics conversando com o Ivan Reis quando mencionei que ainda não tinha visto o George Pérez. “Olha o Pérez ali!”, o Ivan respondeu apontando para uma mesa bem atrás de nós. As pernas bambearam mas fui até lá. Fiquei esperando calmamente em uma fila e, quando chegou minha vez, ele conversou comigo animadamente e, ao pedir uma foto, ele respondeu com um entusiasmado “Sure!!!” e me abraçou ao posarmos para a foto. Outro caso que vem à memória foi quando conheci pessoalmente o Alex Ross numa convenção em Chicago no ano 2000, após alguns anos de correspondências por carta. Fui convidado para uma festa fechada de lançamento da edição de luxo de Earth X e lá estava ele. Quando me apresentei, ele disse: “Ivan! Finally!”.

Para finalizar, deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Hoje eu me vejo mais como um curador do que como um colecionador. Minha coleção – ou acervo – é algo a ser compartilhado e meu papel é zelar por sua conservação para que mais fãs possam ter acesso a esses itens, hoje e no futuro. Para mim isso é um exercício de desapego. Atualmente, quando compro um novo item eu penso na minha satisfação em tê-lo mas, não menos importante, em seu potencial para estar em uma futura exposição. Se você tem uma coleção, pense em organizar uma exposição em sua escola, em sua cidade, na biblioteca ou no museu local. É uma forma de promover os quadrinhos e de estimular as pessoas a lerem quadrinhos, a conhecerem e a discutirem sua linguagem. O papel de ampliar esse mercado também cabe aos fãs e é importante que todos se engajem.

Ivan, muito obrigado pela conversa! Depois eu mando meu endereço pra você me enviar aquela arte da Morte pelo Chris Bachalo, isso que é presente, obrigado! Rs rs!

Acho que você está falando da pintura que ele fez para mim dentro de uma edição de Absolute Death. Segundo o Chris Bachalo, é a única que existe – ele ainda não fez um desenho original em outra edição do álbum. Acho que também entra na categoria de itens mais raros da minha coleção, certo?

Pintura original da Morte na edição Absolute Death, por Chris Bachalo.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #06 – Alexandre Callari

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Olá, pessoal!

Até que enfim!! Essa semana vocês irão conhecer com mais detalhes a sensacional estante de quadrinhos do nosso apresentador e editor Alexandre Callari! Finalmente ele abriu as portas de sua casa para todos conhecerem seus 11 mil gibis e muitas raridades!

Além de trabalhar com o Pipoca e Nanquim, ele também é escritor, tradutor, ex-músico de heavy metal, organizador de exposições de Quadrinhos e  muito gente fina (mas meio ranzinza as vezes, o Bruno que o diga).

Saiba quais são as suas principais edições, os itens mais raros, como os conserva, por quanto venderia toda a coleção e muito mais, agora!

P&N: Olá, Alexandre! Conta pra gente como começou a se interessar por quadrinhos?

Alexandre: Meu tio colecionava revistas e sempre que eu ia na casa dele, lia tudo que podia. Comecei a comprar por influência dele. Ele as guardava em um armário e num baú e eu comecei guardando em uma caixa de sapatos – lembro claramente da sensação que tive quando elas começaram a formar um montinho. Logo descobri que gostava tanto de colecionar, quanto de ler. Isso significa que tenho prazer em ler a história, mas também adoro pegar aquela revista, colocar em um saquinho plástico, catalogá-la em meu database e direcioná-la para a pilha que ela ficará. Adoro fazer isso, completar coleções, procurar o que não tenho, deixar tudo arrumadinho e em ordem – tenho ódio de gente que deixa as revistas jogadas e de qualquer jeito. Encaro as revistas como documentos históricos – elas contam parte da história da humanidade, da nossa História – e precisam ser cuidadas e respeitadas.

Bem, minha caixa de sapatos virou uma prateleira no armário, depois um armário inteiro, aí dois armários… Já deu para entender onde isso tudo vai chegar, né?


Qual foi seu primeiro personagem favorito?

Difícil responder, mas tenho até hoje uma queda especial por alguns. Batman, Conan, Wolverine e Capitão América estão entre meus favoritos. Mas essa é uma pergunta capciosa, por que, por exemplo, o Monstro do Pântano de Alan Moore está entre meus personagens favoritos, assim como o Constantine de Delano e Ennis, o Thor de Simonson, o Quarteto de Byrne, o Demolidor de Miller e Bendis… Na verdade acho que gosto de boas histórias no final das contas. Não existe personagem que seja ruim, todos eles têm seus pontos fortes e potenciais a serem desenvolvidos – basta um escritor foda para fazer isso acontecer.

Lembra-se quando passou de apreciador ocasional de HQ para um colecionador viciado que torra a maior parte da sua grana com isso?

Não. Um belo dia contei minhas revistas e tinha por volta de 800. No dia seguinte, meu tio casou e me deu a coleção dele. Passei a 2.000 de um dia para outro. Naquela época já me julgava um super-colecionador (eu tinha os formatinhos da Abril e me achava importante, he-he-he). Mas não sei dizer quando exatamente me olhei no espelho e falei: “Cara, você é um colecionador!”.

A pergunta que a galera mais gosta nessa coluna, quantas HQs você tem?

Tá chegando em 11.000.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que você tem muito orgulho de ter?

Uns 11.000. Brincadeira. Sim, claro que me orgulho de tudo, mas tem coisas que sei que são raríssimas e difíceis de serem encontradas.

Tenho por exemplo as edições da Minami & Cunha na década de 70 que trouxeram Conan ao Brasil pela primeira vez. Tenho a revista solo do Luke Cage (Gorrion), Ka-Zar e Sargento Fury (ambas da Paladino), X-Men (GEP), Koll – O Conquistador (Roval), Vampirella (Noblet) e também a fase Marvel da GEA. Tem muita coisa da Ebal, inclusive Edição Maravilhosa quase completa e Superman #2. Muitos almanaques desde a década de 40, edições do Suplemento Juvenil da década de 30 e a revista SOS #2, da editora Orbis, que publicou a Mulher-Maravilha no Brasil pela primeira vez. Nas importadas tenho uma Barbarella original da década de 60, os primeiros números de Kazar, o Namor do John Buscema, Mulher-Hulk do John Byrne, Dreadstar do Starlin quase fechada, Defensores do Sal Buscema…

Cara, sou meio compulsivo, se não tenho e estou com grana, eu compro!

Já fez alguma loucura para conseguir algum exemplar?

Já dispus de altas quantias monetárias por um exemplar. Mas nunca me arrependi.

E qual foi o máximo que chegou gastar por apenas um exemplar?

Segredo. Vai que aqueles mercenários do Mercado Livre estão lendo isso.

Hahahaha, Malditos Mercenários Livres!

Onde você costuma comprar?

Qualquer lugar que acho algo que não tenho. Hoje em dia, a coisa está muito mais fácil para quem sabe onde procurar. Quando era jovem, eu era limitado pela geografia. Tinha uma meia dúzia de sebos que frequentava em SP, mas era só. Com a internet, hoje tenho acesso ao Brasil inteiro – o que aumenta as chances de encontrar “aquela” revista. Infelizmente, a especulação tá dando uma detonada no mercado. Já vi vendedores que tentam empurrar coleções a valores como 10.000 ou até 20.000 reais. Não sei onde os caras pretendem chegar com isso (vender uma coleção ao preço de um carro), mas espero que as pessoas não comecem a pagar quantias assim por uma revista – mesmo que tenham dinheiro sobrando.

Como você as guarda? E quais técnicas usa para conservá-los?

Tudo em saquinho plástico. É a melhor solução. Sim, eu sei que isso acelera o amarelamento do papel, mas dos males o menor. Protege contra umidade, poeira e, principalmente, traças. Se você guarda suas revistas em um armário, por exemplo, e uma tracinha entra lá (uma única tracinha), em uma semana ela faz um estrago fenomenal. Imagina a traça resolver comer minha edição de 1936 do Suplemento Juvenil? Ou então o Gibi #5? Ou Shazam #3? São coisas que você não acha nunca mais!!!

Então o lance é esse, traça, formiga ou cupim… Todos irão fugir de plástico – o que é bom para o papel! Se você as mantiver protegidas por um saquinho plástico, até naftalina pode colocar dentro do armário, que o papel não pega cheiro. Fora isso, é uma terapia legal colocá-las nos saquinhos; é um momento intimista só seu e da coleção (e de mais ninguém). Coloque uma música para rolar, pegue um rolo de durex e passe duas ou três horas desligado do mundo. O problema é que quando eu começo a fazer isso, levo o dobro do tempo, pois acabo lendo tudo de novo…

Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Fico com as duas. Como disse, sou colecionador. Não me desfaço de minhas revistas, pois dou valor ao original. Porém quero ter também uma edição caprichada e em capa dura. O que ocorre é que de uma forma geral, acabo dando prioridade a coisas que ainda não tenho, ou seja, material inédito que ainda não li. Mas tem muita coisa que não dá para resistir, como os álbuns que a Panini vem lançando.

Quais são suas “manias de colecionador”, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar?

Não leio deitado, só sentado. Não empresto minhas revistas. Meu avô dizia: Só empreste algo se você não liga de não tê-lo de volta. Eu empresto CDs e livros na boa, mas não meus gibis!

Quais são seus roteiristas favoritos?

Alan Moore. O resto vem depois. Tenho um enorme respeito por Gaiman, Berardi, Kazuo Koike, Miller, Ellis, Morrison…

Quais são seus desenhistas favoritos?

Nossa, é difícil. Gosto muito de alguns caras das antigas. Joe Kubert é subestimado no Brasil (não entendo) e ele é um dos que mais gosto. Neal Adams com certeza está entre os top five, acho que John Buscema também. Adoro arte pintada na linha John Bolton e Joe Jusko, e Eisner me enche os olhos até hoje; putz, é muita gente. Mais fácil falar o que não gosto – aquelas tentativas de americanos de imitar mangá na década de 90 e o estilo Image.

Você também compra HQ importada?

Ultimamente tenho comprado coisas que não saíram aqui.

Qual o item mais raro da sua coleção?

Como mencionei lá em cima, tenho algumas das primeiras edições de Gibi e Shazam, material de editoras pequenas que faziam tiragens mirradas como Orbis, Paladino, GEA, GEP, Minami & Cunha, Gorrion e Roval. Me orgulho mais desse material que muitas das coisas da Ebal e RGE.

Que são as cinco HQs que levaria para o céu e reler durante toda a serena eternidade?

Watchmen, Cavaleiro das Trevas, Sandman, Lobo Solitário e X-Men (fase Byrne-Claremont). Mas pode apostar que eu passava na revista com Ken Parker debaixo do braço também!

Que são as cinco HQs pecaminosas, sujas e podres que levaria para o inferno?

Heróis Renascem, Justiceiro angelical, as besteiras da DC (Crise Infinita, 52, Crise Final, etc.), grande parte de Spawn e Homem-Aranha e pacto babaca com Mefisto.

Tem algum item que é seu maior objeto de desejo, seu “cálice sagrado”?

Vários. Gostaria de obter a edição do Correio Universal de 1937 (com o Fantasma). Fechar a coleção Biblioteca Mirim (década de 40). Adquirir a edição pirata de Conan da Graúna, chamada Hartan. Tem muita coisa que ainda preciso correr atrás…

Você venderia sua coleção de quadrinhos por 1 milhões de dólares e 2 coelhinhas da playboy?

Sim. Por um milhão eu comprava o quíntuplo de quadrinhos que tenho e ainda mandava ver nas duas coelhinhas!

Ao contrário da maioria dos colecionadores, você conseguiu “fazer” dinheiro com sua coleção e não foi vendendo, mas sim as expondo, conta um pouco disso pra gente.

A coisa começou via SESC São Paulo. Fiz três exposições e descobri que mais gente se interessa por HQs do que eu pensava. Expus na Comic Fair, em secretárias da cultura e eventos particulares. Tenho dificuldade em chegar nas pessoas que organizam os eventos pois não sou do meio (não sou jornalista ou trabalho para alguma editora), por isso sempre que posso falo a respeito, pois não cobro caro, levo muito gibi e otimizo ao gosto do cliente. É algo que valoriza qualquer tipo de evento.

Alexandre, muito obrigado pela entrevista! Não precisa deixar recado para os leitores do Pipoca, por que todo mundo já te conhece, rs rs, to brincando, pode falar…

Beijunda a todos.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #07 – Daniel Lopes

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Vocês já conheceram a grande coleção de Alexandre Callari, agora é a vez do segundo apresentador do Pipoca e Nanquim com maior número de quadrinhos abrir as portas de sua casa: Daniel Lopes!! Em breve será a vez de Bruno Zago, pra todos verem que os membros desse site realmente gostam do que fazem!

O Daniel, além de apresentador e editor do PN, é um economista que conseguiu se formar com uma monografia sobre o mercado nacional de quadrinhos, além de ser um dos autores da obra Quadrinhos no Cinema, que acabou de ser lançada.

Conheçam então a coleção de Daniel Lopes, suas edições mais raras, títulos preferidos, manias de colecionador, etc.

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Fala Daniel, tudo bom? Como se sente sendo entrevistado por seu próprio site?

Olá, pessoal! Tudo na santa paz e com vocês?! Me sinto muito bem, totalmente à vontade, estou em casa.

Haha! Ok, vamos lá então, conte quando e por que você começou a se interessar por quadrinhos?

Comecei a curtir quadrinhos por conta da influência do meu pai, ele lia muita coisa do Homem-Aranha e Conan, vira e mexe eu dava uma crescida no pescoço nas revistas que ele deixava em cima da mesa e tal, quando aprendi a ler passei a ganhar algumas edições da Disney e Turma da Mônica, tanto é que minha primeira coleção foi Turma Da Mônica Coleção Coca-cola, que infelizmente não tenho mais,  com o tempo vieram os super-heróis e por ai foi.

Meu pai sempre foi uma influência muito grande, não só para quadrinhos, mas também quanto à música, literatura e cinema, lembro que por volta dos meus doze anos ele elaborou uma lista dos melhores filmes que já tinha assistido e isso foi um divisor de águas em minha vida.

Quando você passou de um leitor ocasional de HQs e passou a ser um ávido colecionador?

Isso foi muito recentemente, em 2006. Até então eu guardava algumas revistas, outras eu trocava por discos ou livros em sebos ou dava de presente pra algum amigo.  Mas em 2006, ao entrar na faculdade, fiz amizade com o Guilherme Garcia (ex-apresentador do Pipoca) que me apresentou alguns grandes títulos que eu desconhecia, e na república (casa alugada por estudantes para dividir despesas) em que morávamos havia uma boa coleção de Will Eisner. Fui fisgado de vez e quando voltei para visitar meus pais depois de algumas semanas, desenterrei algumas HQs guardadas, reli várias, botei plástico em tudo e desde então gasto a maior parte do meu orçamento e tempo com esse hobby.

E quantos quadrinhos você tem atualmente na coleção? Aproveite e deixe o link dela no Guia dos Quadrinhos!

Ainda é uma coleção modesta, nem se compara a algumas que pintaram por aqui, mas é muito seleta e inestimável. Atualmente tenho cerca de 2.500 quadrinhos e meu nome lá no Guia dos Quadrinhos é Daniellopes, mas está um pouco desatualizada e tenho alguns títulos que não possuem cadastro lá, principalmente os eróticos, alguns fanzines e importados.

Você sabe quanto dinheiro em média gasta mensalmente comprando HQs?

Ah, é uma quantia boa, não devo revelar isso publicamente, pois posso desenfrear a ira da patroa. Atualmente tenho gastado pouco, pois as condições financeiras não estão muito favoráveis.

Você prefere mais comprar os quadrinhos no ato de seu lançamento ou investe mais em material antigo?

Isso varia muito, tem algumas edições de luxo que estou na fissura pra ler que acabo comprando no lançamento, até porque algumas livrarias costumam dar desconto na primeira semana de venda, isso ajuda bem.

Mas tem coisa que eu seguro pra comprar mais pra frente, em algum sebo ou feira de livros onde possa encontrar em promoção.

Também compro muito material antigo, então varia bastante. Não deixo passar bons quadrinhos por preços apetitosos de jeito maneira.

Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Eu compro novamente quando o álbum de luxo vale a pena, se possui boa qualidade gráfica, muitos extras e um preço plausível ou se minha coleção em formatinho estava incompleta e detonada. Geralmente fico com as duas. Ultimamente tenho repassado algumas para meu irmão mais novo que está com sete anos e tem um interesse nato por super-heróis.

Você já fez alguma “loucura” ou investiu muito dinheiro de uma vez só para adquirir quadrinhos?

Eu já trabalhei (meio período) alguns meses em um sebo em troca de quadrinhos e discos. Foi excelente, pois pude adquirir algumas coisas sensacionais.

Investir muito dinheiro e comprometer o orçamento do mês para as outras contas é rotineiro.

Qual foi o maior lote de HQs que você obteve em uma tacada só?

Foi coisa de 500 revistas, a maioria da editora Abril, muito X-Men, Wolverine, Batman e Homem-Aranha… foi uma delícia, consegui fechar várias coleções.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que você tem muito orgulho de ter?

Eu adoro minha coleção de eróticos, a coleção Sandman da Conrad, a do Lobo Solitário da Panini, as três primeiras séries completas do Batman pela Abril, gosto muito da coleção do Aranha também, os álbuns do Calvin e Haroldo, as coleções Graphic Novel (Abril), Graphic Marvel (Abril) e Graphic Globo. Tenho orgulho de todas as minhas HQs, todo dia sinto vontade de relê-las.

E quais são suas maiores raridades?

Não tenho muitas coisas que se diga “Meu Deus, que raridade! Isso deveria estar em um museu!!”, mas tenho algumas obras difíceis de encontrar, as principais acredito que sejam os Zéfiros originais, as Maria Erótica e algumas outras revistas da Grafipar. Também tenho algumas boas da Ebal e da RGE. O Sandman (incluindo Caçadores de Sonhos) da Conrad também virou raridade, né?!

Você me emprestaria esses quadrinhos que acabou de listar?

Nunca!

Diga quais personagens você tem como favoritos? Sei que deve ser mais de um, então liste logo uns cinco.

Batman, quando era criança, por volta dos sete anos, eu só assistia os dois filmes do Tim Burton, tive pelo menos uns cinco aniversários com ele como tema e as suas histórias até hoje me faz ir até às bancas.

Outros favoritos são: Wolverine, Spirit, Valentina e o Calvin.

Diga-nos os seus roteiristas e desenhistas favoritos.

Roteiristas e desenhistas: Eisner, Hugo Pratt, Crepax, Laerte, Frank Miller, Crumb, Alex Raymond, Bill Watterson…

Roteiristas: Alan Moore, Neil Gaiman, Garth Ennis, Kazuo Koike, Grant Morrison, Warren Ellis,  Giancarlo Berardi, Alejandro Jodorowsky…

Desenhistas: Neal Adams, Moebius, Jack Kirby, David Mazzuchelli, Dave Gibbons, Manara, Bill Sienkiewicz, Dave Mckean, J.H. Willians, Flavio Colin, John Cassaday, Kevin O´neill, Charles Vess, Jon Bolton, Alberto Breccia, Dave Gibbons, Samuel Casal, Danilo Beyruth, Rafael Coutinho, Gustavo Duarte, Chris Ware…ah tem uma cacetada.

Will Eisner

Alan Moore

Guido Crepax

Milo Manara

Frank Miller

Neil Gaiman

Grant Morrison

O diabo desceu na Terra e disse pra você: “Daaaaniel, estou confiscando sua coleção de quadriiiiiiiinhos, seu vagabundo maldito, você tem o direito de salvar apenas cinco, escooooolha looooooogo”. Se isso acontecesse, quais você salvaria?

Se o diabo só quiser minha coleção e não minha alma, eu salvo itens mais velhos, como os Zéfiros, coleção Maria Erótica, o que der pra carregar da Ebal e da RGE. Pois são coisas que dificilmente serão relançadas.

Mas se o cão-tinhoso quiser me levar e supondo que ele vacilou por não especificar se eram cinco HQs solos ou séries, vou levar boas séries, pra durar mais a leitura lá no caldeirão.

Sandman (Conrad)
Lobo Solitário (Panini)
Watchmen (Panin)
Calvin e Haroldo (Conrad)
O Cavaleiro das Trevas (Abril)

Eu só não levaria a coleção de Preacher, pois tenho certeza que o inferno está cheio de exemplares dessa obra.

Tem algum título que você está cobiçando nos últimos dias, aquela edição que falta isso aqui ó (sinal com dedo indicador e polegar paralelamente alinhados traçando uma minúscula medida) pra fazer uma loucura e comprar?

Cara, estou prestes a comprar todos os volumes de Nausicaä do Vale do Vento do mestre Hayao Miyasaki, lançado pela Conrad e também os três volumes da série Antes do Incal.

Quais HQs gringas você não vê a hora de serem lançadas no Brasil?

Quero que saia por aqui Richard Stark’s Parker: The Hunter, de Darwyn Cooke; The Alcoholic, de Jonathan Ames (criador da sensacional série Bored to Death); El Eternauta,de Oesterheld; Daytripper, de Fábio Moon e Gabriel Bá; Wilson, de Daniel Clowes; os encadernados do Conan que estão saindo pela Dark Horse,  putz, tem milhares de títulos ótimos que deveriam ser lançados aqui…

Também quero muito que republiquem Akira e Monstro do Pântano em edições luxuosas e completas!

Mudando de assunto, como você guarda sua coleção? Qual técnica usa para conservar as HQs?

Eu guardo os encadernados em pé em uma estante de madeira maciça, sem emplastificar. Os mensais e formatinhos ficam em uma estante de ferro, alguns  emplastificados, preciso criar vergonha na cara e colocar no resto.  Minhas estantes já estão cheias, preciso comprar mais uma, por enquanto vai ficando quadrinhos no criado mudo ou na escrivaninha.

Você tem alguma mania de colecionador? Ou melhor: eu sei que, como colecionador, você tem algumas manias, revela pra galera quais são.

O cheiro de livro novo é simplesmente delicioso, sempre que abro alguma nova aquisição dou uma cheirada, tomando o cuidado pra não encostar o nariz em páginas pretas que podem ficar com marcadas pela oleosidade da pele. Inclusive marcas de dedo em páginas escuras de papel couché me deixam puto da vida.

Também, salvo raríssimas exceções, não empresto minhas HQs. Ajudo a pessoa a comprar, dou de presente e crio a vontade de ler através do Pipoca e Nanquim, mas emprestar, não!

Você ainda lê quadrinhos mensais, ou fica apenas nos encadernados?

Muito pouco. Prefiro ficar com os encadernados mesmo. Até por que mensais em sua maioria são de super-heróis, sempre envolto em sagas gigantes e clichês pra todo lado. Não tenho tanta paciência.  Voltei a comprar a revista Vertigo por conta do Vampiro Americano e é uma mensal que dá gosto de comprar. Também sempre dou uma chance pro Batman.

Qual foi sua última leitura e qual está sendo a atual?

Minha última leitura foi a coletânea Fierro (Ed. Zarabatana) e a HQ que está no topo do criado mudo agora é Criminal Vol.2 – Lawless.

Cara, nós do PN sabemos que você é o mais rato de sebo dentre todos nós, diz pro pessoal alguns títulos bacanas que você obteve a preço de nada?

Nossa, isso quando acontece é sempre uma alegria tremenda.

Já paguei mixaria em várias HQs, um monte de formatinho por R$0,10,

Moonshadow encadernado (Ed. Globo) eu paguei R$ 3,00; Anel do Nibelungo (Opera Graphica) por R$ 5,00; meu Sandman Prelúdios e Noturnos (Conrad) achei em sebo por R$ 20,00; Homem-Aranha em Cores N.5 (Ebal) por R$ 1,00, minissérie Reino do Amanhã (Abril) por R$ 5,00… são algumas das pechinchas.

A maior parte da minha coleção eu comprei em sebos ou em promoções de livrarias, pagar o preço de capa, ainda mais dos encadernados é vacilo demais.

Vemos que você tem um espaço de sua estante reservado pra outra coleção, a de discos. Quanto discos você tem? Ainda investe nesse hobby?

Eu adoro música. Ler uma boa história ao som de um bom disco na vitrola não tem preço!

Minha coleção de disco ainda é pequena. Tenho cerca de 500 LPs e uns 150 CDs originais (gravado não conta! Não que eu faça isso… rs). Hoje em dia eu invisto bem menos em discos do que em HQs. Mas nunca deixo de procurar e sempre compro uma coisa ou outra, ou você acha que vou perder mamatas de comprar um baita álbum por 10 reais?! Se for um disco que quero muito e o preço cabe no bolso, levo fácil!

Quais seus discos mais raros?

Grand Funk Railroad -We’re na American Band (1973) com capa metalizada em dourado, vinil amarelo e os quatro adesivos originais do ano oficial de lançamento;
Los ShakersFor You (1966) – Banda Uruguaia com pegada à la Beatles;
Som Nosso De Cada Dia – Sábado E Domingo (1977) – Disco praticamente novo, sem nenhum risquinho;
Som Imaginário - Matança Do Porco (1973);
Arrigo Barnabé – Clara Crocodilo (1983) – Autografado!
Frank Zappa Ratas Calientes – Versão argentina do clássico Hot Rats;
O primeirão do Zimbo Trio autografado por Rubinho e Godoy;

Também tenho a discografia oficial dos Mutantes, alguns discos originais dos EUA e da data oficial de lançamento como Harvest do Neil Young, One More From the Road do Lynyrd, Red do King Crimson, Songs From the Wood do Jethro Tull, Stormbringer e Made in Japan do Deep Purple, Exile on Main St. dos Stones e por ai vai…

O diabo desceu na Terra e disse (hahaha de novo): “Daaaaniel, meu querido, escolha rápido: salve sua coleção de discos ou a de quadrinhos, uma delas eu destruirei”. E agora malandro, qual você salvaria?

Essa pergunta é muito fiadaputa!

É como pedir pra uma mãe escolher entre um dos filhos gêmeos.

Mas eu estou tranquilo, pois o Satanás nunca viria atrás de mim, eu sou um bom sujeito.

Daniel, o Pipoca e Nanquim agradece pela entrevista! Deixe um recado ai pra galera, fale aquilo que você sempre teve vontade de contar, mas ainda não tinha tido a oportunidade…

Se você alguma vez durante a infância ou adolescência você já economizou a grana do lanche ou a mesada pra comprar uma HQ, lembre-se sempre da emoção e do prazer que é botar essa revista em baixo do braço e correr pra sua casa para devorá-la na mesma tarde. Aquela sensação incrível de viajar para outro mundo, desejar ter super-poderes para ajudar alguém ou só pra voar e curtir por ai, nunca deve ser esquecida.

Piegas, né?! Mas é verdade!

Obrigado pela força que todos vocês dão ao Pipoca e Nanquim!

Uma das capas mais estranhas do Supeman. Fredric Wertham tinha lá seus motivos rs

Livros teóricos

Mais alguns livros teóricos

Homem de Ferro defendendo alguns livros sobre música

Wolverine defendendo a coleção de Sandman

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #08 – Ronivaldo Silva

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Olá, pessoal!

Estão dispostos a conhecer mais uma bela coleção de quadrinhos?!

Dessa vez conversamos com Ronivaldo Silva, que possui um belíssimo acervo e diferente dos já mostrados por aqui, mais da metade dele é composto por quadrinhos importados.

Sem muita delongas, pois vocês provavelmente querem ler a entrevista e não essa introdução, vamos ao que interessa!

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Olá Ronivaldo, obrigado pela receptividade! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Sou quase um quarentão, leio quadrinhos desde criança, adoro desenhos animados e sou da geração em que as informações sobre quadrinhos nos chegavam somente através de fanzines e coisa do boca a boca.

Quando você começou a se interessar por quadrinhos?

Desde minha infância já gostava de quadrinhos… influenciado, claro pelas longas e eternas manhãs sentado à frente da TV assistindo ao maravilhoso mundo dos desenhos animados…

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista?

Bom, me recordo que quando eu tinha uns oito anos de idade, em viagem com minha mãe pelo nordeste, me lembro de ter pedido para ela me comprar uma revista para ler, porque a viagem estava muito cansativa e eu entediado… bom, ela  resolveu comprar para mim uma revista em quadrinhos, me lembro de ter que escolher entre “Os Trapalhões” e “Capitão América”. Os primeiros eu adorava, seguia todos os domingos na TV e o segundo já tinha ouvido falar, já vira em desenhos, nas tampas de margarina, só podia escolher uma revista: fiquei com os  “Os Trapalhões”,  e nunca mais me esqueci do personagem do Mussum vestido de Nega Maravilha, uma paródia da Mulher Maravilha. Mas ainda hoje gostaria de ter comprado as duas revistas. Recordo-me também de dividir com meus irmãos uma edição do Snoopy onde aparecia o Linus e o eterno dilema do Grande Abobora. Essas foram as edições que me marcaram.

Quando foi que se transformou de leitor ocasional de quadrinhos para um colecionador aficionado?

Lá pelos meus 14 anos eu havia perdido o contato com os gibis…mas um amigo de meu irmão caçula me mostrou o trabalho em quadrinhos de um cara que era o anzol que iria me fisgar de vez para o mundo dos quadrinhos: Frank Miller. Isso era nos meados dos anos 80, eu estava em plena puberdade, precisando de novas aventuras para preencher o eterno labirinto de minha ansiedade em descobrir mundos novos, e que fosse uma literatura diferente do universo só de letras e papel, eu queria ver cores. Pinturas em movimento. Arte com literatura. As revistas em quadrinhos eram tudo isso e muito mais, eu viria a descobrir. Esse amigo me ofereceu a edição #1 de Cavaleiro das Trevas e uma edição de Superaventuras Marvel #20. Fui apresentado ao Batman, Elektra, Demolidor e o maravilhoso mundo policial de Frank Miller. O Batman de Miller era bem diferente do Batman dos Superamigos da TV, nada pastelão, nem de longe parecido com Adam West… eu estava fisgado. Recordo-me de que fiquei louco para ler as seqüências, o romance de Elektra e Demolidor, o Batman velhote e mais durão que nunca e tal. A partir daí minha corrida às bancas era freqüente, comprei minha primeira revista, o Homem-Aranha da Editora Abril e aí conheci os X-Men, Thor e todos esses incríveis heróis de papel. E nunca mais parei…

Quantas HQs você tem?

Tenho uma coleção que não é modesta, mas não tão grande quanto gostaria de ter. Tenho cerca de 2550 edições importadas e mais cerca de 1950 nacionais, e sempre aumentando. Já tive bem mais…  mas já desfiz de muita coisa por falta de espaço.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

Em minha coleção tenho orgulho de ter alguns itens que corri atrás por anos para ter completo. Gosto muito das coleções do Monstro do Pântano da Ebal, Heróis da TV e Superaventuras Marvel da Abril, adoro o formatinho. Importadas gosto de ter na coleção a fase de Miller no Demolidor e no Batman, Swamp Thing dos anos 70 e a fase de Alan Moore, Sandman, Watchmen, V for Vendetta, Camelot 3000, Dark Knight Returns, Starman, Animal Man de Morrison, Crisis on Infinite Earths, Moonshadow, e outras que fica difícil dizer qual seria minha preferida da coleção.

Qual o item mais raro da sua coleção?

Bem, talvez o item mais difícil de achar de minha coleção, ou pelo menos, foi um dos itens mais difíceis de encontrar foi Heróis da TV #1, que corri anos atrás ate encontrar uma edição digna de estar na coleção.

E qual foi a maior raridade que já comprou pelo menor preço?

Creio que as edições de OMAC de Jack Kirby, que foram uma ótima compra pelo valor que cada uma delas tem no mercado de quadrinhos.

Em sua opinião qual foi (é) a melhor editora de Quadrinhos no Brasil? E por quê?

Atualmente gosto muito das editoras nacionais. Recordo-me de que comecei a ler quadrinhos em uma época que os erros de editoração, os cortes, e adaptações das traduções eram corriqueiros e o respeito com o leitor passava longe. Não que isso não ocorra mais, nem menos, mas hoje o leitor já tem infinitas fontes de procura, várias editoras e opções de compra, alem do mais, o mundo digital tornou o acesso e a vigilância do leitor muito mais vigente, sem falar que as criticas já chegam a ser ouvidas, não só pelos editores, mas pelos leitores que recebem esse novo patamar como um termômetro para decidir se compra ou não uma revista. Atualmente, creio que os trabalhos de editoração da Conrad, estão entre os melhores que já vi.

Como você guarda suas revistas e quais técnicas usavam para conservá-las?

Bom, como todo leitor e colecionador que se preze, eu guardo muito bem meus comics. Coloco embalagem plástica em todas, e embora não goste muito, não dispenso uma naftalina para afugentar as traças. Tenho dois baús enormes para guardar, alem de varias caixas plásticas (as melhores) para acondicioná-las.

Já fez alguma loucura para conseguir algum exemplar?

Bom, já fiz muita besteira para conseguir um exemplar, desde ficar até alta madrugada esperando o ultimo lance de um leilão, ou mesmo comprometer meu orçamento com quadrinhos, claro.

Qual foi sua maior compra de uma só vez?

Certa vez, comprometi meu mês de pagamento com a compra de varias edições de uma vez só. Como eu lia muita coisa, e sempre queria ler mais, e por isso só percebi o rombo na hora de pagar o bolo inteiro. Acabei tendo que dividir tudo para pagar em 3 vezes no cheque pré-datado. Ainda bem que não era casado na época, senão minha mulher teria me matado. Hoje não tenho mais coragem de fazer isso.

Você também tem muita coisa importada ! Como faz para adquirir essas revistas?

Atualmente, como já sou mais moderado, compro um pouco de importadas por vez, a maioria para completar alguma série. Existem poucos importadores de comics no Brasil, por isso um excelente meio de compra é através dos sites especializados no exterior, e importar por conta própria.

Atualmente você compra mais HQs lançadas aqui no Brasil ou importadas?

No momento leio tanto importadas quanto nacionais, creio que em quantidades iguais. Antes, eu comprava as importadas mais devido à quase impossibilidade de ver o material ser lançado aqui, e pelos freqüentes erros de edição das editoras nacionais. Hoje, como o acesso a qualquer quadrinho que eu deseje ler está a um clique, e também a fidelidade dos editores ao original é muito profissional, compro as edições nacionais que faço questão de ter na coleção. Às vezes compro tanto as edições nacionais quanto importadas de um mesmo titulo.

Você como professor de inglês, tradutor e leitor e HQs importadas, percebe muito erros crassos em algumas traduções por aqui? Elas vêm melhorando ou ainda rola certo descaso com o público?

Olha, as traduções melhoram absurdamente. Como disse, antes eu tinha o prazer de comprar uma edição importada e fazer a comparação com a edição nacional, para ver o que eu estava perdendo. Hoje, quase não vejo mais isso. É mais comum erros de português mesmo, do que com a tradução.

Você é a favor de traduzir ou “abrasileirar” nomes originais?

Sempre gostei que o personagem tivesse o nome original preservado. Um bom exemplo é Wolverine! Imaginem esse nome traduzido! Outros são abominações mesmo: Fanático, nada a ver com o personagem. Jamanta ficaria razoável, embora ainda assim não fosse a tradução perfeita, nem ao pé da letra, mas seria a mais adequada para Juggernaut. Outros nomes como Batman, não se deve nem imaginar em traduzir, como por anos fizeram como o Superman. Agora “abrasileirar” não tem problema, desde que não seja absurdo ou ridículo. Um nome legal que gosto muito é Demolidor para Daredevil, que adaptado, seguido de “O homem sem medo” já se aproxima bem do significado original do nome do personagem. Sem problema algum.

Você acompanha alguma saga atual envolvendo super-heróis?

Sim, mais recentemente, acompanhei uma das melhores histórias do Capitão America que li em anos, que culminou na sua morte, e também a última boa fase do Demolidor de Bendis e Brubaker. Alias, nunca fui fã do Capitão, mas não há personagem ruim, há sim escritores ruins. O que Brubaker fez com o título, foi coisa de mestre na arte da ficção policial. Gostei muito também da Invasão Secreta, e acompanho o desenrolar do universo Marvel, como O Cerco e A Terra das Sombras. Com mais freqüência tenho acompanhado os títulos da Vertigo. A DC Comics na linha de heróis tenho mantido um pouco de distancia, pois não tenho visto muita coisa que me agrade, a não ser uma coisa ou outra: Lanterna Verde, por exemplo.

Você tem alguma “mania de colecionador”, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar?

Mania? Tenho muitas… como cheirar a revista na hora da compra, o cheiro do papel ainda é muito bom. Normalmente folheio toda a edição antes de ler, o que já me revela quase tudo da trama, mas isso não me tira o prazer da leitura não. Raramente empresto minhas revistas. Só amigos e que sejam também colecionadores. Meus amigos sempre me criticam que minhas edições ficam com cheiro de naftalina… fazer o que? Então, não vou emprestar mais…

Quais são em sua opinião os roteiristas mais importantes de todos os tempos? Aqueles que realmente foram geniais e revolucionaram os Quadrinhos?

Meu favorito é Alan Moore. Mas não tenho como não relacionar outros tantos: Frank Miller, Grant Morrison, Neil Gaiman, e não menos, Will Eisner. Dos escritores antigos, Dennis O´Neil, Marshal Rogers, Jim Starlin, Marv Wolfman, Lein Wein, Roy Thomas e Stan Lee.

Quais são seus desenhistas favoritos?

Depende da época: gosto muito de tudo do Jack Kirby, tudo do Mike Mignola, mas não dispenso os melhores trabalhos de Frank Miller, John Byrne, Neal Adams, David Mazzucchelli, e os mais recentes Alex Maleev, Brian Hitch,

Quais foram os últimos quadrinhos que comprou? E qual o último que leu? Gostou?

Mensalmente acompanho religiosamente a revista Vertigo da Panini. Sempre compro um encadernado ou outro que sai nas bancas, não necessariamente de super-heróis. Li recentemente e recomendo muito o Fracasso de Público de Alex Robinson, ambos volumes que saíram pela Gal. Gostei demais.

Pergunta manjada, mas que é sempre legal de ler, responder e serve de guia para os leitores. Quais suas 10 HQs favoritas de todos os tempos?

Na minha humilde opinião, Watchmen é insuperável como um trabalho de super-heróis, que podem ser seguidos, não em ordem de preferencia, de Cavaleiro das Trevas, V de Vingança, Sandman, Sin City, Moonshadow, Spirit, Monstro do Pântano de Alan Moore, Demolidor de Frank Miller e tudo do Calvin e Haroldo.

Você guarda algumas “porcarias” ou se desfaz imediatamente do que acha ruim?

Olha, já li muita porcaria, e ainda guardava porque fazia parte da coleção. Hoje sou mais seletivo, e procuro conhecer o quadrinho antes mesmo de comprá-lo, e se ainda se possível, ler antes de comprar, mesmo que seja emprestado. Hoje não guardo nada que eu não goste de ler, ou que eu saiba que nunca mais irei ler.

Tem algum item que quer muito ter, mas está impossível de encontrar?

Sim, entre os itens que mais gostaria na minha coleção são os quadrinhos do Sombra da Ebal, difíceis de conseguir a um bom preço e em ótimo estado de conservação.

Ronivaldo, muito obrigado pela entrevista! Foi um prazer conversar com você.
Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Gostaria de dizer a todos que colecionar quadrinhos não é doença não, é saudável. O hábito da leitura é bom, e mantê-lo e passar adiante é melhor ainda. Meu filho já é um leitor e colecionador. Aprendi muito com os quadrinhos. Obrigado pela oportunidade, e estou à disposição pelo e-mail ronivaldo@yahoo.com. Grande abraço a todos.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.


Minha Estante #09 – Gustavo Vícola

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Sem muita demora após a publicação da entrevista com Ronivaldo Silva, aprontamos para vocês mais uma Minha Estante.

Dessa vez o entrevistado é Gustavo Vícola, conhecido pelo alter-ego Doctor Doctor, comandante do site SOC! TUM! POW!

Ele discorreu à vontade sobre os prazeres e angustias acerca desse hobby, mostrou os itens que adora ter na estante, seus estimados  autógrafos, expôs seu polêmico ponto de vista sobre quadrinhos raros, contou como começou a se interessar e colecionar, enfim, uma baita conversa legal sobre essa arte que tanto apreciamos.



Olá, Gustavo ‘Doctor Doctor’ Vícola. De onde você é e o que você faz?

Oi, Daniel. Bem, sou natural de Araraquara, interior de São Paulo, mas há alguns anos estou morando em São Paulo. Sou formado em psicologia e atualmente trabalho com RH após ter passado algum tempo clinicando. Mas, a função que realmente me dá prazer é a que exerço paralela à Psicologia, que é criar e recriar diariamente o SOC! TUM! POW!.

Ter um blog sobre quadrinhos já possibilitou alguma facilidade para obter algum exemplar?

Na verdade não, Daniel. O que facilitou mesmo a encontrar edições difíceis foi a internet, pois hoje é possível encontrar qualquer exemplar que esteja faltando na sua coleção através da net. Hoje é bem diferente de quando eu era garoto e visitava os únicos 3 sebos de Araraquara daquela época à caça de algum exemplar. Mas, além da internet, é claro, a minha mudança para São Paulo também facilitou bastante a aquisição de qualquer quadrinho, pois a quantidade e a qualidade dos sebos daqui é imensa. O que o blog tem possibilitado é conhecer diversos profissionais do quadrinho nacional e receber edições para que seja feita uma crítica sobre elas. Recentemente recebi dois trabalhos que gostei bastante, o Vapt Vupt do Márcio Baraldi e o Penitente do Lorde Lobo.

Quando você começou a se interessar por quadrinhos? Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista?

Por quadrinhos acho que desde sempre. Quando garoto eu ia com meu pai na casa de minha tia e via os exemplares antigos da Turma da Mônica ainda da editora Abril que meu primo guardava. Acho que o encanto por imagens sempre existiu em mim, mas talvez tenham sido aquelas edições da década de 70 que me conquistaram. Mas, o interesse pelo tipo de material que é divulgado no SOC!, que são os quadrinhos de super-heróis, começou em 1992 quando meu amigo Smaug (que está sempre comentando no SOC!) me convenceu a ler o gênero. Eu não gostava de quadrinhos como aqueles, pois achava os desenhos complexos e não me cativavam, mas me lembro que depois dele me apresentar a quadrinização da animação dos X-Men lançada no final dos anos 80 eu fiquei encantado. Naquele mesmo dia fomos assistir O Exterminador do Futuro 2 no cinema e antes da sessão aproveitei para passar na banca e comprar meu primeiro gibi de super-heróis, Épicos Marvel 2, o qual trazia o confronto entre X-Men e Vingadores. Ironicamente a equipe que menos gosto da Marvel, os Vingadores, foi minha porta de entrada para o gênero super-herói.

Se lembra quando passou de apreciador ocasional de HQ para um colecionador viciado?

Em tudo o que me proponho a fazer entro de cabeça, então, acho que desde Épicos Marvel 2 tornei-me um colecionador viciado. Lembro que logo no primeiro mês ia desesperadamente aos sebos para tentar conhecer o máximo possível do Universo Marvel e logo enchi uma das gavetas do guarda-roupas. Estava ansioso para completar logo 100 exemplares. Mal sabia que anos depois esse número cresceria 30 vezes !!!

Quantas HQs você tem?

Segundo o Guia dos Quadrinhos, 3.087. Não são muitas, mas acho que já consegui todas as que de fato queria. Na verdade, gostaria de começar a coleção de Superman e Batman lançadas aqui no Brasil pelas editoras anteriores a Abril como a Ebal, por exemplo, mas agora não tenho a “disposição financeira” para começar esta empreitada. Pra quem quiser dar uma olhada na minha coleção ela está cadastrada no Guia dos Quadrinhos e meu nome lá é “vicola”

Como você as guarda? E quais técnicas usa para conservá-los?

Técnica? Nenhuma. Quadrinho é papel e se ou quando estragar jogo no lixo e compro outro da mesma edição quando der, principalmente as mais baratas. Mas, o fato é que a coisa não estraga tão fácil quanto dizem. Não tomo cuidados especiais e tenho na coleção alguns quadrinhos dos anos 60 em bom estado. Na verdade, no começo da minha coleção e pelos anos seguintes fui bastante cuidadoso, quase neurótico, mas com o tempo comecei a reparar que para evitar o desgaste das revistas acabava causando desgaste em mim. Quando percebi que aqueles gibis nada mais são do que papel foi libertador. É claro que não deixo cair água, não dobro nos grampos, evito manchar as capas pretas, fico atento à traças e sempre que os levo na mochila coloco em plástico, mas nada mais além disso. O que gosto mesmo de fazer é desmontar os gibis e fazer encadernados de um único título. Por exemplo, quase toda minha coleção da LJI do Giffen está encadernada. São volumes só com as aventuras da Liga. O que vinha com elas nas edições acabo encadernando em volumes de aventuras variadas ou simplesmente jogo as histórias fora se são ruins. Afinal, se são histórias ruins e não vão ser relidas, pra que ficar ocupando espaço? Bem, quanto a maneira de guardá-las parte fica em caixas por falta de espaço, mas as que ainda estão em Araraquara ficam um pouco mais organizadas, nas prateleiras, mas aqui em São Paulo elas ainda se espremem em caixas de papelão.

Já fez alguma loucura para conseguir algum exemplar? Qual foi sua maior compra de uma vez?

Nenhuma loucura, cara. Sempre gastei o que podia. Quer dizer, pensando bem não é verdade. No auge do meu vício em quadrinhos eu tinha conta na banca e pegava quase tudo sem me preocupar, pois meu pai pagava a conta. Naquela época eu não tinha muita noção, mas a conta na banca sempre dava por volta de R$ 100,00. Isso em uma época na qual os mensais eram vendidos a R$ 1,90. Ou pelo famigerado código C23 para quem se lembra … ehehe.

E qual foi o máximo que chegou gastar por apenas um exemplar?

Sinceramente, o máximo deve ter sido uns R$ 80,00 devido aos excessos de luxo cometidos pela Panini ao lançar as atuais versões em capa dura, recheado de extras, com musiquinha e perfume e outras firulas que não alteram em nada o real motivo do gibi, a história. Um excesso desnecessário em minha opinião. Detesto que gibis sejam tratados como objetos de desejo. Vamos falar a verdade… 80 paus por uma porra de um gibi??!! Tome como exemplo o maior fetiche do mundo dos quadrinhos, Sandman, ser vendido por R$ 120,00 pela Panini em um país no qual o salário mínimo é R$ 500,00. É uma coisa meio sem cabimento, né?

Onde você costuma comprar?

As mensais eu compro em sebo, pois acho pela metade do preço. Na verdade, atualmente compro quase tudo no sebo. Se tenho grana acabo comprando alguma edição especial quando é lançada na banca ou em alguma loja de quadrinhos mesmo, mas se não tenho não me desespero. Compro nos sebos quando der e quando achar por um bom preço. Quando acontece de eu comprar na própria loja eu pego na Banca 2000 ou na Gibiteria aqui em São Paulo e quando vou aos sebos o meu preferido é o Multiverso. Já a Rika, um grande sebo daqui, evito a todo custo por causa do atendimento.

Tem alguma HQ autografada?

Várias. Deixe-me lembrar. Tiras Clássicas da Turma da Mônica pelo Maurício de Sousa, NecronautaBando de Dois pelo Danilo Beyruth,Zoo pelo Nestablo Ramos, várias dos gêmeos Bá e Moon, algumas edições de Blackest Night e um encadernado de Green Lantern: Origin pelo Ivan Reis, Jambocks! pelo Celso Menezes e o pelo Felipe Massafera, Rockoloko e Adrinalina do Márcio Baraldi e tem também o MSP 50 e o MSP + 50 que estão recheados de autógrafos como do Vitor Caggafi, Spacca, Wander Antunes, Marcelo Lelis, os próprios gêmeos.

Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Se eu adoro mesmo a histórias compro a que é lançada em formato de luxo e dou versão em formatinho para biblioteca, gibiteca ou algum amigo ou filho de algum amigo. Ou para qualquer um que de fato a queira. Vender para sebos jamais! Entre ganhar centavos e dar para algum garoto que irá mesmo se divertir com a revista prefiro a segunda opção. Acho que o exemplo mais recente é a Morte do Superman. Comprei a de luxo e dei as formatinhos para o meu primo.

Todo colecionador tem manias, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar, quais são as suas?

Eu gosto de guardar da maneira que seja mais prática para que eu possa encontrar rapidamente o que quero ler naquela hora, mas com parte da minha coleção em uma cidade e parte em outra não estou tendo o luxo de guardar minhas revistas como quero, mas sim como dá. Mas, quando possível opto sempre por fazer 4 sessões: Marvel, DC, outras editoras e nacionais. Ah, sim! E Conan merece um espaço só dele também. Quanto a emprestar, empresto mesmo somente para quem confio bastante, como namorada ou alguns amigos que sei que também curtem muito quadrinho. Ah, e uma mania da qual alguns amigos tiram bastante sarro de mim é sentir o cheiro da revista. Adoro cheio de impressão.

Quais são seus roteiristas favoritos?

Will Eisner, John Byrne, Grant Morrison, Alan Moore, Dan Jurgens, Stan Lee, Jack Kirby, Bill Mantlo, Roy Thomas, Jorodowski, Hal Foster … porra! Não tinha uma pergunta mais difícil, não?

Quais são seus desenhistas favoritos?

John Byrne, John Buscema, Frank Quietly, Danilo Beyruth, Gabriel Bá, Fábio Moon, Jack Kirby, Hal Foster, Todd McFarlane (sim, gosto dele, afinal, sou fruto dos anos 90), Rags Morales, Dan Jurgens, Will Eisner, Tim Sale. Poxa, acho que não tem como responder esta pergunta sem esquecer de algum. São tantos caras bons.

Você também compra HQ importada?

Atualmente não, pois com o preço que elas são comercializadas acaba não sendo vantajoso. Mas, estou começando a perceber que ler as HQs importadas é uma ótima oportunidade de vermos materiais que não tem a menor chance de sair por aqui. Muitas vezes lanço notícias sobre alguma HQ no SOC! e sei que aquilo nunca chegará no Brasil. Comprar as importadas é uma possibilidade. Ler scans não são uma opção para mim atualmente, pois, cara, é um saaaaco ler na tela do computador. Mas, enfim, não compro as importadas, mas elas começam a despontar como uma opção para um futuro próximo.

Qual o item mais raro da sua coleção?

Acho que a única edição rara que tenho na minha coleção é Spawn nº 10. Lembro que comprei quando adolescente em uma banca em Araraquara, a extinta Passatempo, que também trazia material importado. Comprei porque nela o Spawn vai ao inferno onde encontra vários heróis Marvel e DC. Os heróis não aparecem completamente, mas somente seus braços ou nas sombras. O fato é que o “passeio” de Spawn pelo inferno é guiado por Cerebus, personagem criado por Dave Sim. O que torna a HQ rara é que por questões judiciais Sim impediu que ela fosse relançada e por isso nunca saiu em encadernados do Spawn nos EUA e nem mesmo foi publicada aqui no Brasil. Acho que só esta pode ser compreendida como rara na minha coleção. A verdade é que a internet facilitou muito a aquisição de qualquer edição e não acho que existam gibis raros hoje em dia. O problema é este argumento ser usado por especuladores, o que faz a edição se tornar cara. Se você perguntar qual a edição mais cara da minha coleção não posso responder, mas qual a mais rara? Talvez aquela Spawn nº 10. Na minha opinião só existem 3 edições de super-heróis realmente raras no mundo: Amazing Fantasy 15Detective Comics 27 e, claro, Action Comics 1. Se uma destas caísse na minha mão não teria dúvida; venderia na hora e compraria uma casa. Afinal, de que adianta ter algo valioso se isso não puder ser transformado em dinheiro?

Que são as dez HQs que levaria para uma cela de prisão perpétua (não que você mereça ser preso!) para ficar relendo até o fim dos seus dias?

Difícil dizer. Bem, com certeza WatchmenV de Vingança estariam na lista, pois de tão densas estas obras demorariam mesmo vários meses para serem completamente compreendidas, além de que sempre dariam material para pensarmos em assuntos que vão além de suas histórias. Alan Moore é realmente demais. Deixe eu pensar em algo mais…. caralho! Você conseguiu fazer uma pergunta mais dfícil do que a dos roteiristas preferidos, hein! Bem, levaria algumas edições de Lobo Solitário e … Ah, sim, claro! Como se trata de uma situação de confinamento total e para sempre, creio que o mais indicado seria levar algo do Milo Manara, não? Acho que Clic da Conrad seria o ideal, ehhehe.

Qual item é seu objeto de desejo, aquele que você sempre quis ter e ainda não conseguiu?

As coleções completas de Sandman da Conrad, de Bone e do Príncipe Valente.

Vícola, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim.

Bom, aos expectadores do Pipoca eu só posso agradecer por estarem dando tanta força ao programa, pois o Pipoca é importante para mim por dois motivos. Um deles é que se trata de um trabalho feito por amigos pessoais meus, os quais sei que tem investido muita energia nele. É claro que quero vê-los bem e satisfeitos por seus esforços terem dado frutos. Além disso, o Pipoca e Nanquim é um programa que começou mais ou menos junto ao SOC! e as duas partes, constantemente, trocam experiências e fazem projetos juntos, ou seja, os dois sempre estão de mãos juntos. Então, obrigado a todos os expectadores e leitores do Pipoca e visitem sempre o SOC! TUM! POW!.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #10 – Alexandre Morgado

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Olá, leitor!

Não é que a coluna Minha Estante está dando muito certo?!

Dessa vez batemos um papo com o colecionador Alexandre Morgado, que possui um invejável acervo,  guardado com esmero e muita dedicação.

Você irá ficar impressionado com o quarto que ele possui em sua casa, só para os quadrinhos!

Olá, Alexandre. Obrigado pela participação! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores e contasse um pouco sobre você.

Olá pessoal do Pipoca e Nanquim. Meu nome é Alexandre Morgado, sou natural de São Paulo. Tenho 32 anos, e trabalho no ramo de cartório a mais de 12 anos.

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista?

Foram dois os responsáveis por isso. O primeiro foi sem dúvida o meu pai, ele gostava de comprar livros. E nesse meio tempo ele começou a comprar os formatinhos da Marvel, na época  pela  Editora Abril.  O porquê ele começou a comprar eu não sei. Acredito, que quando comprava   jornal, ele aproveitava e comprava um gibi. O segundo foi John Byrne. Lembro que  a primeira vez que fiquei fascinado por uma HQ , foi com os desenhos  dele!  Acredito que a  revista tenha sido a Superaventuras Marvel, com a saga da Fênix Negra.

Você ainda tem esse exemplar na coleção?

Não o mesmo exemplar. Na época, não era tão cuidadoso e a maioria foram para o lixo. Tenho outra que, acabei comprando mais tarde!

Quando você percebeu que não tinha mais volta, era um colecionador inveterado?

A princípio, eu apenas gostava de ler e não pensava em ser um colecionador de quadrinho. Depois de algum tempo (por volta de 1990) meu primo me deu, o Capitão América n°129 da Editora Abril. Foi como voltar no tempo. Comecei a comprar novamente e desde então, não parei mais.

De lá para cá, quantas HQs consegui guardar ??

Olha… não esperava que fosse crescer tanto. Porque eu queria apenas completar as coleções do Capitão América, Heróis da TV, Hulk, etc. Aí, comecei a colecionar os quadrinhos da DC pela Editora Abril também. Depois comecei a me interessar pela revista da editora Bloch, RGE e Ebal. Nesse meio tempo, descobri revistas como, Chiclete Com Banana, Niquel Náusea, as obras de Will Eisner, Manara, Moebius, Hugo Pratt entre outros.Hoje tenho mais de 14500 exemplares.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

Tenho tudo da Marvel e DC pela Editora Abril e Panini.  As coleções completas da Marvel pela Bloch, Ebal e RGE. Os gibis da Marvel lançadas pela Editora GEA e GEP. E muita coisa da DC pela Ebal.

Caramba! Quanta coisa legal, sua estante é espetacular. Parabéns pelo cuidado.

Muito obrigado!

Qual o item mais raro da sua coleção?

Gosto muito da coleção dos X-Men da Editora GEP. Tenho também a edição do Conan que saiu com o nome de Hartan pela editora Graúna. E as coleções do Sandman e Akira da Editora Globo.

E qual foi a maior raridade que já comprou pelo menor preço?

Já cheguei a pagar 1,00 real, em vários gibis formatinhos da Marvel e DC. Acredito que foram esses!

Qual foi a melhor loja de quadrinhos que já conheceu? Ela ainda existe?

Conheci muitos sebos espalhados por São Paulo, principalmente no centro. Um sebo que costumo comprar é o Sebo Torres aqui na capital. Agora loja sem dúvida é a Comix Shop. O atendimento é excelente.

Você também compra HQ importadas?

Depende da HQ. Gosto de pegar coleções interessantes de poucos números. Tenho por exemplo a coleção dos The Eternals e Omac do Jack Kirby, Apha Flight do John Byrne e Crisis on Infinite Earths da DC Comics.

Como você organiza suas revistas e quais técnicas usavam para conservá-las?

Estão organizadas por coleção e editora. Por exemplo, gibis mais novos de um lado, os mais velhos do outro.Costumo separar por editoras. Cada um em seu canto. Agora quanto a conservação,deixo os formatinhos dentro de plásticos.Costumo colocar bastante naftalina, digo pra você que é tiro e queda contra os insetos.

Eu sei que, como colecionador, você tem algumas manias, quais são?

Não gosto de misturar os universos. Por exemplo, não coloco gibis da Marvel junto com os da DC. Nacionais com internacionais etc. Não sei por que mais não gosto de misturar. Incomoda-me um pouco. Gosto de deixar cada um no seu espaço!

Tem alguma história triste na sua vida de colecionador?

Como já disse antes, quando eu  era garoto, não era tão zeloso com as revistas.Todas foram parar no lixo.

E a mais feliz, qual é?

Nada é mais satisfatório, do que completar uma coleção, ou adquirir aquela raridade que é difícil de encontrar. É um momento muito emocionante.

Tem algum item que quer muito ter, mas está praticamente impossível de encontrar?

Ainda procuro o número 02 do Luke Cage da Gorrion, os dois números do Dr. Mistério da Minani & Cunha e o número um e dois do Conan da Editora Roval .

Quais foram as melhores HQs lançadas por aqui, que leu recentemente?

Dos últimos que li, foram os dois especiais do Mauricio de Souza 50 artistas (MSP50 e MSP+50), Fábulas da Panini e o Black Kiss da Devir. E na ansiedade pelo desfecho do Preacher pela Panini.

O que significa ser um colecionador de quadrinhos?

Ser colecionador não só de histórias em quadrinhos, mas de qualquer outro segmento, não é um negócio muito fácil. É difícil você ter tudo o que você quer, ou encontrar aquela raridade que ainda não tem. O fato de você encontrar aquela revista rara ou de completar uma coleção é uma sensação que só quem é colecionador sabe como é. Mas posso dizer que adoro ser um colecionador de HQs!

Alexandre, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Eu que agradeço a oportunidade de poder participar e dividir um pouco da minha coleção. Historia em quadrinhos com certeza faz parte da cultura mundial. Parabéns ao site Pipoca e Nanquim pelo espaço e pela divulgação da HQs em geral. Grande abraço a todos.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #11 – Charles Teruo Izumi

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Yeah! Mais uma belíssima coleção de HQs pintando aqui no Pipoca e Nanquim.

Dessa vez entrevistamos Charles Teruo Izumi um dos maiores colecionadores de Homem-Aranha do Brasil! Ele tem praticamente tudo que saiu do personagem por aqui , coleções completas da EBAL, RGE, Bloch, Abril, Panini, além de centenas de importadas.

Impressionante!

Olá, Charles. Obrigado pela participação! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores e contasse um pouco sobre você.

Olá, moro em Campinas e sou desenhista técnico, já desenhei histórias eróticas na minha juventude (será que o Franco de Rosa se lembra?), duas histórias, não escrevia, na época tinha uns 16 anos, mas uma só foi publicada na revista Close #1, tinha três histórias, uma do Emir [Ribeiro] e outra do Watson [Portela] , foi duro colocar a minha no meio de dois ótimos desenhistas…A história foi Disque “T” para transar, não me lembro o nome de quem escreveu, mas sei que era dono ou trabalhava em um bar…

Foi a crise e a editora [Maciota] não agüentou, uma pena quem sabe desenhando bastante não estaria agora desenhando nos States, mas enfim o futuro me deu outro caminho, mas ainda desenho por diversão, sem compromisso. Também sou um apaixonado pela minha coleção.

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista? Você ainda tem esse exemplar na coleção?

A primeira revista foi meu pai que comprou para mim, quando me levou ao médico, foi em Atibaia, a revista do Tor (não o da Marvel, o da DC) mas depois de um tempo eu a recortei, mas consegui a coleção completa e atualmente tenho até a americana deste personagem, pois foi marcante, mas a primeira vez que me vi fascinado foi quando vi a Homem-Aranha #32 da Bloch na casa de um primo do meu pai, o que me atraiu foram mais os desenhos, me deram a revista e o resto é história, se não me falha a memória ela é está na minha coleção até hoje.

Quando você percebeu que não tinha mais volta, era um colecionador inveterado?

Quando comecei a conseguir cada vez mais, foi logo cedo que me despertou esta sede de colecionar, lembro de ter conseguido em uma feira livre perto de casa, na época morava no Pari em São Paulo, a revista do Homem-Aranha #31 e pensei comigo que tinha mais 30 para conseguir e fui atrás para comprar, era moleque ainda, mas consegui a coleção completa e vi que eram mais de 31 edições, depois consegui também as da Bloch, não larguei mais. Minha mãe me ajudava vez e outra quando faltava grana, foi uma grande incentivadora, tenho a profissão que tenho graças ao seu incentivo. Depois de completar as brasileiras fui atrás das americanas e estou aos poucos conseguindo.

Quantas HQs você tem?

Tenho mais de 8.100 revistas e encadernados, tenho que agradecer ao meu irmão que comprou a Spider-Man completa entre outras para mim, e também aos amigos que sem eles não conseguiria o que tenho hoje. Eugênio, Rodrigo Arco e Flexa, Steve Angert, Eder, Dumas e tantos outros…

Tenho completo várias coleções de outros títulos(Capitão América, Hulk, Demolidor, Heróis da Tv e etc) devido a pequenas participações e histórias do Homem-Aranha, já me tiraram falando que se tivesse propaganda do Homem-Aranha eu comprava.

Metade da minha coleção é de americanas, tenho completa a Spider-Man, Web of Spider-Man volumes 1 e 2, Amazing Spider-Man Extra, Chapter One, Spider-Man Adventures, Sensational Spider-Man #1 , Spider-Man 2099, Spider-Man Classics, Untold Tales, Webspinners, Spider-Woman volumes 3 e 4 , Slingers, Spider-Man Unlimited, New Avengers #2, Green Goblin, Peter Parker  #2 (continuação da Spider-Man), as anuais do Peter Parker, Marvel Team-Up e Amazing.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

Sem dúvida nenhuma a Amazing Spider-Man, faltam ainda 22 edições para eu completar, isso sem contar as capas variantes, mas mesmo assim é a que mais gosto e invisto, espero um dia, quem sabe daqui a 30 anos, completar. E também os títulos clássicos como Marvel Tales, Marvel Team-Up, Peter Parker the Spectacular Spider-Man.

E qual foi a maior raridade que já comprou pelo menor preço?

Acho que foi a X-Men da GEP, inclusive comprei pelo preço barato.

Você tem ciúmes da sua coleção?

Sim, muito pois tem valor sentimental.

A Amazing #1 autografada por Stan Lee!

Caramba, então não vou nem perguntar qual seu personagem favorito!! Então, qual é seu vilão favorito.

Tá na cara, é o Homem-Aranha. Mas gosto também do Wolverine.

Meu vilão favorito é aquele que aparece de vez em quanto, faz grande estrago e não tem variantes (tipo Duende 1, 2 ,3 etc…) , tá meio difícil, talvez o Quesada.

Quais são as sua cinco histórias favoritas do cabeça de teia?

Vou tentar lembrar de cabeça

O garoto que colecionava Homem-Aranha;
A noite em que Gwen Stacy morreu;
O nome do Cavalheiro é Hulk!;
Tentáculos da morte;
Guerra de gangues.

Aliás adoro toda a fase do John Romita pai e seus desenhos.

E a pior de todas? Aquela que dá até vergonha de ter na coleção

A fase do clone, mas como colecionador tem que ter de tudo…

Como você organiza suas revistas e quais técnicas usavam para conservá-las?

Organizo por títulos, coloco uma a uma em papel paraná dentro de um saco zip, como fico manuseando, acho mais prático que durex. Coloco em pé, empilhar muito pode grudar as capas conforme a umidade.

Tem alguma história triste na sua vida de colecionador?

Tem sim, no dia em que completei a coleção do Homem-Aranha do Brasil, foi num sábado, foi o dia em que minha mãe faleceu. Eu ia contar para ela.

Eu sei que, como colecionador, você tem algumas manias, quais são?

A da maioria pelo que vi, sentir o cheiro da revista, aliás, a tinta de antigamente era mais perfumada [risos].

Wizard Ace autografadas pelos respectivos artistas das capas.

Tem algum item que quer muito ter, mas está praticamente impossível de encontrar?

Impossível encontrar não é, mas comprar sim, a Amazing Fantasy original com a estréia do Homem-Aranha e os números baixos da Amazing.

Qual foi sua última leitura e qual está sendo a atual?

Minha última foi uma releitura do The Boys, espero mais desta. Gosto muito de Fábulas e Y – O Último Homem, as de super-heróis estão meio fraquinhas, morre e ressuscita.

De mangá gosto muito do One Piece.

Charles, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Colecionar gibis não é algo tão infantil como a maioria acha, para mim é um hobby e pelos motivos que citei tem muito valor sentimental, espero poder continuar e completar minha coleção para deixar algo aos meus netos que não se encontra em qualquer biblioteca para se divertir.

Autógrafo do Will Eisner, recebido quando ele veio ao Brasil no fim da década de 1980.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #12 – Daniel Werneck

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Olá, leitores e colecionadores do Brasil!

Hoje vamos conhecer a coleção de Daniel Werneck, curador do FIQ. Sua estante é bem diversificada e abriga diversas raridades e itens inusitados. Preparados?! Então leia a entrevista.

Olá, Daniel, obrigado pela participação! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores e contasse um pouco sobre você.

Meu nome é Daniel Leal Werneck, sou professor de cinema de animação na UFMG, curador do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) de BH, e quadrinista de meia-noite às seis!

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista? Você ainda tem esse exemplar na coleção?

Ao longo da vida eu sempre tive esses momentos de epifania, quando li uma história ou vi uma página que me deu uma descarga inesperada de hormônios no cérebro. As lembranças mais antigas que eu tenho de ler quadrinhos remontam às férias da minha infância, quando eu passava dias intermináveis sem nada para fazer sob um calor desumano. Em casa eu também brincava muito de fazer quadrinhos, pegava um monte de papel com desenhos de canetinha e grampeava no meio, desenhava a capa com título, fazia editorial, sessão de cartas… Os quadrinhos que eu me lembro de ler há mais tempo incluem uma coleção do Pato Donald do Carl Barks, a coleção completa do Tintin, vários livros do Astérix e do Lucky Luke. Eu também lia muitas tirinhas em jornais, sempre fui fã do Laerte e do Angeli, e outras tirinhas americanas eu também lia em coletâneas impressas como a revista Patota: Hagar, o Horrível, Recruta Zero, Peanuts, B.C., O Mago de Id, e Kid Farofa. Morro de saudades da página de tirinhas do O Globo, uma página inteira de quadrinhos todo dia no jornal… hoje em dia nem jornal mais as pessoas lêem!

Quando você  percebeu que não tinha mais volta, era um colecionador inveterado?

Lá pelos 10 anos eu já tinha virado um viciado irrecuperável. Nem as garotas e a chegada da puberdade me desviavam a atenção dos quadrinhos, o que terminou resultando em sérios problemas psicológ… bem, isso não vem ao caso agora! Os quadrinhos que eu ganhava esporadicamente não eram mais suficientes, e eu comecei a fazer expedições em bancas de revistas por toda a cidade atrás de novos quadrinhos que eu pudesse colecionar. Todo dinheiro que caía na minha mão eu gastava com quadrinhos. Roubava troco de padaria, economizava dinheiro de lanche na escola, qualquer centavo que eu podia eu gastava com quadrinhos. Minha coleção logo virou uma gibiteca freqüentada por todo o pessoal da rua e meus pais começaram a reclamar da bagunça e do espaço que os gibis ocupavam no meu quarto.

Alguns exemplares da minha coleção de MAD. Essas são da época da editora Vecchi. Influência fundamental na minha formação filosófica!

Desde criança sempre curti ler livros teóricos sobre quadrinhos. Esses são alguns dos meus favoritos. O Shazam está autografado pelo querido Álvaro De Moya. Aquele livro da direita eu nunca mais vi em lugar algum, acho que é bem raro.

Calafrio e Mestres do Terror. Engraçado como muita gente não lembra dessas revistas. Foram vitais na minha formação: além dos ótimos (e péssimos) quadrinhos, vinham sempre com várias matérias sobre história dos quadrinhos. Aprendi demais lendo elas. Também gostava de copiar desenhos delas, e re-escrever as histórias em forma de prosa na minha máquina de escrever. Infância útil!

Quando era criança, me alimentava muito desses gibis europeus que saíam em Portugal e eram vendidos em tudo quanto era livraria, e até em bancas de jornal. Tinha de tudo, eu lia qualquer uma que passasse na minha frente.

E quando decidiu levar essa paixão a sério mesmo, estudar, debater e posteriormente dar aulas?

Lá pelo final dos anos 1980 e início dos 1990 eu comecei a ler quadrinhos mais adultos – e entender! A revista Animal teve um impacto indelével na minha mente juvenil em formação. Também saiu no Brasil a Cripta do Terror e eu era fascinado pela história dos bastidores da revista, a perseguição do governo, a censura. Também comecei a entender melhor o humor político do Laerte, do Angeli, e do Henfil. Depois li Maus que também me mostrou que quadrinhos não eram apenas engraçados e divertidos, mas também podiam ter um impacto humanizador muito forte, algo que eu só fui descobrir no cinema e na literatura algum tempo depois. Com o tempo eu também fui me interessando cada vez mais pela história dos quadrinhos, pelas técnicas de desenho e reprodução, e o fascinante universo dos quadrinhos de maneira geral. Na faculdade sofri muita perseguição dos professores da escola de arte que odiavam quadrinhos mesmo sem conhecer nada, então segui carreira acadêmica para tentar reverter um pouco esse cenário de preconceito e ignorância.

Parte da minha minguada coleção de Animal, uma das melhores revistas de quadrinhos do mundo, que reunia o que havia de melhor nos quadrinhos europeus e brasileiros, além do insano fanzine Mau que vinha dentro. Foi essa revista que salvou a minha vida, se não fosse por ela hoje eu poderia ser bancário ou contador.

Quantas HQs você  tem?

Não faço a menor idéia. Não fico contanto nem catalogando muito. Eu nunca tive espaço adequado para minha coleção, então ela sempre ficou em pilhas e caixas. Nunca tive saco para contar, mas são dois armários lotados, para desespero da minha mulher e da faxineira… Uma vez eu morei sozinho por 4 meses e a melhor coisa que eu fiz nessa época foi tirar todos os meus gibis das caixas e espalhar pelo quarto inteiro, colocando uma pilha do lado da outra, classificadas por tema e assunto. Foi lindo ver todos aqueles gibis um do lado do outro, mas depois que virei pai de família tive que esconder tudo de novo para meu filho não rasgar nada sem querer. Agora é um problema, eu já não tenho aonde guardar os meus quadrinhos, e ele já está começando a colecionar os dele…

A maior parte da minha coleção fica enfiada nesse armário, onde normalmente deveriam haver roupas... Todas as minhas roupas ficam enfiadas em uma portinha, todo o resto do meu escritório tem livros, revistas e outras coisas do tipo.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

Tem várias coisas, prefiro mostrar com as fotos!

E qual foi a maior raridade que já comprou pelo menor preço?

Difícil dizer. Uma vez comprei um Contrato com Deus em um sebo, 10 minutos antes de um outro cara aparecer procurando ele. Hoje esse livro tem um autógrafo do Will Eisner. Também comprei em um sebo um Super Heróis Shell #0, um dos primeiros gibis de super-heróis que saiu no Brasil, cheio de erros de tradução e adaptação. Meu Akira japonês também saiu barato. Também tenho uma pilha de gibis do Fantasma que deve valer uns 600 reais, e ganhei de graça do meu tio. Agora, em termos de raridade, eu tenho muitos fanzines que provavelmente nem os próprios autores guardaram… Essa semana mesmo eu recebi o jornalzinho da UFMG, e na capa tinha 3 revistas dos anos 1970 que eram parte do acervo da universidade, e que estavam em uma exposição na reitoria sobre literatura underground dos anos 1960 e 1970… adivinhem: uma das revistas, eu tenho! Comprei baratinho em algum sebo e nem sabia o que era. Agora guardo a revista junto com o jornal para ajudar a contextualizar. Passaram-se mais de 10 anos até que eu descobrisse o que era aquela revista, mas agora consegui!

Autógrafo do Will Eisner. Sem comentários.

Super-Heróis Shell número zero! Possivelmente um dos gibis mais raros e importantes da minha coleção. Foi o primeiro gibi da Marvel publicado pela Ebal. Vinha uns textos explicando quem eram os personagens, porque quase ninguém conhecia.

Um xodó da minha coleção: encadernado japonês da série Akira, um marco dos mangás e uma das minhas HQs favoritas. Comprei barato em um sebo, não sei como!

Paguei uma boa grana nesse O Tico-Tico. Até que saiu barato, porque esse número é de 1952 - se fosse da época de seu lançamento, custaria muito mais... É muito interessante folhear um gibi e sentir a maré de historicidade que emana dele. Imaginem vocês, nessa época O Tico-Tico estava em seu quadragésimo sétimo ano de atividades... quem aprendeu a ler com ele, já podia ter até netos... E essa edição aqui ainda é de antes do Elvis Presley aparecer...

Você  tem ciúmes da sua coleção?

Não é bem ciúmes, mas eu tenho alma de museólogo com elas. Eu me sinto o dono de um canil para cachorros abandonados, que retira gibis amassados, rasgados e mofados do fundo das prateleiras e dou a eles um lar digno para viverem. Muito gibi da minha coleção eu ganhei de gente que ia jogar fora, ou que queria liberar espaço em casa, ou então o cara casou e a mulher mandou ele se livrar dos gibis. Eu pego tudo para mim, sou tipo um santo protetor dos gibis desamparados. Acho que eu devo ter medo de morrer ou algo do tipo, só sei que eu gosto muito de ter gibis à minha volta, gosto do cheiro do papel, essas coisas. Se eu fico muito tempo em um ambiente que não tem nenhum gibi por perto, eu começo a passar mal.

Você prefere mais comprar os quadrinhos no ato de seu lançamento ou investe mais em material antigo?

Normalmente eu leio coisas novas em scans na internet. Se gosto mesmo do livro, acabo comprando alguma edição decente, com capa mole mesmo, sem frescura. Muita coisa nova não sai no Brasil, então eu nem procuro nas livrarias. Nos últimos anos eu comprei muito pouco quadrinho, porque nunca tenho dinheiro sobrando para isso, gasto tudo com fraldas e coisas do tipo. Quando compro, geralmente são coisas independentes, ou então velharias de sebo. Quanto mais esquisito, obscuro e antigo, melhor.

Sempre que posso, compro quadrinhos independentes pela internet para ajudar os autores e guardar cópias de papel de quadrinhos que li e curti. Essa aqui é de um quadrinista canadense.

Aquisição recente e que mudou minha vida: The Art of Harvey Kurtzman. Simplesmente genial.

Uma daquelas coisas estranhas que caem aleatóriamente na nossa vida e mudam nossa cabeça para sempre. Achei essa revista em uma livraria super careta aqui de BH. É uma antologia de quadrinhos indies onde cada número tem um tema. Nessa edição, eles abordaram o sistema prisional americano, e tem muitas histórias feitas por detentos. É muito impressionante, e me fez enxergar uma nova concepção de quadrinhos e o que eles podem ser.

Em sua opinião, qual foi a melhor editora a lançar quadrinhos aqui no Brasil?

É difícil dizer. Tem duas coisas que precisam ser levadas em consideração: a qualidade do material, e a qualidade das edições mesmo. No primeiro quesito, o Brasil já teve editoras sensacionais, como a EBAL e a Artenova. A Abril teve seu momento nos anos 1980 e 1990. Hoje em dia, temos muitas novas editoras, bem menores que essas antigas, mas com muita qualidade de repertório e qualidade editorial mesmo, do objeto livro em si. A Conrad por exemplo é muito irregular, mas costuma tomar muito cuidado com a qualidade de seus livros, e tem um acervo muito bom. A Companhia das Letras também está fazendo bonito, o catálogo deles está excelente e melhorando ainda mais, e os livros são muito bem feitos. A Zarabatana também faz um trabalho incrível. Acho que são minhas três favoritas do momento, mas boto muita fé na Barba Negra também.

Você guarda muita “porcaria” ou se desfaz imediatamente do que acha ruim?

Eu nunca fiz terapia, mas estou conversando comigo mesmo e tentando me convencer a sumir com algumas coisas que eu não leio nunca. O problema é que eu me recuso a jogar no lixo qualquer artefato cultural. Só de saber o trabalho que deu para escrever, desenhar e imprimir aquele gibi, eu já fico cansado, e não tenho coragem de mandar um gibi para a reciclagem para virar saco de pão. Hoje em dia eu tenho mais contato com a Gibiteca de Belo Horizonte, e acho que se eu mandar alguns gibis para lá eles vão ser bem cuidados, e vão ser lidos, que é o mais importante. Não adianta nada eles ficarem trancados aqui em casa, prefiro deixar que a molecada leia tudo. Um dia eu prometo que vou sentar com calma e encher uma caixa com gibis para serem doados. Quanto à porcaria, isso é relativo: eu tenho um gibi muito ruim que foi escrito pelo Stan Lee antes de criar o Homem-Aranha, então apesar de eu nunca mais ler esse gibi, preciso guardá-lo para fins de pesquisa.

Quem se lembra dos loucos anos 1990, quando todo mês saía nas bancas uma graphic novel de altíssima qualidade a preços acessíveis?

Mais dois exemplos da excelente Coleção Graphic Novel da Editora Abril, que deixou saudade e marcou toda uma geração de quadrinheiros!

Vocês se lembram de como era o mundo antes da internet? Quando esse gibi chegou em Belo Horizonte, pessoas que eu nunca tinha visto na vida me paravam na rua e perguntavam "você é o cara que encomendou aquele Sin City que está lá na loja?" Eu virei uma espécie de celebridade local porque eu tinha esse livro. Era muito estranho.

Revista da Abril que misturava quadrinhos brasileiros e de outros países. Era bem irregular, mas no geral tem um clima muito gostoso, que se perdeu nos quadrinhos de hoje, sei lá por que.

Na época em que a Image bombava, eu não tinha mais saco para super-heróis normais. No entanto, vivia comprando qualquer esquisitisse que chegasse dos EUA. Quem se lembra do Trencher? Os desenhos do Keith Giffen eram lindos!

Você  acompanha séries mensais hoje em dia ou prefere comprar encadernados, edições definitivas, hardcovers e tal?

Eu não tenho conseguido acompanhar nem os aniversários da minha família, imagina se eu vou conseguir acompanhar gibi. Mas eu nunca tive saco para acompanhar séries, eu odeio novela e coisas do tipo, prefiro sentar com o gibi inteiro no colo e ler tudo até o fim. Quando a Abril lançava Mai – A garota sensitiva eu ficava passando mal esperando a próxima edição. Fiquei de saco cheio. Nessa época meus amigos também liam X-Men e eu não tinha a menor paciência para aquela novela interminável. Então hoje não acompanho nenhuma série, só acompanho os autores e artistas que eu curto.

Como você  organiza suas revistas e quais técnicas usavam para conservá-las?

Eu tento guardar tudo separado por tema e assunto, porque quando estou criando minhas histórias eu preciso de muita referência. Separo as de terror, as antigonas, as tirinhas, coisas assim. Também separo por formato para facilitar o armazenamento. Quanto à conservação, eu mantenho os gibis longe da luz do sol, e mantenho um bom estoque de naftalinas nos armários, mas é só isso. Não uso saquinhos de plástico nem nada do tipo.

Tem alguma história triste na sua vida de colecionador?

Sim, todas as inúmeras vezes que eu vi um gibi que queria comprar mas não tinha dinheiro! Mas isso faz parte do esporte, se eu fosse rico e comprasse tudo que visse pela frente não ia ter a mesma graça, ia banalizar. Prefiro me sentir como um caçador, explorando a cidade atrás de gibis raros, com dinheiro suficiente apenas para um deles, e precisando mirar bem para acertar na compra certa. Que mentira idiota, é claro que eu preferia ser rico… Que droga…

Você  tem alguma mania de colecionador? Ou melhor: eu sei que, como colecionador, você tem algumas manias, quais são?

Eu fiquei tentando pensar em alguma, mas não consegui. Eu só me preocupo com a integridade física dos meus livros e revistas, não quero que eles dobrem nem amassem nem nada, e tomo cuidado para não dar traça nos armários. Fora isso, acho que não tem nada de mais. Mas por outro lado, todo maluco sempre acha que não tem nada de errado com ele…

Outro mangá esquisito que eu tenho é essa edição do Gen Pés Descalços traduzida para o Esperanto!

Tenho várias edições desse mangá. Elas datam de 1967 e 1968. Não tenho certeza de que revista é essa, mas dentro tem histórias do Fantomas. Comprei isso de um colega de escola. Aqui em Belo Horizonte existem muito poucos imigrantes de origem japonesa, então foi mesmo uma grande sorte minha ter conhecido esse cara. Fomos amigos no colégio todo, desenhávamos quadrinhos ao invés de estudar álgebra. Hoje ele é um famoso repórter futebolístico aqui em Belo Horizonte.

Falando em Japão, tenho alguns poucos exemplares de uma coisa muito bizarra que não existe mais: foto-novelas. Essa aqui é sobre um grupo de pilotos kamikaze.

Catálogo de uma exposição do Art Spiegelman que aconteceu no Rio de Janeiro. O conteúdo é fascinante, um dos meus livros favoritos, cheio de making ofs e artigos. Paguei 10 reais.

Quais são seus cinco personagens favoritos?

Se o seu pai e a sua mãe estivessem afogando e você só tivesse uma bóia, qual dos dois você salvaria? OK, vou tentar… Corto Maltese, Daigoro (Lobo Solitário), V (de Vingança), Snoopy e a mulher batata de Como Uma Luva De Veludo Moldada em Ferro.

Eu ia te perguntar quais são suas 10 HQs favoritas, mas não vou mais! Quero saber quais são as 5 melhores HQs lançadas depois de 2000?

Eightball 23: The Death Ray (2004)

The League of Extraordinary Gentlemen – vol. 2 (2004)

Black Hole (2005)

Asterios Polyp (2009)

Tales Designed To Thrizzle (2009)

Como pode ver, tem mais de 10 anos eu não consigo acompanhar o mercado europeu e o japonês…

Melhor quadrinho que eu pensei que era de depois de 2000, mas era exatamente de 2000: Jimmy Corrigan.

Melhor quadrinho que saiu no ocidente em 2002, mas é de 1998: Uzumaki.

Melhores quadrinhos dos anos 2000 que eu ainda não li: Fables, Promethea, Bone, Julius Knipl, Real Estate Photographer: The Beauty Supply District.

Melhor quadrinhos de 2000 que eu não gostei: Scott Pilgrim.

Melhor quadrinho depois de 2000 que ainda não lançou o final: X’ed Out.

Tem algum item que quer muito ter, mas está praticamente impossível de encontrar?

Uma vez eu quis achar um quadrinho underground de 1975 sobre uma mulher amputada que descobria um submundo de orgias sexuais de amputados. Depois que eu consegui encontrar isso scanneado, nunca mais duvidei de nada. Eu ia dizer que é difícil achar quadrinhos nacionais antigos, mas outro dia baixei A Garra Cinzenta completo em PDF, então até isso está rolando. OK, tem uma coisa que eu nunca achei para baixar direito: o Pogo completo do Walt Kelly. Eu sei que existe em livro, mas eu não tenho grana para comprar, e nunca achei em CBR. Mas um dia aparece…

O lendário Gibi, tão popular que virou sinônimo de revista em quadrinhos no Brasil, como Bom Bril e Coca-Cola. Por que não existem mais essas revistas com um montão de quadrinhos diferentes na mesma revista?

Gosto de colecionar quadrinhos de super-heróis brasileiros, como Fantar, Escorpião, Judoka, e o Raio Negro. Essa capa é de uma re-edição do Raio Negro que saiu nos anos 1990 pela saudosa editora ICEA, que também publicava as revistas Mephisto e Guerreiros de Jobah.

Essa aqui é de um quadrinista americano chamado Michael Neno. O gibi dele é uma espécie de Jack Kirby pós-estruturalista com pitadas de psicodelia e absurdismo. Cativante!

Qual foi sua última leitura e qual está sendo a atual?

Outro dia eu reli Vida Boa do Fábio Zimbres, que é fantástico, mas o senso de humor não é para qualquer um. O Zimbres é um grande mestre. Fora isso estou relendo muita coisa antiga para pesquisar para o livro que estou desenhando atualmente. Muito Peanuts, Calvin e Haroldo, Krazy Kat, e principalmente três tirinhas que eu não lia há muitos anos e que são bem melhores do que eu me lembrava: Recruta Zero, Hagar, o Horrível e principalmente Kid Farofa.

Daniel muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Freqüentem as gibitecas e sebos da sua cidade. Quando for a uma livraria, perguntem pela sessão de quadrinhos. Levem quadrinhos para o trabalho, a faculdade, a academia. Mostrem os livros para seus conhecidos, comentem, incentivem eles a ler. Leiam quadrinhos em público, em cafés, bares, restaurantes, bancos de praça, filas. Formem clubes de leitura de quadrinhos. Incentivem as crianças para que continuem lendo quadrinhos mesmo depois de adultas. Quando precisarem comprar um presente de aniversário, dia das mães, dia dos namorados, natal, comprem quadrinhos, especialmente para pessoas que não têm o hábito de ler quadrinhos. Fiquem atentos aos quadrinhos independentes, aos artistas que estão aparecendo agora. Vão a todos os encontros, convenções e lançamentos de livros que puderem. E acima de tudo, peguem um lápis e um papel e vamos fazer quadrinhos, porque o mundo sempre precisa de mais!

Meu livro de cabeceira: o criador do Coringa organizou essa coleçao de tiras antigas comentadas pelos maiores craques dos quadrinhos, gente como Mort Walker e Milton Caniff e Walt Kelly. É cheio de coisas obscuras maravilhosas, um tesouro sem fim de inspiração.

O que diabos esse gibizinho estúpido sobre uma supermodel está fazendo na minha coleção? (1/2)

Ora essa, mas então era assim que o Stan Lee pagava o aluguel antes de inventar o Homem-Aranha! E pensar que esse gibi saiu no Brasil! (2/2)

Aquisição recente: um lote de "El Víbora"s encadernadas que ganhei de um amigão meu que é basco e me trouxe uma sacola cheia desses gibis tão lendários. Impossível explicar o quanto isso vale pra mim.

Revista para jovens de 1947 que ganhei de uma leitora do meu Twitter, cuja identidade será preservada por motivos de segurança dela e da família dela. Vejam só que preciosidade esses quadrinhos super esquisitos. "Os Enganos de Pituca na Bahia"

Outro presente dos meus grandes amigos que moram na Espanha: a madrinha do meu filho trouxe esse catálogo de uma exposição do Wallace Wood que aconteceu lá em Barcelona. É um calhamaço enorme, maravilhoso, de um artista que eu amo muito. Só dava pra comprar direto no museu, não tem isso pra vender na Amazon nem nada do tipo.

Minha Estante #13 – Ricardo Bittencourt

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Olá, amigos!

Eu tenho certeza que vocês estavam ansiosos aguardando mais uma entrevista da coluna Minha Estante.

Pois bem, estão preparados para conhecer mais um linda coleção de quadrinhos? Tem certeza?

Pergunto isso por que depois de conhecer o acervo do Ricardo Bittencourt a lista de itens do sonhos vai aumentar consideravelmente. Mas não se preocupem, se a grana estiver curta nosso entrevistado deu algumas dicas de webcomics sensacionais!

Espero que curtam e comentem.

Olá, Ricardo! Obrigado por topar essa conversa! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Olá, eu sou o Ricardo Bittencourt, mas as pessoas me conhecem mais como RicBit. Moro atualmente em Belo Horizonte, tenho 35 anos, e comecei a ler gibis bem cedo, começando com Disney e Turma da Mônica.

Quando criança, eu morava bem perto do estúdio do saudoso Ely Barbosa, e sempre passava por lá me oferecendo pra desenhar gibis pra ele (eu tinha por volta de 10 anos na época, claro que nunca fiz nada a sério lá, mas ele sempre me dava uns model sheets para eu treinar). Em casa, eu fazia meus próprios gibis, sendo que o mais engraçado dessa época era “O Homem que Usava Calcinha“. Esse gibi ganhou até um remake recente feito pelo Vitor Cafaggi:

Com o tempo eu fui deixando o desenho de lado pra me dedicar à minha outra paixão: as ciências exatas. Fiz o curso técnico de eletrônica, me formei na USP em telecomunicações, e atualmente trabalho como engenheiro no Google. Mas a paixão por gibis sempre se manteve.

Aproveite o espaço e faça um jabá dos seus blogs e também o da sua esposa, que pelo que sei é uma baita ilustradora!

Eu tenho vários blogs, tem uma lista completa deles no meu perfil no Google+. O meu blog principal, o Brain Dump, é sobre ciência e tecnologia, mas tem dois outros que são sobre quadrinhos: e o Gibis Autografados, onde eu conto curiosidades sobre a minha coleção, e o Pacotinho de Gibis, que era um blog onde eu escrevia resenha dos gibis que eu lia na semana (mas tem um tempo que não atualizo). Além disso, eu também escrevi uma máquina de busca para gibis, o Gibit.

Essa coisa de quadrinhos é tão pervasiva na minha vida que eu acabei casando com uma quadrinista! A minha  esposa, Ila Fox, mantém um blog que é atualizado diariamente com desenhos. Dentro do blog ela desenvolve algumas webcomics, as mais populares são as tirinhas do Ovelhinho e da Foxzilla. Na última Rio Comicon ela também lançou o primeiro gibi impresso dela, o Ilações de Ila Fox #1, com uma coletânea das melhores tirinhas do primeiro ano do blog.

Vou mudar um pouco a ordem das perguntas que costumo fazer e já matar a curiosidade dos leitores. Quantas HQs você tem?

Ahn, eu não sei. Recentemente eu comecei a catalogar os gibis que tenho em casa, a lista até agora tem 2084 gibis. Ainda tem um punhado que eu não cataloguei, e um outro tanto que ainda está na casa dos meus pais, então eu imagino que o total deve ser em torno de 3000 gibis.

Mas a coleção não vai crescer muito mais que isso. Eu costumo dizer que coleções de gibis tendem a seguir cinco níveis de evolução:

Nível 1: Você compra gibis para ler.
Nível 2: Traduções nacionais não são o suficiente, você precisa dos originais.
Nível 3: Encadernados originais não são o suficiente, você precisa das primeiras edições.
Nível 4: Primeiras edições não são o suficiente, você precisa delas autografadas pelo autor.
Nível 5: Reproduções autografadas não são o suficiente, você precisa da arte original.

Eu estou no nível 4, então eu não tenho mais barato em ficar comprando grandes quantidades de gibis, um único autografado eu acho bem mais legal. Os poucos que ainda compro são para completar coleções de quando eu estava no nível 3. Não sei se vou chegar no nível 5 um dia, nesse ponto os preços são mais altos do que eu estou disposto a pagar.

E quando foi que se transformou de leitor ocasional de quadrinhos para um colecionador aficionado?

Eu era um leitor ocasional quando era criança. Na época do colégio técnico, por uma feliz concidência, eu morava bem perto da Gibiteca Henfil, e aí eu passei de leitor ocasional para leitor obstinado (nessa época a Gibiteca ainda era na Sena Madureira). Passava tanto tempo na Gibiteca, que provavelmente eu li o acervo inteiro da época. Já a transição de leitor para colecionador aconteceu por uma série de fatores. O primeiro é que a Gibiteca não estava recebendo gibis novos, então eu mesmo tinha que comprar se quisesse ler histórias recentes. Mas comprar com os dinheiro dos pais não rola, então a coisa só ficou séria quando eu comecei a trabalhar e ganhar meu próprio dinheiro. Por fim, eu perdia muito, muito tempo dentro de ônibus, metrô e trem em São Paulo, e por isso, sempre precisava ter alguma coisa para ficar lendo. Por conta disso tudo, eu acabava comprando quase tudo que saía em banca.

Qual foi seu primeiro personagem favorito? Ele ainda ocupa esse posto ou alguns detratores conseguiram, depois de escreverem tantas histórias ruins, rebaixá-lo?

O meu primeiro personagem favorito foi o Tio Patinhas, então eu dei sorte, nunca cheguei a ler nada que fosse muito ruim (o povo que começou a ler com a Marvel certamente se saiu muito pior). Quando eu era pequeno, ganhei de um tio uma coleção enorme do Disney Especial, que era uma coletânea temática de quadrinhos Disney. Nessa série tinha histórias excelentes, como aquela que o Patinhas disputa com o McMoney pra ver quem tem mais dinheiro, e a disputa só se resolve comparando quem tem mais barbante; ou aquela outra onde eles vão para o cinturão de asteróides e ligam uma corda entre um planetóide habitado mas estéril, e outro que era opulento mas inabitado. Acho que eram todas do Carl Barks. A mais memorável é certamente a Lost in Andes, onde o Donald vai procurar ovos quadrados em Macchu Picchu. Hoje em dia o pouco que acompanho do Tio Patinhas são as histórias do Don Rosa, aquela mini série com a origem do Patinhas foi excelente e está definitivamente à altura do Barks.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante

Tem muitas séries que eu lia na versão traduzida da Abril, mas acabei comprando depois no original. A Abril tinha o péssimo costume de cortar páginas das histórias, então além de perder na tradução você ainda perdia algumas páginas de arte. Por exemplo, uma coleção que eu fechei foram todas as edições de Excalibur desenhadas pelo Alan Davis.

Na versão traduzida você perdia a contra-capa, que sempre tinha alguma arte bacana. O Excalibur era um pouco mais caro que os outros gibis da época, e por isso a contra-capa vinha com um desenho extra de brinde.

Ainda do Alan Davis, eu tenho o Uncanny X-Men Annual #11, com uma história que eu não lembro de ter sido publicada no Brasil. Tenho também o Modern Masters: Alan Davis, que é uma entrevista de cem páginas, cheia de sketches, publicado pela TwoMorrows.

No tópico do Excalibur, outra série que não sei se saiu no Brasil foi o X-Men: True Friends. Esse tem uma história curiosa, o roteiro era para ser um especial do Excalibur, mas quando o Claremont saiu/ foi chutado da Marvel, arquivaram a história. Depois, quando o Claremont voltou, ressuscitaram o roteiro.

Uma curiosidade dessa série é que foi a primeira aparição canônica do Mr. Raven. Na história, a Kitty e a Phoenix voltam no tempo até a época da Segunda Guerra, e lá elas encontram a Irene Adler e o Mr. Raven. Nas histórias originais dos X-Men sempre ficou implícito que a Sina e a Mística eram amantes, e aqui o Claremont deixa explicíto como isso rolava: a Mística virava homem de vez em quando. A conclusão imediata é que o Noturno foi inicialmente pensado para ser o filho da Mística e da Sina, pena que a Marvel foi conservadora demais para deixar esse plot ir para a frente.

Outra série mutilada que fechei foi a primeira série do X-Factor do Peter David. Na versão da Abril, eles pularam a melhor história da série, onde o X-Factor faz uma sessão de terapia com o Dr. Samson, numa história desenhada pelo Quesada.

Os três abaixo são originais do Arthur Adams. Eu tinha lido essas edições no formatinho da Abril, mas a arte do Adams é muito detalhada, precisa do formato americano para apreciar todos os detalhes:

Todas as séries anteriores eu fechei comprando em sebos. Já uma série que fechei comprando na época, enquanto saía, foi o Avengers do Kurt Busiek:

Outra pechincha que garimpei num sebo da Califórnia foram as doze edições originais do Camelot 3000 (e paguei só 10 dólares por elas!)

Mais uma que tenho todos os originais: Tomorrow Stories, uma das menos conhecidas do Alan Moore. Pena que essa série acabou tão cedo, era excelente. Uma das histórias desse mix, a Cobweb, era desenhada pela Melinda Gebbie, eu pedi para ela autografar o número um para mim na Rio Comicon.

Outra que eu não resisti comprar foram as edições originais da saga Days of Future Past, Uncanny X-Men #141 e #142.

Mais recentemente eu tenho comprado algumas bem antigas de um dos meus personagens prediletos, o Bizarro. Essas edições são de 1959, a #255 tem a primeira aparição da Lois Lane Bizarra, e a #263 tem a primeira aparição do Mundo Bizarro (ele ainda era esférico nessa edição, só fica cúbico mais pra frente).

Ainda na década de 50, a Mad Magazine #33 de 1957. Eu comprei essa por conter uma raridade: o primeiro texto publicado do Donald Knuth. Quem não é da área não deve conhecê-lo, mas ele é o maior cientista da computação ainda vivo. Na falta de comparação melhor, ele é tipo o Einstein da computação.

Agora imagine a minha surpresa ao descobrir que o primeiro trabalho do “Einstein da computação” foi um quadrinho na Mad, e desenhado pelo Wally Wood ainda por cima!

Eu tenho um punhado de coletâneas das minhas webcomics prediletas: Wasted TalentDinosaur ComicsPerry Bible FellowshipQuestionable Content,  Dr. McNinjaPenny Arcade.

Outra mania que tenho é sempre comprar um gibi local quando vou fazer alguma viagem ao exterior. Na Itália eu comprei um Tex original, na França um álbum do Jodorowski, na Índia vários gibis com lendas locais. A tiragem desses gibis indianos é insana, aqui no Brasil com 100 mil impressos você é um sucesso, mas essas indianas tem tiragem de 8 milhões.

Quantas HQs autografadas você tem?

Segundo a minha lista online, são 115 autógrafos. O número de gibis autografados é menor porque alguns tem mais de um autógrafo. Metade são de autores nacionais, em uma visita a um evento como a Rio Comicon ou o FIQ você consegue conhecer um monte de gente. Além disso, dos nacionais, uma boa parte é de artistas mineiros: eu gosto de participar dos encontros de quadrinistas que acontecem todo mês por aqui. Sempre que possível, eu tento conseguir os autógrafos com dedicatórias. Isso é uma coisa que os autores americanos curtem bastante. Por lá existe todo um mercado de gibis autografados: um gibi com autógrafo vale uma grana preta no Ebay, por isso muita gente pega autógrafos de autores que nem conhece só para vender depois. Um autógrafo com dedicatória não serve para vender, então os artistas sabem que esse é para a sua coleção particular, e não para comercializar por aí.

Qual foi o autografo mais difícil de conseguir?

O mais difícil foi o do Grant Morrison. Eu estava passeando pelo corredores da SDCC [San Diego Comic-Con] quando vi o Morrison dando autógrafos, e tinha uma fila muito pequena, uns quatro caras só. Na hora eu pensei: “Ueba! Tá pra mim!” e fui lá pro fim da fila. Mas eu devia ter desconfiado né? Quando que o Morrison ia ter fila pequena? Na verdade, as senhas para autógrafo tinham sido distribuídas horas antes, aqueles quatro eram os últimos quatro de um fila de mais de duzentos que já estava quase acabando! Mas eu resolvi arriscar assim mesmo, fui lá no segurança, que era maior que a minha estante de gibi, e falei “e aí tio, rola deixar eu entrar na fila?” Ele falou que não dava, que tinha senha, que eu devia ter vindo antes, que viola o protocolo e tal. Mas aí eu respondi “Mas eu vim lá do Brasil só pra ver o Morrison! Fiquei um sem-número de horas pensando nesse encontro! Você vai impedir o sonho desse terceiro-mundista?! Olha só meu passaporte, sou mesmo do Brasil!” Ele deve ter ficado com pena, respondeu que nem precisava ver o passaporte, pelo meu sotaque já dava pra ver que eu era brasileiro. E aí me deixou entrar na fila. Nessa hora eu agradeci por meu inglês não ser perfeito :)

Outro autógrafo complicado foi do Arthur Adams. O encontro fechava às 5:00 pm, e quando deu 4h58 eu estava indo pra saída, quando passo na frente de um estande e vejo o Arthur Adams ali. Fiquei todo animado, eu adoro a arte dele, tenho os originais daquelas histórias dos X-Babies e da saga de Asgard. Eu perguntei o que ele estava vendendo, e tinha um sketchbook lindão por 15 dólares.

Mas aí eu abri a carteira e, dammit, tinha só 2 dólares. Cartão de crédito quase nenhum autor aceita, e a ATM mais próxima ficava do outro lado do evento, até eu tirar o dinheiro e voltar já teria fechado o salão. Aí o jeito foi apelar, “olha, eu não tenho 15 dólares aqui mas queria muito alguma coisa sua”. Ele disse que não tinha pressa, ele vinha pro encontro no ano que vem. Mas aí eu falei “tipo, eu vim lá do Brasil, não sei se consigo vir ano que vem!”

Aparentemente a história de vir do Brasil é boa, no fim das contas por aqueles 2 dólares ele vendeu um poster de Monkeyman and O’Brien, uma série bem bacana que ele fez na Dark Horse.

Qual o item mais raro da sua coleção?

É engraçado, mas o item mais raro da coleção é bem recente, de 2008. Eu tenho o gibi do Google Chrome, que foi feito pelo Scott McCloud para explicar como funcionava o browser do Google. Esse gibi nunca foi vendido, eles mandaram os originais para jornalistas e bloggers como divulgação, e o pouquinho que sobrou foi distribuído entre os engenheiros.

Antes do gibi vir a público, o Scott McCloud tinha ido no escritório dar uma palestra sobre quadrinhos, que eu tive a oportunidade de assistir. O Google sempre convida autores para dar palestra no escritório, se você procurar por Authors@Google no youtube vai achar um monte dessas palestras.

Como você guarda suas revistas e quais técnicas usava para conservá-las?

Complicada essa. Eu morava em Interlagos, ao lado do autódromo. Como o nome sugere, o bairro fica entre dois grandes “lagos” (na realidade, as represas Billings e Guarapiranga). Pela localização, o bairro é extremamente úmido, então eu era obrigado a guardar todos os gibis em sacos plásticos e eu não gosto de sacos plásticos, por dois motivos.

O primeiro era que eu usava sacos plásticos genéricos da Kalunga, e com o tempo isso foi deixando os gibis amarelados. Aqui é uma escolha do menor mal: antes amarelado que todo enrugado e grudado pela umidade. O segundo motivo é que aumenta o custo de leitura. Gibis são leituras casuais, eu passo na frente da estante e pego um pra ler. Se tiver que ficar abrindo saquinho antes de ler, eu desanimo e vou fazer outra coisa.

Depois que eu mudei para Belo Horizonte isso ficou bem minimizado. A cidade é bem mais seca, então eu me sinto seguro em deixar os gibis fora do plástico, só tomando o cuidado de colocar uns absorventes de umidade nas prateleiras.

Outra coisa que não gosto são caixas, pelo mesmo motivo. Lugar de gibi é em estante, se ficar dentro de caixa eu nunca vou ter paciência de tirar pra ler, e eu não vejo sentido numa coleção que não é lida.

O hobby de colecionar quadrinhos é repleto de histórias felizes e tristes. Não quero te fazer relembrar momentos ruins, então conta pra gente uma história feliz!

Eu casei com uma quadrinista né? Meus momentos mais felizes acabam envolvendo minha esposa, como o primeiro desenho que ela fez da gente, ou a tirinha de quando nós casamos. Acabei virando um personagem regular nas tirinhas dela.

Outra história bem bacana foi meu primeiro quadrinho publicado no exterior. Um dos webcomics que eu mais curto é o Wasted Talent, da Jam. O quadrinho é sobre a vida dela como engenheira, e ela escreve desde os tempos da faculdade até a fase profissional atual. Em um certo ponto, ela teve que parar com o quadrinho porque ia casar e passar umas semanas fora em lua de mel. Pra não deixar o webcomic vazio, ela pediu contribuições para rodar como guest comic.

A máxima do escritor é que você deve escrever sobre assuntos que domina. E de engenharia eu entendo, então achei que dava conta de um fazer um roteiro. A Ila desenhou e nós mandamos pra Jam. No fim, ela curtiu tanto que o nosso quadrinho foi logo o primeiro da série de guest comics!

Eu tive uma boa dose de histórias tristes também, acho que a mais marcante foi quando eu encontrei a filha do finado Dick Giordano. Ela estava vendendo um sketchbook autografado pelo pai, e me disse que eram as últimas edições que o pai tinha assinado antes de morrer.

Mas tem um problema na história. Pra evitar falsificações, sketchbooks costumam ser numerados. E o que ela estava vendendo não tinha numeração:

Concluí que ela mesma deve ter falsificado a assinatura do pai. Eu achei isso muito, muito triste. Os quadrinhos são uma indústria de merda se um autor tão conhecido como o Giordano deixou tão pouco para as filhas que elas precisam falsificar assinatura para viver :(

Eu comprei o sketchbook, mesmo sabendo que não era original, para ajudar a guria. Em geral eu não compro gibis previamente autografados, mas abro exceção quando é pra ajudar autores que estão numa fase ruim por causa da indústria leonina que abusava do trabalho deles. Por exemplo, eu tenho gibis autografados pelo Chris Claremont e pelo Marv Wolfman, que comprei da Hero Initiative, uma ong que repassa todas as vendas para autores em necessidade:

Já que você comentou da San Diego Comic Con, conta pra gente como foi essa experiência?!  Sua esposa apresentou algum trabalho por lá ou foi só curtição mesmo?

Eu fui para a SDCC sem querer! Por causa do trabalho, eu preciso viajar muito para a Califórnia. E essa viagem tem um problema: quando você vai pra New York, por exemplo, pode pegar um vôo direto onde você dorme no Brasil e acorda pousando no JFK. Para a Califórnia não dá, sempre tem que fazer uma escala em algum lugar. E o resto do caminho são mais quatro ou cinco horas que você precisa passar acordado e sem internet.

O que eu costumo fazer é comprar alguma coisa em papel pra ler nesse trecho. Naquela vez, eu comprei uma Wizard Magazine, e lá na última página tinha a propaganda da SDCC que seria na semana seguinte. Eu logo pensei “uepa, eis uma boa oportunidade!”

Mas ir para a SDCC marcando tudo uma semana antes é tarefa pra maluco. Ingresso é super difícil de encontrar, eu consegui um único ingresso para o domingo, que é o dia mais vazio do evento. Avião era impossível, todos os vôos para San Diego estavam lotados. A solução foi voar até Los Angeles e fazer o resto do trajeto de trem. E hotel, sem chance. A única vaga que achei foi num quarto minúsculo em um YMCA de San Diego. Nem banheiro o quarto tinha, era um banheiro coletivo para o andar todo.

Mas apesar da loucura de fazer tudo na última hora, valeu a pena demais. É um passeio que todo gibizeiro tem que fazer uma vez na vida. Você encontra os criadores, pode ver os itens promocionais dos filmes que estão pra sair (nesse ano que fui deu pra ver de perto a nave do Coruja, usada no filme Watchmen), e ainda tem como comprar muita pechincha (é normal encontrar, por exemplo, promoções com dois encadernados da Marvel por 10 dólares).

Depois dessa primeira SDCC eu peguei a manha, e a agora sempre que tenho que ir pros usa à trabalho, confiro no Geek Calendar a data que estou indo. Não importa a época do ano, sempre tem uma convenção de quadrinhos em cada fim de semana, e avião dentro dos EUA é bem barato, você cruza de uma costa a outra pagando menos que uma ponte áerea do Rio para SP.

Se na encruzilhada você tivesse que escolher somente cinco itens da sua coleção, qual salvaria?! Essa é braba né?!

Braba, mas relevante. Uma formulação alternativa é: “o que você faria com sua coleção se tivesse que mudar de país?”. Eu mudei de São Paulo para Belo Horizonte faz quatro anos, e ainda não consegui trazer todos os gibis. E olha que em toda viagem que eu faço pra lá, trago na volta uma mala cheia deles.

Se eu tivesse mudado para o exterior seria pior ainda, aí nem levando aos picados teria jeito. Numa situação dessas, eu acho que iria vender ou doar o grosso dos gibis, e manter só os autografados. O resto sempre dá pra comprar de novo depois.

Você acompanha alguma saga atual envolvendo super-heróis?

A única série de super-heróis que acompanho mensalmente é Invincible, do Robert Kirkman, que é a melhor série de supers desse milênio, muito acima do material que a Marvel e a DC tem publicado nos últimos anos. Invincible é divertido como o Homem-Aranha do Stan Lee, e é dinâmico como os novos X-Men do Claremont e Cockrum, passando longe da descompressão típica do Bendis que assola o mainstream.

Acho que a série funciona muito bem porque o Kirkman abraça os clichês do gênero sem medo. Tem sidekick, tem herói maligno da dimensão parelela, dinossauro que fala e tudo o mais. Além disso, os vilões são memoráveis, quando eu leio até dá vontade de deixar crescer um bigodão viltrumita.

Eu tenho alguns volumes da versão traduzida, mas eles publicam tão lentamente que desisti de comprar. Atualmente Invincible é uma série que eu leio diretamente no tablet. No app da Comixology ele sai no mesmo dia que o print, e várias horas antes do piratão escaneado. A única parte chata é que no tablet não dá para pegar autógrafo :)

Tem algum item ou coleção que tem vergonha de deixar em posição de destaque na estante? Eu mesmo deixo lá no fundo minha coleção do Spawn, Heróis Renascem…

Eu tenho alguns itens bizarros na coleção. Acho que o mais curioso é um Youngblood #1 autografado pelo Rob Liefeld. Eu estava passando pelo estande dele, vi o homem sentado lá, e pensei “uai, quem tá na chuva é pra se molhar”. Outro item estranho é uma biografia da Stephenie Meyer em quadrinhos, que ganhei num sorteio.

Mas eu não tenho vergonha desses itens não, acho engraçado. O que eu tenho vergonha mesmo é de ter os originais do Dark Knight Strikes Again do Miller. Como eu fui gastar dinheiro com essa bomba? É ruim de doer, tenho certeza que isso é uma pratical joke do Miller, ninguém faz uma atrocidade dessas sem ser uma pegadinha.

Quais são as cinco melhores HQs lançadas depois de 2000?

Difícil hein? Eu não me atrevo a definir quais são as cinco melhores, então vou só citar cinco séries bem legais que me vem à mente. Como eu já falei de Invincible, então faltam quatro.

Eu gosto bastante de Hikaru no Go. O mercado no Japão é muito maior que o nosso, e eles tem espaço para fazer gibi de nicho. Se você gosta de carros, pode ler Initial D, se você gosta de tênis, tem o Prince of Tennis. Se você gosta de jogar Go, tem o Hikaru no Go. Como eu adoro o jogo de tabuleiro, sou fã da série também.

Eu estava comprando essa série em japonês, mas aí a JBC começou a lançar com tradução do Arnaldo Oka, e em tradução do Oka eu confio (nós trabalhávamos juntos em projetos multimídia quando ambos estávamos na USP).

No mercado impresso americano, gibi de nicho não tem vez, se não for super-herói é muito difícil de publicar. Mas isso não é verdade em webcomics. Na web, os quadrinhos de nicho florescem. Um dos meus prediletos é o xkcd, que é uma série de quadrinhos sobre matemática e computação. Do xkcd eu tenho uma arte original, que o Randall desenhou pra mim quando estava lá na SDCC:

Outro webcomic que sou viciado é o Questionable Content. Esse é vicio mesmo, um amigo me apresentou a tirinha, e quando eu vi tinha passado um fim de semana inteiro lendo 700 tirinhas do arquivo em seqüência. A história em si é um sitcom no estilo do Friends, mas é um Friends num universo onde é normal ter em casa um robô tarado de estimação.

Eu tenho várias artes dessa série em casa, mas a história mais curiosa é do livro que eu comprei em pre-order. Quem comprasse em pre-order ganhava autografado e com sketch exclusivo, e você podia escolher qual personagem você queria no sketch. Eu escolhi a opção “tanto faz”.  Depois, no twitter, o autor falou que todos que escolheram “tanto faz” iriam ganhar um sketch do Bonercat (o Gato do Pau Duro).

Mas acho que ele mudou de idéia, e o meu livro veio com o Pintsize mesmo :)

Por fim, New X-Men do Grant Morrison. É uma obra muito rica, com várias leituras possíveis, e uma das analogias que encaixam bem nessa série é a evolução do nerd moderno. De um tempos pra cá ser nerd virou cool, e por que isso não poderia acontecer com mutantes também? Vinte anos atrás você era desprezado e perseguido, mas hoje em dia, tem gente que acharia legal ter um amigo que tem telecinese ou que solta raio pelo olho. E se tem gente que faz bodymod pra ter orelha de elfo, por que não teria alguém que faz transplante de órgãos mutantes só pra ter um super-poder também?

Uma parte curiosa da cultura nerd é que a opressão era tão forte que tem gente que acha ela fazia parte da identidade do nerd. É normal ver por aí o povo dizendo que “esses neo-nerds são só modinha, se você não apanhou na escola você não é nerd de verdade”. Do mesmo jeito, tem personagem que acha que é fácil ser mutante se você é popular como a Jean ou a Emma, mas e quem nasce com asa de mosca e cuspe ácido? Esses continuam amargos, mesmo quando os mutantes em geral são bem vistos. E aí o Magneto vai lá e os recruta pra irmandade.

Esse novo status quo para os X-Men era excelente, foi uma pena que desfizeram tudo assim que o Morrison saiu. Essa série eu também tenho completa no original:

Você tem alguma “mania de colecionador”, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar?

Eu não vejo muito sentido em emprestar quadrinhos hoje em dia. Quando alguém me pede emprestado alguma série, eu baixo o .cbr e mando por email. Eu não tenho problemas éticos com isso porque acaba dando na mesma: se eu emprestasse, o autor também não iria ganhar nada.

Para guardar, eu tenho um problema mais mecânico que estético. Como as estantes ficam na sala, junto com o home theater, elas vibram se eu jogar videogame com o som muito alto. Para minimizar isso, eu mudei a ordem dos livros e dos gibis, assim itens como originais americanos e mangás, que usam papel de gramatura baixa, ficam em cima; e gibis de gramatura alta, como as Wizard e as Premiuns, ficam embaixo.

Quais foram os últimos quadrinhos que comprou? E qual o último que leu? Gostou?

O último que comprei foi o Thor Omnibus, um volumão de 1200 páginas com todas as histórias do Walter Simonson. O que me atraiu nesse volume foi a colorização, que foi refeita pelo Steve Oliff. Eu sou fã do Oliff desde a época do Akira, ninguém tem mais experiência em pintura digital que ele.

O último que li, ou, na verdade, o último que reli foi Os Passarinhos do Estevão Ribeiro, que eu também tenho autografado. Os argumentos do Estevão são excelentes, se você ainda não leu Pequenos Heróis, corra pra ler!

Tem algum item que quer muito ter, mas está impossível de encontrar?

O New Mutants #98. Eu gosto muito da série original dos New Mutants, e, dos cem números que saíram, falta só o número 98 para eu completar a série. O problema é que esse número também é a primeira aparição do Deadpool, e como o personagem está na moda agora, os preços dessa edição estão bem altos. Eu sou mão-de-vaca, não tenho a manha de pagar 100 dólares num gibi, ainda mais num gibi do Liefeld.

Como a indústria é cíclica e eu não tenho pressa, posso esperar até o Deadpool sair de moda e comprar o gibi na baixa. Ou, se der sorte, posso achar num sebo por aí. O truque de comprar gibis antigos nos USA é não procurar nas lojas especializadas, nelas os donos sabem quais gibis são raros e cobram apropriadamente. Já em sebos você encontra edições antigas bem em conta.

Ricardo, muito obrigado pela entrevista! Foi um prazer conversar com você. Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Eu é que agradeço pelo espaço. Para os colegas de hobby, a dica que eu dou é sempre tentar ir aos eventos de quadrinhos. Aqui mesmo, no Brasil, tem dois eventos periódicos muito legais: o FIQ e a Rio Comicon, e por lá você sempre pode encontrar vários autores para autografar seus gibis :)

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #14 – Afonso Andrade

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Olá, colecionadores de quadrinhos do Brasil!

Hoje apresentamos a vocês a eclética coleção de Afonso Andrade, coordenador geral do FIQ, o maior festival de quadrinhos do Brasil! Então você imagina o amor que ele possui por essa arte e o quanto se dedica em divulga-lá, né?!

Com essa entrevista o Pipoca e Nanquim completa um pequeno ciclo de apresentação dos organizadores do evento. Primeiro conversamos com o curador e expositor Ivan Costa e depois com o curador Daniel Werneck e agora com Afonso.

Comentem lá em baixo o que acharam dessa estante e se vão ao FIQ! Nos aqui do PN não vemos a hora de chegar 9 de Novembro!

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Olá, Afonso! Desde já agradeço sua participação. Para começar nos conte um pouco sobre você, onde nasceu, mora, o que faz na vida profissional?

Nasci e moro em Belo Horizonte. Sou formado em História, mas desde 2002 atuo profissionalmente na área cultural. Em 2005 fiz parte coordenação do 4º FIQ e, a partir de 2007, assumi a coordenação geral do evento.

Quando você começou a se interessar por quadrinhos?

Gostava de quadrinhos quando era criança. Lia muito Turma da Mônica, especialmente as histórias do Pelezinho, e Disney. Adorava Disney Especial, aquelas edições temáticas: inventores, astronautas, detetives. Na adolescência o interesse diminuiu e praticamente parei de ler quadrinhos.

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista?

A redescoberta dos quadrinhos aconteceu quando estava na Universidade. Por causa do Pasquim já gostava de cartuns e comecei a acompanhar a Chiclete com Banana e a Circo. Uma história do Laerte, os “Palhaços Mudos”, me deixou de queixo caído. O que era aquilo? A narrativa, a dinâmica da história. Nunca tinha lido nada parecido. Depois um colega da faculdade me mostrou um quadrinho que estava lendo: Batman: o Cavaleiro das Trevas. Aí não teve mais jeito, precisava de mais (risos).

Autógrafo do Laerte na história dos palhaços mudos, publicada na Circo.

Quando aconteceu a mudança de leitor ocasional para colecionador inveterado?

Na época da Circo, Chiclete, Cavaleiro das Trevas, o Brasil vivia um momento de expansão da publicação de quadrinhos, com a chegada de vários títulos nas bancas. Acho que sou mais um leitor inveterado, do que um colecionador. Como, na época, as bibliotecas não tinham quadrinhos e eu quase não conhecia outros leitores, comprar era a solução.

Quantas HQs você tem?

A última vez que contei, girava em torno de 4000 exemplares.

Visão geral do escritório e “centro de entretenimento” da família, onde ficam os quadrinhos

Baú, onde guardo formatinhos. Ele foi feito pela minha esposa com recortes de Batman P&B.

Baús e caixas com parte da coleção

Quais são os principais itens de sua coleção, séries e mini-séries completas, encadernados de luxo, edições raras, etc.

Tenho bastante material da década de 80, acho que praticamente tudo o que foi publicado na época. Também tenho uma boa coleção de Metal Hurlant e El Víbora.

Tenho um gosto bastante eclético, até por dever profissional, gosto de acompanhar o mercado, lançamentos e novos autores.

Voltei a comprar mais coisas, principalmente, a partir de meu envolvimento com o FIQ.

Não tenho tantas edições raras, talvez os livros e revistas autografados.

Qual o item mais raro de todos todos todos?

Tenho uma edição de um livro do Ota sobre o Zéfiro, autografado por ele. Até a 1ª Bienal de Quadrinhos do Rio, em 1991, a verdadeira identidade do Zéfiro era desconhecida, um segredo de estado. Os organizadores do evento conseguiram que ele viesse a público e participasse da Bienal. Assim consegui sua assinatura no livro. Pouco tempo depois da Bienal, Zéfiro faleceu.

Tenho dois outros autógrafos que tenho carinho, do Eisner, de 1997, quando esteve  na 3ª Bienal de Quadrinhos, em BH e uma edição de Top 10, nº 1,  com autógrafo do Alan Moore, que ganhei do grande amigo Ivan Costa.

Autógrafo do Zéfiro

Autógrafo do Alan Moore na Top 10 #1

Autógrafo do Eisner em 'Nova York a Grande Cidade', um dos meus livros favoritos

Desenho feito pelo Bem Templesmith

Belo autógrafo do Craig Thompson

Autógrafo do Liniers. Alguns autores estrangeiros acabam grafando meu nome errado: “Alfonso”

Como você guarda sua coleção de HQs? E qual técnica usa para conservá-los?

Os colecionadores vão querer me matar, mas sou meio desorganizado. Como disse me considero mais um leitor que propriamente um colecionador. Guardo os livros e revistas em estantes de aço. Procuro manter longe do sol e umidade. Ultimamente o espaço está pequeno e preciso reorganizar a coleção e aumentar o número de estantes.

Tem algum item ou coleção que tem vergonha de deixar em posição de destaque na estante? Eu mesmo deixo lá no fundo minha coleção do Spawn, Heróis Renascem…

Não sei, talvez as edições da Image e outras publicações da década de 80. Naquela época conseguíamos comprar tudo que saía, tarefa impossível nos dias de hoje. È claro que a gente acabava comprando muita coisa ruim.

Já aconteceu alguma tragédia envolvendo suas preciosidades, como umidade, traça, roubo, fogo…?

Infelizmente, sim. Perdi há alguns anos, quando morava em outra casa, parte de minha coleção de formatinho por causa de traça. Ah, e sempre tem algum item que você empresta e não te devolvem.

Algumas publicações dos anos 70

Quadrinhos da década de 1950, com exceção do 'Rango'

O Gibi e Primeira edição do 1º livro do Henfil

O Gibi e Primeira edição do 1º livro do Henfil

Nos bastidores você comentou que não liga de emprestar seus quadrinhos. Mas com isso você não perde muita coisa ou recebe de volta amassada, suja e tal? Isso não te irrita profundamente?

Sabe que não. Sou um proselitista dos quadrinhos (risos). Se a pessoa leu e passou a gostar de quadrinhos, fico satisfeito. Claro que algumas raridades, principalmente com autógrafos e dedicatórias, evito emprestar.

Todo colecionador tem manias, eu, por exemplo, sempre cheiro meus quadrinho novos e não empresto, qual é sua?

Quando viajo sempre levo uma pilha de quadrinhos, que daria para ler durante meses, mesmo que a viagem só dure alguns dias.

Sem contar Watchmen, Cavaleiro das Trevas, Sandman e Piada Mortal, quais os quadrinhos que você sempre indica pra as pessoas?

Como acabo tendo contato com novos leitores ou com pessoas que querem começar a ler quadrinhos, gosto de indicar Persépolis, Gen: Pés Descalços, Supremos e dois livros novos, A Guerra de Alan e Três Sombras.

Em sua opinião, quais são os mais importantes quadrinistas do Brasil?

Assim fico numa saia justa. Vou falar de dois. Maurício de Sousa, pelo seu pioneirismo, visão, criatividade. Sempre desbravando novas fronteiras na linguagem dos quadrinhos, além de conseguir, num ritmo industrial, não perder a qualidade e o cuidado com o leitor.  Laerte que é o grande gênio de sua geração. Poucos sabem contar tão bem uma história como ele.

Recentemente eu conversei com o Ivan Freitas da Costa que contou alguns convidados confirmados para o FIQ 2011, principalmente os brasileiros e também o francês Cyril Pedrosa. Dias atrás foi divulgada a participação da excelente Jill Thompson. Tem mais algum nome que pode revelar pra gente que vai arrebentar a boca do balão?

São mais de 60 convidados, entre artistas nacionais e internacionais. Os dois últimos confirmados foram o Horacio Altuna e o Bill Sienkiewicz. Mas o restante dos nomes podem ser conferidos no site: fiqbh.com.br

Esse ano o homenageado será o Mauricio de Souza, pode adiantar algumas atrações envolvendo o pai da Turma da Mônica

Como homenageado, o Maurício criou a identidade visual do evento, teremos uma exposição alusiva ao seu trabalho e sua presença na abertura do FIQ.  Estamos conversando com sua equipe sobre outras possibilidades.

Autógrafo do Maurício de Sousa

O FIQ 2009 recebeu o dobro de público que do de 2007, cerca de 75 mil visitantes durante os cinco dias. Será que esse ano dobra novamente?!

Difícil saber. Estamos nos preparando para um público em torno de 80 a 90 mil pessoas. O interesse pelos quadrinhos aumentou bastante nos dois últimos anos. O movimento e a expectativa nas redes sociais estão bem grandes.

O local do evento já foi definido? Comportará a massa de 90 mil ávidos leitores de quadrinhos?

Sim. Será na Serraria Souza Pinto, local da edição de 2007. A Serraria tem capacidade para receber um grande público, com certeza.

Sendo um grande colecionador e diretor geral do FIQ, creio que já conheceu muita gente bacana e alguns ídolos, tem alguma história que queira compartilhar com a gente?

Isto me lembrou uma entrevista que ouvi com uma pessoa que trabalhava com desenvolvimento de games. Perguntaram se jogava muito. Ele disse que a partir do momento que começou a trabalhar com games, parou de jogar. Em um evento do tamanho do FIQ, ficamos muito envolvidos com a produção e logística. Assim, sobra pouco tempo para interagir e conversar com os artistas, como gostaríamos.

A grande vantagem de trabalhar com quadrinistas são o apreço, atenção, gentileza e, algumas vezes, paciência que todos os artistas têm com os leitores.

Ano passado homenageamos o Canini. Foi emocionante ver a alegria dele e da esposa, aqui em BH. Conversava com as crianças, distribuía autógrafos para todos. Outro momento memorável foi testemunhar o encontro dele com o Mauricio de Sousa, durante um almoço.

Para finalizar, deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Fica o convite para todo mundo vir a BH em novembro, de 09 a 13, participar do FIQ. O festival é inteiramente gratuito e repleto de atrações. Podem acompanhar pelo site: fiqbh.com.br, twitter: @fiq_bh ou facebook.com/festivalinternacionaldequadrinhos

Afonso, muito obrigado pela conversa! Em novembro espero encontrar com você ai em BH, para uma entrevista pro nosso videocast.

Obrigado a vocês e parabéns pelo ótimo trabalho de divulgação da cultura dos quadrinhos. Espero vocês aqui em novembro.

Desenho do Demolidor feito pelo Cris Bolson e Júlio Ferreira

Desenho feito pelo João Marcos (autor de Mendelévio e Telúria

Homem Aranha vigia alguns quadrinhos sobre guerras e aquisições recentes

Anéis dos Lanternas

Minha Estante #15 – Bruno Zago

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Olá, pessoal!

Depois de muito tempo, cobrança e porradas, Bruno Zago resolveu criar vergonha na cara e mostrar ao mundo sua estante de quadrinhos!!

Já estava ficando embaraçosa essa situação, pois muitos acreditavam que ele não tinha coleção nenhuma, só um HD de 64GB repleto de scans.

Mas isso tudo não passou de calúnia fomentada pela oposição. risos

Ele tem muitas HQs sensacionais, algumas raridades do arco da velha, encadernados de luxo, formatinhos clássicos e uma bela coleção de DVDs e livros de zumbis.

Finalmente o ciclo se completa e você pode conhecer a coleção das três mentes por trás do PN, Alexandre Callari, Daniel Lopes e agora desse bastardo.

Deixo aqui a promessa de refazer essas entrevistas daqui a 3 ou 4 anos para ver como as coleções aumentaram (ou diminuíram, se alguém ficar louco nesse ínterim)

Chega de conversa fiada, vamos ao que interessa!

Olá, Brunildo! É um prazer, finalmente nos receber em sua casa. O almoço estava ótimo. Agora, vamos o que interessa, conta pra gente como, quando e por que começou a se interessar por quadrinhos?

Opa. O prazer é meu, fiquem à vontade. Tem bolacha no armário da cozinha, se quiser pode pegar, mas você pega porque não vou ficar servindo marmanjo.

Desde que me conheço por gente eu gosto de quadrinhos. Sempre adorei passar em bancas. Lembro-me de quando minha mãe ia comigo em algum lugar a pé e por qualquer banca de jornal que por ventura passássemos em frente eu esticava o pescoço para espiar os gibis, isso quando não pedia pra minha mãe entrar e comprar algum pra mim. Eles sempre me chamaram atenção, adorava olhar as capas, pegar, folhear, ler a tira da última página da Mônica antes mesmo de comprar a revista, enfim, quadrinhos, misteriosamente, sempre exerceram um fascínio em mim. Claro, isso me fazia comprá-los, e logo eu me tornei colecionador.

Por toda minha vida também desenhei quadrinhos, eu tinha um caderno com mais de 100 super-heróis de minha autoria, inventava tudo, seus poderes, uniforme, nome, armas, veículos, grupos. Antes de desenhar supers eu também inventei uma turminha tipo a da Mônica, chamada Os Bichos. Fazia as revistinhas desses personagens em folha A4, aí dobrava todas como um A5 grampeava no meio e guardava. Meus quadrinhos tinham até página de propaganda que eu mesmo desenhava, haha, tudo pra parecer um gibi de verdade. Cheguei a desenhar vários cards de super-trunfo dos meus heróis, e um grande amigo meu desenhou os cards dos heróis dele, depois a gente jogava (o difícil era que sempre um queria apelar mais que o outro nos números, rsrs). Infelizmente, em uma chuva que entrou na minha casa eles acabaram ensopados, com o tempo veio o bolor e perdi todos os meus desenhos, seria uma recordação e tanto agora que não desenho mais.

Aqui ficam os álbuns com acabamento de luxo a maioria em capa dura e também alguns livros.Aqui ficam os álbuns com acabamento de luxo a maioria em capa dura e também alguns livros.

Coleção autografada pelo Mauricio de Sousa deixo em destaque.

Qual foi seu primeiro personagem favorito? Ele ainda é hoje em dia?

Nunca tive um personagem favorito, juro. Eu tive fases em que gostava mais de um personagem do que de outro. Por exemplo, nos anos 90 eu assistia aquela animação dos X-Men na TV Colosso e curtia muito o Wolverine, sempre me imaginava soltando garras das mãos, eu fazia até o som com a boca (“sshiiiiinnnnk”), vira a meche colocava lápis entre os dedos e brincava de ser o baixinho. Então, comecei a comprar as revistinhas do personagem, lembro muito bem da primeira, Wolverine #32 da Abril, que meus pais compraram na banca de um shopping que nem existe mais. Era uma história de continuação, portanto não entendi nada, mas isso não me fez deixar de comprar as outras. Em outra época gostava mais de ler Homem-Aranha, em outra mangás e assim por diante. Hoje em dia não consigo apontar um personagem favorito e não tenho mais essas fases, leio de tudo.

Lembra-se quando passou a guardar suas revistas favoritas e isso definitivamente virou um hobby?

Guardo com muito carinho em minha memória um dia que meu pai voltou de viagem de São Paulo junto com meu tio, e os dois me trouxeram duas revistinhas cada. Meu pai escolheu Disney e meu tio Mônica. Ganhar gibis, pra mim, sempre foi o melhor dos presentes, mas nunca tinha ganhado quatro de uma vez. Eu adorei, acho que foi desse dia em diante que comecei a pedir que meus pais sempre comprassem mais e quando alguém me dava uns trocados eu corria pra banca. No começo, comprava Mônica, depois fui na biblioteca infantil da minha cidade e troquei tudo por quadrinhos Disney, pois tinha um colega na escola que falava muito bem das histórias e me deu vontade de ler. Eu catalogava tudo e guardava em uma gaveta do guarda-roupa do meu quarto. Logo eu tinha duas gavetas, depois três e etc. Depois, claro, comecei a curtir super-heróis, aí vieram os mangás, até tomar contato com Vertigo e quadrinhos adultos e expandir meu leque a tudo quanto é tipo de quadrinhos.

Também me lembro de outra história envolvendo quadrinhos que meu pai comprou. Em retorno de outra viagem à São Paulo, ele me trouxe um pacote de coisas do Pato Donald, tinha um gibi, um livro ilustrado muito bacana e um VHS com três animações da Disney, que assisti mais de 200 vezes. Esse kit custou caro pra caramba eu acho, porque ele levou uma grande bronca da minha mãe. Ela puxou ele de canto, pra tentar me impedir de ouvir, e desceu o sarrafo no coitado, pois na época eles estavam passando por uma situação financeira difícil (coisa que a maioria das famílias já viveu). Caramba, embora eu tivesse curtido muito o presente, me senti meio culpado pela briga, sabe? Mas não importa, situações como essa se repetiram outras vezes e isso contribuiu para fazer de mim um ávido leitor.

Quantas HQs você tem?

Dos três do Pipoca e Nanquim eu sou o que tem menos HQs, pouco mais de 1.300 títulos. Quase tudo está cadastrado no site Guia dos Quadrinhos, vocês mesmos podem ver basta procurar lá por bruno zago.

Estante onde ficam quadrinhos de capa cartonada, minisséries fechadas, mangás e DVDs.

Tem mais mangás escondidos em fileiras atrás.

Tem mais mangás escondidos em fileiras atrás.

Estante onde ficam quadrinhos de capa cartonada, minisséries fechadas, mangás e DVDs. Para caber mais quadrinhos coloco os pacotes com séries fechadas em uma fileira atrás.

Estante onde ficam quadrinhos de capa cartonada, minisséries fechadas, mangás e DVDs. Para caber mais HQs coloco os pacotes com séries fechadas em uma fileira atrás.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que você tem muito orgulho de ter?

Sei lá cara, nunca parei pra pensar nisso. Por volta do ano 2001, eu deixei de ser colecionador. Vendi todos os meus gibis pra um amigo e fiquei sem nada na coleção, usei a grana toda pra comprar Magic e melhorar meu deck. Sim, sai de uma nerdice pra outra. Hoje me arrependo muito de ter feito isso. Nessa época eu já era adolescente e meus pais não me compravam mais nada, mal me davam uma mesada de cinco reais por mês, eram tempos difíceis. Eu deixei de colecionar, mas nunca de ler, pegava muitos mangás emprestados com amigos, e quando podia comprava alguns, mas não com intuito de colecionar. Eu abandonei os comics e me interessava somente por quadrinhos japoneses. Somente em 2004, quando comecei a desenhar fanzines com dois amigos (prática que abandonei quando ingressei em um estágio na faculdade e acabei por não voltar mais), foi que comecei a ler comics adultos, títulos europeus, underground, etc. Em 2006, segundo ano de faculdade, entrei em um estágio e passou a entrar uma graninha, somente então voltei a colecionar, minhas 1300 HQs foram adquiridas desse ano em diante. Como juntei coisa pra caramba em quatro anos, não deu tempo de desenvolver carinho por uma edição ou outra, gosto de todas em pé de igualdade.

Como você as guarda? E quais técnicas usa para conservá-los?

Guardo tudo dentro de saquinhos, pra proteger de umidade, poeira, traças e qualquer tipo de acidente. Coloco até álbuns com capa dura dentro de saquinhos. As minisséries ficam todas em um mesmo invólucro, assim acho mais fácil de guardar. Quadrinhos muito grossos eu prefiro manter deitados, pro peso do miolo não tombar a costura.

Ultimamente anda faltando espaço, não cabe mais nada no meu quarto. Os álbuns mais bonitos eu deixo nas prateleiras, os mais antigos mantenho em caixas em cima do armário (todos bem lacrados) e os mensais ficam no guarda-roupa, junto com as calças e blusas de frio, rsrs. Vou ter que colocar os quadrinhos nesse guarda-roupa de agora em diante, no pouco espaço que ainda tem lá dentro, as prateleiras já estão cheias e se colocar mais elas podem despencar da parede.

Quadrinhos mais antigos que não cabem nas prateleiras guardo dentro de caixas em cima do armário.

Os quadrinhos mensais não cabem na estante e ficam dentro do armário de roupas por falta de espaço.

Você recentemente passou por um apuro com sua coleção né?! Conta pra gente como foi…

Pois é, estava eu no trabalho quando uma tempestade fortíssima se abateu sobre a cidade. Puxa, a chuva estava mesmo de arrebentar, é difícil ver uma dessas. Uma meia-hora depois do início do pé d’água, que sequer tinha dado uma trégua, minha mãe liga no celular: “Bruno, na hora do almoço corre pra casa que a chuva entrou pelo telhado e molhou toda a sua estante de quadrinhos, seu pai está aqui tirando eles e enxugando”. Caramba, vocês nem imaginam meu desespero! Que hora do almoço que nada, sai no mesmo minuto do trabalho, avisei o pessoal que minha casa estava inundando (tem que dar uma aumentada, né?), corri para o carro debaixo de tempestade mesmo e fui a toda velocidade embora. Quando cheguei lá, minha estante estava toda molhada, foi foda. Eu só não perdi todos os meus gibis, porque o plástico os protegeu. Benditos plastiquinhos! Mesmo assim, havia alguns que ainda não tinham sido lacrados e esses ficaram ensopados. Depois de uma semana eles secaram, mas mesmo assim, estavam enrugados e duros, horríveis. Foi um baita susto. Depois desse dia me engajei em uma maratona colocando um monte de quadrinhos em saquinhos plásticos, mas mesmo assim ainda faltam vários.

Você compra mais HQs novas ou usadas?

Eu divido meio a meio. Nunca deixo de comprar novas, não pego no lançamento, mas também não demoro muito pra encomendar, ao mesmo tempo estou sempre em busca de quadrinhos antigos pra coleção. É difícil viu…

Você sabe mais ou menos dizer quanto gasta por mês em quadrinhos?

Depois que arrumei emprego, compro HQs todos os meses, quase sem falta. É uma delicia quando vira o mês do cartão de crédito, vou logo em busca de novas aquisições. O mais organizado seria ter uma verba separada pra isso, mas não tenho. Nunca me coloquei em dívidas por causa de quadrinhos, sempre pago minhas contas primeiro, guardo um pouco e o que sobra fica pros quadrinhos, geralmente uns cem reais, às vezes mais.

Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Como disse lá em cima, vendi todos meus formatinhos, portanto é raro eu possuir versões anteriores de algum lançamento. Quando acontece, eu não compro de novo não, acho besteira. Por exemplo, eu tenho Batman Ano Um da Abril, não vou comprar esse capa dura da Panini. Se por ventura eu ganhar, aí tudo bem, não me desfaço da antiga, fico com as duas, como é o caso de Piada Mortal.

Você já fez alguma “loucura” ou investiu muito dinheiro de uma vez só para adquirir quadrinhos?

Sim, vixi. Certa vez comprei uma coleção de umas 500 revistas por praticamente um real cada uma, ou seja, gastei quinhentão de uma vez, só que paguei em prestações, rsrs. Foi aí que minha coleção deu um salto grande. Nesse lote tinham várias minisséries da Abril, vários A Espada Selvagem de Conan, alguns formatinhos, as primeiras quatro edições de Batman – Cavaleiro das Trevas, dentre outras.

Falta pouco para completar as 100 primeiras edições de A Espada Selvagem de Conan, que são as que me interessam.

A gente sabe que vc tem muitas “manias de colecionador”, que é muito “migué” para emprestar e tal, estou mentindo? rs

Como se vocês também não fossem, tsc tsc. Sim, odeio emprestar. Esse papo de divulgar o gosto e o conhecimento por quadrinhos emprestando os seus invés de deixá-los parados não é pra mim, não, pra isso tenho o programa Pipoca e Nanquim. Já emprestei muito e sempre me ferrei, toda vez me devolviam com algum defeito, que por menor que fosse já me incomodava. Eu sou do signo de virgem e as pessoas tem razão quando dizem que esse é o signo dos perfeccionistas, eu gosto de meus quadrinhos impecáveis. Tento limpar marcas de digitais, não deixo os plastiquinhos mal lacrados, gosto das fileiras retinhas, leio tudo com cuidado etc. Eu sei quando alguém meche na minha prateleira, juro, se alguém colocar um dedo lá eu vou perceber.  Hoje em dia não empresto mais nada, quando deixo meus irmãos lerem alguma coisa ter que ser em casa, nada de sair com eles pra rua. Os quadrinhos que ficaram ensopados naquela chuva, dois deles tive que comprar de novo, eu não aguentei vê-los naquele estado. Foda né? Fora isso, gosto de cheirar os exemplares novos e de catalogar no Guia dos Quadrinhos logo quando compro. Ah e outra coisa, ao contrário do Alexandre Callari, não consigo ler sentado quando estou em casa, o sofá e a cama me obrigam a deitar.

Quais são seus roteiristas favoritos de todo o universo?

Primeiro a grande trindade, Alan Moore, Neil Gaiman e Frank Miller, nessa ordem, depois vem vários: Grant Morrison, Robert Kirkman, Brian K. Vaughan, Mark Millar, Warren Ellis, Joss Wheedon, Garth Ennis, Brian Azzarello, Bill Willingham, Brian M. Bendis, Ed Brubaker, J.M. Straczynski pra citar alguns mais recentes, sem contar os da velha geração como John Byrne, Roy Thomas, Chris Claremont, Stan Lee etc. São muitos. Ainda tem os roteiristas fora do mainstream, como Guy Delisle, Jodorowski, Hugo Pratt, Guido Crepax, Harvey Pekar, Charles Burns, Alex Robinson, Bill Watterson, Joe Sacco, Paul Pope, Christopher Blain, Art Spiegelman, essa pergunta não vale. Tem dos mangás ainda, putz, desisto.

Quais são seus desenhistas favoritos?

Mesma coisa, tem muitos, vou falar alguns que me veem primeiro à cabeça: Will Eisner, Robert Crumb, Joe Kubert, Joe Sacco, Bryan Hitch, Neal Adams, Ivaneis, Mike Mignola, Steve McNiven, Romita Jr., Bill Watterson, David Mazzuccheli, John Cassaday, Mike Deodato, Rod Reis, Mateus Santolouco, Rafael Albuquerque, John Byrne, John Buscema, Gil Kane, Danilo Beyruth, Gabriel Bá, Fábio Moon, Jack Kirby, Frank Quitely, Cyril Pedrosa, Dave McKean, John Bolton, Joe Jusco, Eduardo Risso, Alex Ross e vários outros. Mas meu preferido mesmo é o Will Eisner.

Will Eisner

Joe Sacco

Robert Crumb

Edições de luxo do Vagabond, uma coleção que infelizmente nunca vou poder completar.

Qual o item mais raro da sua coleção?

Tenho algumas edições de Mirim, o terceiro título de quadrinhos lançados no país, minha mais antiga é de novembro de 1937, Mirim #30. Tenho alguns Gibi, de 1942, 1943 e outra de 1948. Também consegui pra minha coleção alguns números solitários de O Globo Juvenil Mensal (de 1944), O Guri, O Lobinho, Bamba, pra citar alguns, todos da década de 50, e alguns títulos da Ebal (veja algumas fotos abaixo). Também tenho as quatro primeiras edições de luxo do Príncipe Valente da Ebal, são meio difíceis de achar hoje em dia. Exceto por essas, acredito que não tenho muita coisa que se possa considerar raridade.

Os dois primeiros volumes de Príncipe Valente da Ebal.

Quais são as cinco HQs que levaria para a Mansão da Playboy?

Poxa cara, na Mansão da Playboy é foda levar quadrinhos, lá não ia levar não, refaz essa pergunta aí.

Haha, que mala! Está bem, pra Mansão do Conde Drácula?

Agora sim. Vou responder quais seriam as cinco séries, ok? Sandman e Lobo Solitário (pra reler buscando os detalhes), Os Mortos Vivos e Preacher (pra fortes emoções) e Love Hina (pra rir pra caramba). Agora, respondendo sua pergunta ao pé da letra, cinco HQs fechadas de um número só: Os Supremos Edição Definitiva, Batman Cavaleiro das Trevas Edição Definitiva, Watchmen Edição Definitiva, Maus e sei lá, um do Will Eisner pra nunca esquecer do mestre, Avenida Dropsie.  

Qual HQ você está cobiçando nos últimos dias, aquela que falta muito pouco pra fazer uma loucura e comprar?

Não posso fizer que tenha uma ou outra que fico cobiçando além do normal, sempre tem quadrinhos que estou a fim de comprar. Pra citar alguns, faltam três volumes do Sandman da Conrad pra fechar a coleção, também quero completar a mensal Marvel Max. Quero arrebatar tudo que já saiu do Eisner no Brasil, falta bastante pra isso. Depois que fizemos o programa do Milo Manara, também desejo adquirir toda a obra dele. Desejo muito alguns álbuns de luxo do Flash Gordon da Ebal, e só possuo quatro do Príncipe Valente, quero mais. Nunca consegui a edição definitiva do Cavaleiro das Trevas, sou louco por essa (ATUALIZAÇÃO: comprei a nova edição definitiva da Panini na Fest Comix desse ano! Yeah!). Alguns anos atrás li emprestado toda a série Love Hina, gostaria de comprar de uma vez só a coleção, é muito bom. Um dia juro que vou ter todos os Bone também, vai custar caro mas vou conseguir. Outra que vai sair caro mas tenho que obter são os Ken Parker da editora Tendência. Uma coleção que falta pouco pra eu fechar é Graphic Novel, da Abril, sempre acho uma em sebos e se não tenho levo na hora. Dentre outras coisas.

Quais são as melhores HQs que já leu na vida?!

Se você não disser “tirando Watchmen, Lobo Solitário, Cavaleiro das Trevas e Sandman” sempre vai obter essas como resposta. Pois bem, sem contar as referidas, as que me fizeram levantar da cadeira de tanta empolgação foram Os Mortos-Vivos, Os Supremos, Y – o Último Homem, Preacher, Maus, Vagabond e A Liga Extraordinária, mas estou sendo injusto deixando um monte de outros quadrinhos fora da lista.

Falta pouco para fechar a excelente série Graphic Novel da Abril.

Coleção Graphic Marvel completa.

Alguns quadrinhos que comprei na Argentina.

Você ainda lê quadrinhos mensais ou fica apenas nos encadernados?

Sim, ainda acompanho alguns mensais. Atualmente compro Vertigo, Ultimate Marvel e Homem de Ferro e Thor. Terminei a série Reinado Sombrio, O Cerco e comprei tudo ligado à A Noite Mais Densa, mas optei por não continuar com O Dias Mais Claro, ia investir muito dinheiro. Mesmo sendo histórias de nível mais baixo do que estou acostumado a ler em encadernados (exceto Vertigo, essa é boa demais) gosto de ter quadrinhos pra leituras rápidas e fáceis, descompromissadas, é uma higiene mental, sabe?

Quando vai terminar de ler Sandman e Lobo Solitário rs rs??

Pois é rapaz, uma série de fatores não me deixaram concluir Sandman até hoje. Eu lia emprestado as edições da Globo, mas meu amigo só tinha até Fábulas e Reflexões. Quando saiam os da Conrad, eles eram muito caros e não tinha dinheiro pra comprar, depois quando arrumei um emprego legal eu voltei adquirindo alguns fora de ordem (tenho sete hoje), mas agora quero começar a ler tudo de novo e não de onde parei na época que emprestava os da Globo. Mesmo hoje em dia, com as edições definitivas da Panini não consigo ler, porque com o tempo que me sobra leio títulos ligados ao tema que vamos apresentar no Pipoca e Nanquim, com isso estou protelando a série há bastante tempo. Neguei-me a vida inteira em conferir isso em scan, Sandman merece ser lido em papel! Lobo Solitário, benza Deus, eu já acabei.

Coleção completa do Lobo Solitário.

É muito bom ter seu próprio livro na coleção.

Além dos quadrinhos, o Daniel coleciona Discos. E você, mantém uma segunda coleção?

Sim e isso me ferra bastante o bolso, coleciono DVDs. Não pago mais que 20 reais em um título novo, mas gosto de manter na estante os filmes bons que já assisti. Também gasto com séries de TV. A coleção não chega nem perto da de HQs, tenho mais ou menos uns 200, mas estou sempre comprando coisa nova. Evito entrar nas Lojas Americanas, sempre deixo R$ 12,90 lá, é uma maldição. Não mantenho coleção, mas também gosto de comprar alguns livros, não raro compro um título junto com as HQs. Quero obter todos os livros de zumbis que já saíram no Brasil, falta um ou dois só, já que não são muitos. Sim, adoro zumbis.

Minha segunda coleção: os DVDs.

Pequena coleção de livros de zumbis.

Bustos de clássicos do terror da Universal enfeitando a prateleira de livros.

Bruno, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado ai pra galera, fale aquilo que você sempre teve vontade de contar, mas ainda não tinha tido a oportunidade…

Quero dizer o quanto gosto de fazer o Pipoca e Nanquim, sinceramente, os programas e o site estão entre as coisas mais legais que aconteceram na minha vida. É muito bom poder compartilhar com outras pessoas uma paixão que tenho desde que nasci. Se depender de mim, o PN vai continuar por um bom tempo, faço isso aqui porque gosto demais, adoro apresentar o programa, escrever minhas opiniões sobre os filmes e os quadrinhos, e ter o reconhecimento de algumas pessoas é muito gratificante. Espero que cada vez mais e mais pessoas curtam quadrinhos, pra que esse delicioso hobby nunca termine. O bacana das pessoas que curtem ler HQs, é que mesmo elas não se conhecendo, se uma descobre esse gosto na outra, imediatamente não vai faltar assunto e logo eles estão amigos. Com o PN é assim, consigo fazer milhares de amigos! Um abraço a todos!

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.


Minha Estante #16 – Lucas Ed. (Poderoso Porco)

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Olá, pessoal!

Uma das coisas mais legais de realizar essa coluna é conhecer e trocar ideias com colecionadores de todo o Brasil, é um barato receber e-mails de pessoas querendo participar pelo simples motivo de adorar histórias em quadrinhos e morrer de orgulho da estante. Já publicamos outras quinze entrevistas e cada uma revela aspectos diferentes desse hobby.

Dessa vez a coluna favorita de todos vocês conta com a presença ilustre de Lucas Ed., mais conhecido como Poderoso Porco, um dos escribas do blog Melhores do Mundo, referência para qualquer fã de quadrinhos no Brasil, provavelmente a maioria de vocês já conhecem, se ainda não, deveriam!

Conheça agora essa coleção, veja os títulos mais raros, descubra como ele conserva (ou não! rs) seus exemplares, quais suas histórias favoritas e por ai vai, então chega de conversa, vamos ao interessa!

Olá, Lucas…ou você prefere Poderoso Porco?!

Obrigado pela participação! Para aquecer os motores gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Então negada, eu sou o Poderoso Porco (mas eu não sei porque minha mãe achou melhor me batizar Lucas Eduardo – Ed.). Então, certa feita eu estava passeando num sítio próximo a Angra I, em férias, quando um porco verde-fosforescente me mordeu, me dando todos os poderes de um porco comum! Depois disso decidi combater o crime e proteger os gibis do mundo todo, como o Poderoso Porco, o herói de milhões! Bwahahahahahahaha

Falando sério (mentira. Eu já estava falando sério antes!), atualmente sou psicólogo e investigador de polícia por profissão.Trabalho no Núcleo de Psicologia e Serviço Social da Divisão de Desaparecidos da Polícia Civil de Minas Gerais, como investigador e psicólogo mesmo. Minha mãe também diz por aí que eu sou ilustrador, só porque tem alguns livros de banca com desenhos meus, mas ela só fala isso quando não tem nenhum ilustrador de verdade por perto. Tenho 27 anos (por pouquíssimo tempo), estou pra casar qualquer dia desses e, pra sorte das minhas coleções, não tenho filhos nem cachorros, só uma sobrinha muito comportada, o que é um alívio!

Já há quase um ano (quase mesmo!) escrevo para o Melhores do Mundo.net, o que foi a realização de um desejo muito grande. Antes disso fui redator do Blog Projeto Continuum, que chegou a ser indicado ao HQ Mix como melhor blog sobre HQ’s do país. Este ano estou me preparando para tentar entrar no mestrado, com um trabalho em Psicologia Social e quadrinhos de super heróis.

Conte quando e por que você começou a se interessar por quadrinhos?

Assim como muita gente nesse Brasil varonil, eu fui alfabetizado com HQ’s da Turma da Mônica. Mas só comecei a colecionar e ler HQ’s mesmo quando estava na terceira série do primário, já com super-heróis. De lá pra cá, só em alguns momentos pontuais, muito pontuais, eu deixei de comprar e ler HQ’s.

Quando percebeu que não tinha mais volta, era um ávido colecionador?

Quando eu comecei a ler gibis de super-heróis, eu não tinha muita grana e tal. Era a época das famigeradas tabelas de preço da Abril – muita gente não vai lembrar, mas tinha uma época em que, pra saber o preço da sua revista naquele mês, você tinha de dizer um código para o jornaleiro, que consultava numa tabela o valor. Então, eu não tinha muita grana, por isso colecionava junto com um amigo – cada um comprava duas, às vezes três revistas no mês e depois trocávamos. Isso falando de “revistas novas”, porque, começando a conhecer aquele mundo, a gente comprava de tudo que a grana aguentasse, porque comprávamos, fora do combinado, coisas de sebo. Assim, no final de um ano ou dois, tínhamos até uma coleçãozinha considerável, principalmente se tratando de dois moleques da nossa idade e que não vinham de famílias lá muito cheias de posses não.

Daí que um dia, nem me lembro porque, decidimos dividir a coleção. Cada um pegou as revistas que mais gostava, ou aquelas que tendo comprado, não queria se desfazer. Entre as coisas que ficaram com ele, ficou Spirit #1, da Globo, que eu adorava, e ele também, mas tinha sido comprada por ele. Fiquei displicente com as HQ’s, até 1997, quando, na Bienal de Quadrinhos, me vi frente a frente com o grande (literalmente!) Will Eisner. Lembrei daquela Spirit #1 com uma tristeza sem par. Daí decidi que compraria todas as HQ’s que pudesse, e deu no que deu!

Quantas HQs você tem?

Recentemente eu fiz uma pequena reforma nas minhas estantes e constatei que tenho bem menos HQ’s do que imaginava. Não tenho números exatos, mas a minha coleção deve estar em torno de 1000, 1500 títulos só. Sim, só. Porque, caramba, vão fazer vinte anos que eu coleciono esse negócio!

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

Cara, tem umas coisas que eu gosto muito, mesmo sem ter grande valor comercial, mas com um baita valor afetivo. É o caso de Watchmen, na última edição pela Abril (e que eu gastei dez anos para completar); o Reino do Amanhã, que eu tenho em duas edições, aquela em quatro partes da Abril e o encadernado pela Panini; ou a Liga Extraordinária, que eu também tenho em duas edições; tem também Grandes Astros Superman. Entre as pérolas recentes, tem o exemplar de Retalhos autografado pelo autor, Craig Thompson e o primeiro volume do encadernado de All-Star Superman, gringo, que um leitor do MdM me deu de presente.

Mas se a gente espremer um pouquinho até consegue encontrar algumas coisas com algum valor comercial, como o álbum do Flash Gordon no Planeta Mongo, publicado em 1974 pela EBAL. Comprei de um livreiro da faculdade, com quem até desenvolvi certa amizade. O álbum traz uma carta da editora, dizendo que infelizmente o dono original não conseguiu comprar a tempo um dos 2000 primeiros exemplares, que eram numerados e assinados por Adolfo Aizen e A. Monteiro Filho, fundadores da editora. Não fazendo parte dos 2000, o meu álbum não deveria ter número nem assinatura, mas acabou tendo as últimas, por cortesia do Departamento de Reservas Antecipadas (foto13).

Outra raridade é O Grande Livro Disney de 1977. Eu nunca tinha visto ou ouvido falar desse livro, até que um amigo o viu jogado fora numa escola. Imediatamente ele recolheu o volumão e me deu. Depois de uma passada pelas mão habilidosas daquele meu amigo livreiro, ganhou reforços na encadernação e entrou pra estante.

Dois outros volumes dos quais gosto muito são o Ultimate Guide to the Justice League of America, de Scott Beatty, que uma amiga trouxe pra mim quando visitou os EUA. O livro é um almanaque, com informações sobre os heróis do maior super grupo do mundo. O mais legal é que trata exatamente da fase escrita pelo Grant Morrison, que é a minha favorita do grupo.

E qual foi a maior raridade que já comprou pelo menor preço

Recentemente eu comprei, por uma bagatela, o How to draw comics in Marvel Way do John Buscema com textos do Stan Lee, originalzão, da década de 70, e que é um livro importantíssimo para o meu projeto de mestrado.

Você prefere mais comprar os quadrinhos no ato de seu lançamento ou investe mais em material antigo?

Ah, faço um pouco das duas coisas. Meu lado colecionador obsessivo gosta de ir às bancas todos os meses e comprar o novo número daquela HQ que acompanho, como Vertigo ou Lanterna Verde. Na verdade, eu tenho muito medo de “ficar sem” um determinado lançamento. Mesmo sabendo que dali a dois, três meses eu poderia comprar mais barato, o medo fala mais alto e eu acabo comprando no lançamento. Mas também gosto muito de frequentar sebos, mas aí raramente vou procurando alguma coisa. No sebo, vou assim, digamos “livre”, disposto a comprar o que pintar de interessante a um preço razoável.

Se você já tem a história que adora publicada em formatinho e ela é lançada em álbum de luxo, você a compra novamente? Depois vende a primeira ou fica com as duas?

Pois é, eu compro de novo, e a diferença nem precisa de ser, por exemplo, do formatinho para o luxo. O primeiro volume da Liga Extraordinária, por exemplo, é bem ilustrativo: a primeira edição (pela Pandora Books) era excelente com seus três números. A arte do Kevin O’Neill pode se apreciada numa boa, inclusive com aquele pequeno joguinho de tabuleiro que tem, meio que resumindo a história até aquele momento. Aquilo é muito legal, mas aquela edição também é mais “frágil”. Por isso acabei comprando o encadernado que saiu logo depois (pela mesma Pandora) que, mesmo não tendo a “divertividade” da edição em três números, é mais resistente que ela. O mesmo acontece com Reino do Amanhã, ou aquelas edições gigantescas dos heróis da DC pelas mãos do Paul Dini e o Alex Ross – tenho os encadernados e algumas edições separadas. Outro caso é Calvin & Haroldo, eu sigo acompanhando a série da Conrad, mas sempre compro volumes antigos que encontro porque gosto mais da tradução deles.

Não sei, eu tenho muita dificuldade de me desfazer das coisas, principalmente daquelas que eu gosto. Aí fico lá com duas, três versões, quantas forem saindo e eu achar legal.

Você guarda algumas “porcarias” ou se desfaz imediatamente do que acha podre, fétido e vergonhoso?

Bem, tem níveis. Como eu disse antes, tenho alguma dificuldade de me desfazer das coisas (hum… Freud explica? Melhor não!) e só muito recentemente consegui ter o desprendimento de me desfazer do que não gosto. Mas como disse, tem níveis. Uma HQ pode ser ruim, muito ruim ou odiosa. As odiosas são, literalmente, aquelas que eu compro e o resultado é tão ruim, me desagrada tanto, que eu fico com ódio daquilo. É o caso, sei lá, de Fracasso de Público, por exemplo. Fiquei com tanta expectativa sobre o gibi e, quando li, achei detestável, nojento, irritante e comecei logo a me mexer para desfazer daquilo. Vender, de preferência, qualquer coisa para que aquele lixo atômico não contaminasse minhas outras HQ’s. O ódio que aquilo me gerou foi tanto que eu topei vender por R$10,00 um álbum que, três semanas antes, eu pagara R$40,00!

Agora, as ruins e as muito ruins acabam sendo analisadas. Elas são histórias importantes, digo, reverberam na cronologia do personagem ou fazem parte de uma série da qual eu gosto? Se sim, eu me esforço, escondo elas um pouquinho nas prateleiras e deixo lá. Se não são, ou vendo num sebo qualquer ou doou pra Gibiteca de Belo Horizonte. No caso das “ruins, mas importantes” tem o último número da Liga Extraordinária por exemplo, Século 1910 (até porque que ela é só a primeira parte do 3º volume). No caso das ruins mesmo e que não são importantes, tem todos os tie-ins de A Noite mais Densa, por exemplo. Tudo pro sebo!

Como controla sua coleção para não comprar números repetidos, planejar compras futuras e tal… você tem um registro de todas suas revistas, como por exemplo, o Guia dos Quadrinhos?

Bicho, eu vivo comprando números repetidos! Eu tenho um sério problema que é não conseguir memorizar capa de revista mensal. Como eu as vejo em previews americanos com um ano de antecedência, depois vejo nos lançamentos nacionais e nas bancas, eu acabo nunca sabendo se já comprei ou não. Antes, quando batia a dúvida (e tendo em vista aquele meu medo irracional de ficar sem) eu acabava comprando – e a Gibiteca pode me agradecer um bocado por isso. Hoje, com terapia e coisa e tal, lancei mão de uma técnica avançadíssima, tecnologia de ponta: um caderninho de anotações. Nele eu coloco qual foi o último número de comprei de cada revista, e não compro nada sem consultá-lo. Foi uma revolução na minha vida, hoje sou outra pessoa, ehehehehehehehe!

Meu sonho é um dia ter tempo e catalogar todas as minhas HQ’s num recurso como o Guia dos Quadrinhos, por exemplo. Foi algo que consegui, e consigo manter com os meus DVD’s, numa planilhazinha básica de Excel. Com os quadrinhos é um desejo antigo, desde que eu ganhei meu primeiro computador e comprei meu primeiro scanner – scannear todas as minhas capas e fazer um arquivo digital, com nome da edição, das histórias, quem desenhou, quem escreveu, quem apareceu no gibi… Graças a São Kirby alguém teve pâncreas pra fazer isso antes de mim (com o Guia) e agora eu só preciso de tempo para sentar, pegar toda a minha coleção e cadastrar um por um. Hoje eu simplesmente tenho uma noção do que eu tenho na estante, mas muitas vezes dou com os burros n’água achando que tenho (ou que não tenho) alguma coisa. Isso sem contar as perdas por empréstimo…

Como você organiza suas revistas e quais técnicas usavam para conservá-las?

Obsessivo clássico, minhas HQ’s seguem uma disposição na estante: primeiro por formato (formatinho/americano), depois por editora, e depois por forma de encadernação (lombada canoa/lombada quadrada). Parece complicado, mas não é: primeiro vem os formatinhos, e eles se separam naquela ordem que disse: primeiro os da Marvel (eles vem primeiro porque aí ficam no fundo da prateleira) de lombada canoa, depois os da Marvel de lombada quadrada. Depois vem os formatinhos da DC (primeiro os de lombada canoa, depois os de lombada quadrada) e, no fim, vem os formatinhos de outras editoras (primeiro canoa, depois quadradas).

Nos formatões (formato “americano”) essa divisão de lombadas faz mais sentido, porque coloca os gibis mensais juntos (separados os títulos por fichinhas) e os encadernados/séries especiais juntos também (aí as fichinhas ficam dispensadas, por conta das lombadas).

Na conservação, eu acabo sendo meio relapso: eu queria colocar tudo em sacos plásticos, mas atualmente só os arcos fechados estão assim. Outra coisa é que meu quarto é minúsculo, e as prateleiras de aço onde os quadrinhos ficam acabaram perto da janela, onde acabam tomando sol, o que é algo longe do ideal. Mas foi uma escolha que tive de fazer: ou os gibis ficavam em caixas de arquivo, fechadas e difícil de acessar um material que queria reler, ou ficavam expostas assim. Contra todas as normas técnicas da ABNT, resolvi satisfazer o desejo de poder ver assim, duma tacada só, toda a minha coleção exposta – mesmo que o sol também possa…

Tem alguma história triste na sua vida de colecionador?

Tem. Sempre tem, né? Pois é. Além daquele lance com o Eisner em 1997, teve uma vez que meu apartamento alagou, e eu perdi quase tudo o que tinha de HQ’s, porque elas ficavam guardadas em caixas enormes de papelão debaixo da cama. E foi o alagamento mais bizarro da terra: estávamos viajando e, durante a viagem, uma das caixas-d’água do prédio se rompeu e nosso apartamento, logo embaixo, ficou uma semana sob três dedos d’água. Poucas revistas se salvaram, bem poucas…

E uma muito feliz?

Posso contar duas? A primeira diz respeito a uma mesma HQ, e ao alagamento que eu contei antes. Quando cheguei de viagem, e olhei desesperado para as revistas completamente encharcadas, perdidas, fiquei desolado. Mas por alguma razão até hoje misteriosa para mim, uma das revistas que se salvou foi a Heróis da Tv #102, da Abril, já meio detonada, sem capa e tal, remendada de fita adesiva, mas que foi o primeiro gibi de super-heróis que eu comprei na vida. Essa “moedinha nº 1″ provaria seu valor novamente anos depois, quando minhas caixas foram invadidas por traças, estas devoraram muito as revistas mais antigas, que ficavam no fundo da caixa. Enquanto Heróis Renascem: Vingadores #1 foi MUITO comida por esses vermes malditos (Salve São Kirby!), a Heróis da Tv, que estava juntinho dela, só perdeu uma beradinha! UM MILAGRE, irmãos! Aleluia!

O outro evento muito feliz foi no FiQ de 2009. Cara, eu tinha acabado de ler Retalhos e estava completamente maravilhado com a história, com os desenhos, com a condução da trama… Fui no FiQ, assisti a palestra com o Craig Thompson e depois tietei o cara, peguei autógrafo e tal. Foi uma bobagem, todo mundo faz isso em convenções, mas Retalhos tinha tido um impacto tão grande em mim que aquele autógrafo ficou sendo muito, muito especial mesmo.

Eu sei que, como colecionador, tem algumas manias, quais são?

Hoje em dia tenho poucas, já tive bem mais, mas estou conseguindo “me curar” delas. Algumas que ainda existem, por exemplo, é nunca emprestar uma HQ que eu não tenha lido. Eu adoro emprestar gibis, isso nunca foi um problema, até porque minha coleção nasceu assim, movida pelo empréstimo. Mas acontece que, nos últimos tempos, por conta da minha rotina, tem sobrado cada vez menos tempo para ler minhas HQ’s, de modo que elas acabam se acumulando na fila de espera. Dali elas só sairão quando forem lidas por mim. Não adianta pedir, dizer que eu já te emprestei os outros cinco volumes anteriores: se eu não li o sexto, você não lerá também o meu. O inverso também é verdade, você pode estar comprando a versão encadernada de uma série que você já tem em mix, eu me recuso a ler o encadernado antes de você. Sei lá, tem um lance de defloramento (hehehehehehe) que cabe ao dono do material.

No mais, eu não gosto de emprestar revistas para quem não comenta nada quando devolve. Cara, se eu te emprestei, sei lá, um número de Dylan Dog, eu quero saber a sua opinião quando você me devolver. E não é simplesmente: “gostei” ou “não gostei”. Se não tem opinião, desiste de pegar outros gibis comigo!

Tem algum item que quer muito ter, mas está praticamente impossível de encontrar?

Pô, tem muitos! Assim de cabeça, tem Miracleman, que eu sou doido pra ler e nunca foi publicada aqui no Brasil (ou seja, não é “praticamente impossível”, é impossível mesmo). Os encadernados de capa dura do Questão, da Liga Extraordinária, de Camelot 3000 e da LJA pelo Grant Morrison (e que não caem de preço nem a poder de porrada!) e os números de Dylan Dog que saíram aqui pela Mythos e pela Record, que não caem nos sebos nem por decreto de lei!

Qual foi sua última leitura e qual está sendo a atual?

Neste momento, minha última leitura foi o crossover entre Martin Mystere e Dylan Dog, publicado aqui pela Record. Atualmente, estou relendo Cachalote, aproveitando que os autores estão vindo para um bate-papo na Gibiteca Municipal de BHCity.

Pergunta manjada, mas que todo mundo gosta ler, quais são as suas dez HQs favoritas de todos os tempos?!

Dureza, hein? Vou fazer uma lista assim, de supetão, sem grandes elaborações – obviamente muita coisa vai ficar de fora e eu vou me arrepender assim que te mandar, mas vá-la. Pra não fugir ao berço, vou falar as 10,5 HQ’s favoritas, pode ser? E de trás pra frente, que é pra dar mais emoção:

10) Jonnhy Freak (Dylan Dog #1, Conrad)

09) Liga da Justiça pelo Grant Morrison

08) Estórias Gerais (Wellington Sberk/Flávio Colin)

07) Sandman (Neil Gaiman)06) Watchmen (Alan Moore/Dave Gibbons)

05) Calvin & Haroldo (Bill Watterson)

04) Retalhos (Craig Thompson)

03) A Liga Extraordinária (Alan Moore/Kevin O’Neill)

02) Superman All Star (Grant Morrison/Frank Quitely)

01) Reino do Amanhã (Mark Waid/Alex Ross)

0,5) (sei que pedras voarão contra mim, mas pombas, é a posição 0,5 né? Aquela posição meia-boca, da HQ que você gosta muito mas sabe que não tem lá muuuuuuito valor artístico…) Scott Pilgrim Contra o Mundo

Entrar para o Melhores do Mundo te ajudou a conseguir mais quadrinhos, fama, respeito e mulheres?! risos

Bwahahahahahaha Não, não me trouxa nada disso. Na verdade, quase me traz menos disso, já que não foram poucas as vezes que a minha namorada quis me matar por ter assistido algum filme nerd muito ruim, mas sobre o qual eu tinha que fazer uma resenha ou participar de um podcast, ehehehehehehe

Não consegui mais quadrinhos, mas graças ao MdM conheci pessoalmente muitos autores e gente do mundo dos quadrinhos que eu admiro bastante, gente como Ivan Reis, André Diniz, Erica Awano, Sidney Gusman, Joe Prado, Joe Bennett… Enfim, a lista é grande, e inclui, inclusive, os outros MdM’s, gente que eu leio desde os áureos tempos da internet discada depois da meia noite.

Porco, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Vai parecer uma heresia, ou quem sabe uma redundância, mas o lance é: caras, só colecionem gibis enquanto isso der prazer a vocês. Se de repente vocês perceberem que estão comprando por força do hábito, que a série está ruim mas que você não pode “deixar buracos” na coleção, dê linha! Gibi é prazer, não pode ser só esse masoquismo obsessivo do colecionar por colecionar. Senão fica chato pra cacete.

Outra coisa, como diriam Bill e Ted… Sejam legais uns com os outros! Até outra vez, pe-pe-pe-pessoal!

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #17 – Renilton Marques

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Por Crom!

Dessa vez conversamos com Renilton Marques um grande fã de Conan. Para se ter uma idéia ele tem mais de 1.200 revistas protagonizadas pelo cimério casca dura!

Mas sua paixão por quadrinhos não se restringe a esse personagem, ele também coleciona Marvel e DC, somando assim, milhares de revistas sensacionais.

Conheça essa belíssima coleção, que é um verdadeiro tesouro da Aquilônia, até agora, escondido no interior do Espírito Santo.

Olá, Renilton. Obrigado pela participação! Para começar, gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores e contasse um pouco sobre você.

Olá a todos, eu me chamo Renilton Marques tenho 35 anos, casado e tenho uma filhinha de 4 anos que já começa a conhecer vários personagens, moro na cidade de Montanha, interior do Espírito Santo onde sou o único leitor e colecionador de histórias em quadrinhos, comecei a ler quadrinhos com 12 anos e não parei mais e nem pretendo. (risos)

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista? Você ainda tem esse exemplar na coleção?

Sim, me lembro perfeitamente, foi algo do destino, estava eu passando em frente da única banca de jornal da cidade e por curiosidade parei e comecei ficar olhando aquelas capas coloridas e uma revista especifica me chamou atenção que foi A Espada Selvagem de Conan # 49, e logo em seguida me veio um pensamento, “cara o Conan em quadrinhos”, isso porque já tinha visto o filme na televisão e não pude resistir, comprei e corri logo para casa, deitei na cama e comecei ler,  logo após terminar a leitura fiquei ali  vendo aquela arte maravilhosa de John Buscema,  guardo esse exemplar na minha coleção com todo carinho.

Quando você percebeu que não tinha mais volta, era um colecionador inveterado?

Acredito que foi dois anos depois, em 1990, quando comecei a comprar todos os meses as revistas do Conan, dois anos mais tarde quando comecei a trabalhar e ganhar um  dinheirinho, passei a me dedicar a comprar tudo que saía da Marvel e DC.

Quantas HQs você tem?

Hoje elas já somam até o momento que estou digitando 8.164 edições e do Conan são 1.276.

Uow! Belíssimo número!

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

Tenho vários itens que gosto da Marvel e DC, mas vou citar alguns importados do Conan, o livro comemorando o centenário do nascimento do criador do Conan lançado em 2006, os encadernado da Savage Sword of Conan com mais de 500 páginas lançados pela Dark Horse, Conan, the Ultimate por Roy Thomas e Conan, the Phenomenon por Paul M. Sammon.

Caramba, acredito que você seja o maior colecionador de Conan do Brasil!

É isso mesmo, também acredito que sou o maior colecionador do Conan no Brasil, e se eu não gastasse tanto dinheiro todos os meses com a Marvel e DC já teria comprado tudo do Conan que a Marvel lançou, vale lembrar que também estou adquirindo todo material mensal do cimério publicado pela Dark Horse desde o inicio.

Você também coleciona os livros?

Sim, claro! Tenho todos eles como podem conferir nas fotos.

Lindos action figures do Conan, e o livro importado comemorando o centenario do seu criador.

Quais são as cinco histórias favoritas do cimério?

Eu amo todas as historias escritas por Robert Ervin Howard, mas vou citar as cinco preferidas:

A fênix na espada, A cidadela escarlate, A hora do dragão, Pregos vermelhos que aqui ficou conhecida como A cidadela dos condenados, e claro A rainha da costa negra porque sou apaixonado pro Bêlit.

E a pior de todas? Aquela que nem dá orgulho de ter na coleção…

A pior de todas foi a história Conan, o Usurpador publicado pela Mythos na Conan, o bárbaro #68, aquilo sim foi uma afronta ao personagm, dá impressão que Conan está enfrentando o exército romano, uma vergonha.

E qual foi a maior raridade que já comprou pelo menor preço?

Sem sombra de dúvida foram as edições raras da editora Minami & Cunha e Roval, as seis revistas me custaram uma mixaria, R$ 180,00 e hoje não vendo por menos de R$ 6.000,00, peraí elas não estão a venda! (risos).

Você tem o Conan pirata da editora Graúna, Hartan, O Selvagem?!

Não, essa sim é uma verdadeira raridade, mas um dia consigo.

Como você organiza suas revistas e quais técnicas usavam para conservá-las?

Gosto de separá-las por títulos e ficam todas envoltas com plástico especial.

Tem alguma história triste na sua vida de colecionador?

Uma que me lembro foi logo no início, quando comecei a comprar Conan nas bancas, quando cheguei lá, tinha a edição em cores número 3 e era mais cara, quando contei as moedas faltou um pouco e pedi para a dona da banca fazer um desconto, mas não teve jeito, voltei pra casa quase chorando e como não tinha trabalho passei a semana juntando os trocados que ganhava para merendar na escola, quando finalmente completei o valor a revista, já tinha sido vendida. Somente vários anos depois consegui a tão sonhada revista.

E uma muito feliz?!

Como sou um fã do cimério, claro que foi quando arrematei as minhas primeiras edições importadas, um lote com mais de 200 revistas e a partir daí me senti na responsabilidade de adquirir tudo que foi lançado do Conan pela Marvel.

Eu sei que, como colecionador, você tem algumas manias, quais são?

Gosto de senti o cheiro das revistas assim que chegam e sempre quando tem um feriado prolongado gosto de tirar todas as revistas das prateleiras e arrumá-las novamente coisa que dura uns dois dias.

Tem algum item que quer muito, mas está praticamente impossível de encontrar?

Conan, the barbarian # 01 e Savage Sword of Conan # 01

Recentemente a editora Generale lançou o livro Conan, O Barbáro, traduzido por Alexandre Callari, comparsa aqui do PN e que traz pela primeira vez ao Brasil o único romance de Howard, A Hora do Dragão, você já pode conferi-lo?!

Claro que tenho, fiz uma encomenda em pré venda.

E o novo filme, já pode conferir?! O que achou?

Ainda não, como na minha cidade não tem cinema terei que viajar 220 Km.

Qual foi sua última leitura e qual está sendo a atual?

A última foi X-Men Noir e estou lendo no momento o livro Conan, O Bárbaro da editora Generale.

Renilton, muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Nunca abandonem os quadrinhos, principalmente os personagens que mais lhe agradam, levem esse carinho que tiveram na juventude para seus filhos e ensinem a eles esse mundo maravilhoso de fantasia e heroísmo. Essa entrevista eu dedico a minha filha Jennifer Marques, te amo filha. E obrigado a todos do Pipoca e Nanquim pela oportunidade de apresentar a minha coleção, abraços.

Coleção completa de cards do Conan

Minha Estante #18 – Alexandre Lopes

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Esse é um Minha Estante especial, pois diferente das outras coleções apresentadas aqui, essa é de estatuetas.

Alexandre possui uma coleção belíssima de peças sensacionais, a maior parte delas do universo sci-fi e dos filmes de terror, então acredito que vai agradar em cheio aos leitores do PN.

Preparem-se para sentir um certa inveja e começar a fazer as contas, pois tenho certeza que irão sentir vontade de começar uma coleção como essa. Baita hobby legal!

Olá, Alexandre! Obrigado por topar essa entrevista! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Sou Alexandre Lopes, tenho 37 anos, colecionador de actions figures há quase dez anos. Faço parte do staff do podcast do site figuras de ação, e membro do site desde 2008.

Sou um grande fã de cinema de terror e sci-fi e um grande admirador do trabalho de vocês.

Você se lembra qual foi seu primeiro action figure?

Foi um Thor série 3 da linha Marvel Legends do fabricante Toy Biz.

Quando você começou efetivamente a colecionar action figures e estatuetas?

Em 2004 com esta mesma figura. Eu havia criado um cantinho nerd em meu quarto e achava que faltava algo pra decorar o ambiente. Passeando por um shopping próximo a minha casa vi a o boneco e senti que estava ali o que faltava. O problema é que, quando se compra um, se quer mais, e aí é começa a febre.

Quais são os principais itens da sua coleção, as meninas dos olhos de sua estante?

Difícil dizer, acho que atualmente a coleção ArtFX Star Wars em escala 1:10 da fabricante japonesa Kotobukya.

Qual o item mais valioso da sua coleção?

Tenho algumas figuras que se tornaram raras, mas acho que o item mais valioso e maior é um AT/AT Walker da Hasbro em escala 1:18.

E o mais raro?

Tenho uma Bethany Bled da McFarlane Toys, item que está bem raro. A figura é uma criação exclusiva do escritor Clive Barker para o fabricante fazendo parte de um série de figuras de horror chamada Infernal Parade. Gosto muito desta peça.

Bethany Bled é aquela garota atrás do Lobisome

Essa paixão por figuras é enraizada nos quadrinhos?!

Em parte sim, embora meu foco tenha mudado nos últimos tempos. Voltei às origens, tenho procurado mais bonecos com foco em sci-fi e terror, principalmente personagens de cinema.

Desenvolvi uma visão mais artística em relação ao que comprar, valorizo mais os bonecos mais estáticos como se fossem imagens tridimensionais da personagem retratado, ou como se fosse um momento do filme congelado em uma figura de ação.

Você lê muitas HQs também?

Já li muito, atualmente procuro mais por versões encadernadas de gibis clássicos, Marvel, DC, quadrinhos europeus e etc. Mas nesse ponto sou muito mais seletivo porque procuro priorizar minha coleção de dvds e bonecos.

Cara, eu sou doido para completar a coleção de estatuetas Batman Black nad White, você tem alguma?

Não tenho, mas sou fascinado por essa série. Gosto muito das versões do Paul Pope e Mike Mignola.

Como você guarda figuras e quais técnicas usavam para conservá-las?

As melhores estão guardadas em um móvel fechado. Dependendo da figura a limpeza é feita de forma muito tranqüila, com água, sabão neutro e uma escovinha de dentes.

Qual foi seu primeiro personagem favorito? Você alguma estatueta dele?

Das HQs o Demolidor, que infelizmente não existe uma boa representação dele para o tipo de escala que coleciono, a não ser em estátuas que são peças caríssimas.

Já tive um boneco dele pela Toy Biz da extinta série Spider-man Classics.

Esse é hobby meio caro não é?! Tem idéia de quanto gasta por mês com isso?

Fica caro se o vício não for controlado (risos), o importante neste tipo de coleção é desenvolver um foco, o meu é em figuras de 7 polegadas e acaba não saindo tão caro por ser uma opção de colecionável mais em conta e por ser produzido em maior escala.

Você prefere comprar aqui no Brasil ou vale mais a pena comprar importadas?

Ainda é melhor importar, embora existam ótimas lojas no Brasil.

É um mercado que ainda precisa ser descoberto, se expandir, por isso sou grande incentivador do hobby, sempre que possível organizamos encontros aqui no sul [N.E Alexandre mora em Porto Alegre] e com o podcast prentendemos atingir um público ainda maior.

Tem algum item que quer muito ter, mas está impossível de encontrar?

Tem duas peças que procuro atualmente, o Dr. Tongue do filme Dias Dos Mortos do George A. Romero e um playset com a cena do canil do filme Enigma do Outro Mundo.

Alexandre, muito obrigado pela entrevista! Foi um prazer conversar com você. Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Aos colecionadores em geral, seja de HQs ou bonecos, vai o meu conselho:

“Tome conta de sua coleção, mas não deixe ela tomar conta de você”

Obrigado ao Pipoca & Nanquim pela oportunidade e os saúdo pelo excelente trabalho que vocês vem realizando, vocês estão de parabéns!

Um forte abraço a todos!

Minha Estante #19 – Nirlando Lopes

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Seguimos em frente firme e forte com a coluna Minha Estante!

Nessas dezenove edições mostramos coleções de todo o Brasil, já pintou por aqui, coleções localizadas no Rio Grande do Sul, Minas Gerais (a maioria!), São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro, o que nos deixa muito felizes, pois é sinal de que alcançamos nosso objetivo de interagir com colecionadores de todo o Brasil.

Mas até agora não poderíamos dizer que ela abrangia nosso país de Norte a Sul, com essa nova edição atingimos tal feito.

É com muito orgulho que apresentamos a coleção de Nirlando Lopes, de Belém do Pará!

Em uma entrevista muito bacana, repleta de risadas e boas histórias vocês irão conhecer mais um belo acervo de quadrinhos e conhecer mais sobre esse maravilhoso universo.

Olá, Nirlando! Obrigado por topar a entrevista! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Ok! Vamos nessa! Nirlando Lopes, Arquiteto por formação, mas nunca exerci a profissão! Depois de formado, entrei para a Publicidade e lá fiquei durante todo o tempo que trabalhei. Na área da criação e produção gráfica. Foram tempos heróicos! O computador ainda não era figurinha fácil nas agências, e aqui em Belém do Pará (pois é, sou do Norte – ninguém é perfeito!) (risos), dependíamos de fornecedores do Sul Maravilha praticamente pra tudo: Fotoletras, fotocomposição, clichês e tudo o mais. Tudo estourava na produção gráfica, que encomendava num dia, e recebia tudo, via malote três ou quatro dias depois (E o cliente pegando no pé da agência) (risos)! Quase enfartei! Depois, devido a uma boa herança deixada por meu pai (e uma mulher com dois empregos), fui curtir uma vagabundagem criativa! Coisa que faço até hoje! (risos)

Hahaha Ai sim, hein!

Vou mudar um pouco a ordem das perguntas que costumo fazer e já matar a curiosidade dos leitores. Quantas HQs você tem?

Se enganou quem pensou que eu ia falar em milhares de quadrinhos… Tenho catalogados, cerca de 2.100 exemplares!  Me dei esse trabalho há alguns anos. Peguei tudo o que tinha e cataloguei. (vagabundagem criativa!) (risos)

E quando foi que se transformou de leitor ocasional de quadrinhos para um colecionador aficionado?

Foi a Editora Brasil-América, a saudosa EBAL, a responsável por essa transformação. Quando em 1973 começou a lançar seus álbuns de luxo com o melhor que havia da “Idade de Ouro” dos quadrinhos! Começou com aquele álbum gigante do Flash Gordon no Planeta Mongo em oito volumes! Seguindo-se os álbuns do Príncipe Valente, Mandrake, Brick Bradford, Tarzan e outros!

Comecei a comprar essas edições e percebi que havia todo um Universo a ser explorado nas Histórias em Quadrinhos. Criações fantásticas do passado que eu não poderia deixar de ler. E aí, nasceu o Colecionador!

Só que para colecionar esse material da EBAL era preciso ter paciência. Eles lançavam mais ou menos um álbum por ano de cada personagem. No caso do Príncipe Valente, por exemplo, levei quase 30 anos para ter a coleção incompleta! Com a falência da EBAL, a Editora Ópera Graphica deu seqüência na coleção. Então pude comprar até o volume XX, o último antes da Ópera fechar também. E isso há poucos anos! Ou seja, levei cerca de 30 anos comprando pacientemente essa coleção e estou longe de terminá-la. (risos)

Qual foi seu primeiro personagem favorito? Ele ainda ocupa esse posto ou alguns detratores conseguiram, depois de escreverem tantas histórias ruins, rebaixá-lo?

Comecei lendo Popeye lá pelos 12 anos de idade. Mas o personagem que iria me marcar seria o Superman (grafia da época)! Embalado pelos filmes de ficção científica que via, o Superman veio preencher essa lacuna da fantasia, na área das HQs. Ainda curto o Superman, embora já não compre muita coisa dele. Mas edições especiais, encadernados, são presença constante na coleção. Um editorial da DC, na época do lançamento da famosa edição A Morte do Superman chegou a me emocionar dizendo que eu, como leitor era um dos responsáveis pela sua  morte, por haver deixado de comprar as suas revistas! Vesti a carapuça na época! (risos)

Popeye Nº 01- março de 1953

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

Os oito volumes de Flash Gordon da EBAL, os vinte volumes de O Príncipe Valente, a coleção completa do Tintin, a edição completa do Little Nemo in Slumberland (uma das HQ mais fantásticas de todos os tempos), a edição especial de Tarzan, desenhada por Burne Hogarth, 20 anos depois de ter deixado de fazer o personagem! Um verdadeiro monumento da Nona Arte! Inclusive li na ocasião do seu lançamento, que ela só foi lançada no Brasil, porque o Burne gostava da nossa terra. E o Brasil foi o primeiro país, após os Estados Unidos a publicar o Tarzan. Isso algumas semanas depois do início da publicação na terra do Tio Sam! E segundo consta, o Burne teria exigido a queima dos fotolitos dessa edição, para que nunca mais fosse publicada!!!

Mais recentes são: A série completa O Incal, Antes do Incal e a Saga dos Metabarões! Um delírio criativo do Alexandro Jodorosky, magistralmente ilustrada por Moebius e Gimenez! A saga da heroína Druuna, do Serpiere, tudo do Milo Manara, a coleção completa do Sandman da Conrad! Tudo do Alan Moore, tudo do Will Eisner e etc etc! (risos) (Toda a minha coleção é “a menina dos meus olhos”!)

HQs clássicas do Tarzan. Em cima, a edição especial de Burne Hogarth

Almanaque de SHAZAM 1950 - Meu quadrinhos mais raro.

Qual o item mais raro da sua coleção?

Um Almanaque do Shazam de 1950, com capa dura. Acho que foi o Nº01!

Você tem muitas HQs autografadas?

Tenho cerca de 30 HQs autografadas! Com especial destaque para o MSP 50 e o MSP+50, com dedicatória/autógrafo do Mauricio de Sousa, sendo que no MSP 50 há também um skecht da Mônica assinado pelo Mauricio.

Outros destaques: O volume 01 de O Incal com dedicatória/autógrafo do Jodorowsky, o Clic 03 com autógrafo do Milo Manara, a edição especial do álbum Esta Noite Levarei Tua Alma com dedicatória/autógrafo do Zé do Caixão!

Você também coleciona artes originais, certo?!

A coleção de originais surgiu por acaso! Se bem que era sonho ter um dia, um original de página de História em Quadrinho! Seria um item especial na coleção!

Há alguns anos, soube pelo jornal que o desenhista paraense Joe Bennett iria fazer uma sessão de autógrafos num lançamento de uma revista sua. Quando cheguei lá, o Bennett já tinha ido embora, mas deixado vários exemplares autografados! Comprei e perguntei se havia mais alguma coisa do desenhista por lá! Foi quando o dono da loja me mostrou um lápis original do Bennett, com o Conan e sua nova roupa, que sairia algum tempo depois nos EUA. Comprei na hora, e se tornou um item que exibia com orgulho para os amigos! (risos) Com o tempo me tornei amigo do Bené (como é chamado pelos amigos, e isso é uma outra história) e comecei a ganhar originais de presente! Depois comprei alguns dos seus arte-finalistas! Hoje o próprio Bené diz que sou o maior colecionador do mundo de suas obras!

Quantas delas você têm?

Resumindo: Tenho cerca de 280 originais entre capas, páginas duplas, paginas simples e lápis diversos! Inclusive de outros desenhistas também, como um original de uma página do Super Homem, de autoria do paraense Peter Vale! Alguns originais do Fabio Jansen, Jack Jadson, Alan Patrick e outros!

Joe Bennett e Nirlando Lopes

Originais de capas Teens Titans

Pag. central da revista do Joe Bennett, com o desenho original ao fundo, de minha coleção. Sorry!

Sua coleção é primorosa, dando uma olhada por cima, percebi que você também coleciona livros teóricos sobre quadrinhos. Inclusive tem muitas raridades! Quer me vender seu exemplar de Tentação à Italiana?! risos

(risos!) O Tentação à Italiana nem o autor, o meu amigo Gonçalo Junior tem! Quando o Milo Manara (um dos artistas biografados na edição) esteve aqui recentemente, o Gonçalo foi convidado para participar da mesa onde o Manara faria uma coletiva! Ficou desesperado quando viu que não tinha o exemplar para presentear o Manara! Foi socorrido de ultima hora, por um amigo que arranjou uma edição pra ele. O Manara ficou positivamente surpreso com a qualidade do “livrão” hehehe (vendê-lo está fora de cogitação) (risos)! É realmente uma edição fantástica! Incluida na categoria dos “Livrões”! Quando saiu o anúncio do seu lançamento na velha Wizard, não sosseguei enquanto não mandei buscar! Com o fechamento da editora Ópera Graphica, quem comprou,comprou, quem não comprou não compra mais! Pois está esgotada! (risos)

Quem socorreu o Gonçalo na última hora foi o Jorge, dono da loja Comix, ele tinha guardado um exemplar em uma das gavetas de seu escritório e nem lembrava mais disso. Rezo todos os dias para que esse livro seja republicado (risos)

Com relação aos livros teóricos, aconteceu o seguinte: o Brasil é (ou era) carente em publicações sobre Histórias em Quadrinhos. Então tudo que eu encontrava pela frente, ia comprando! Atualmente tenho 68 (livros/revistas) sobre o tema. E li todos! (risos)

Em sua opinião, quais são os cinco principais livros teóricos brasileiros, aqueles que todo mundo que se interessa por essa arte deveriam ler?

Cito de cara a Guerra dos Gibis do pesquisador e jornalista Gonçalo Junior! O autor detalha com clareza toda a saga do editor Adolfo Aizen para criar e manter a saudosa EBAL! O jogo de cintura que teve para manter sua editora fora do foco dos perseguidores de quadrinhos da época. E paralelamente também conta a história de Roberto Marinho, principal concorrente do Aizen naquela altura. O livro é completo! Daqueles que se pega e não larga antes de acabar!

Dentro do mesmo espírito, eu acrescento o livro Homens do Amanhã – Geeks, Gângsteres e o Nascimento dos Gibis de Gerard Jones (tenho a edição autografada – risos)! É a Guerra dos Gibis na versão americana! Contando a saga de Jerry Siegel e Joe Shuster, autores e criadores do Superman, o Gerard trás à tona todo o submundo que permeava a atividade, nos primórdios das HQs americanas! É de arrepiar!

Outro livro completo e detalhado sobre HQs no mundo todo, é o SHAZAM – História em Quadrinhos & Comunicação de Massa editado pela Socerlid – Societè Civile d’Etudes et Recherches dês Litteratures Dessinèes! Magnificamente ilustrado, faz um histórico do tema, desde as suas primeiras manifestações na antiguidade. Definitivo! (Esse é raridade também – risos)

Como quarta indicação, recomendo o livro As Aventuras de Nhô Quim & Zé Caipora do estudioso e pesquisador Athos Eichler Cardoso. Onde se vem a saber que o Brasil está entre os primeiros do mundo a lançar Histórias em Quadrinhos!

O livro trata da vida e obra do gênio Angelo Agostini, cujos personagens são anteriores ao badalado Yelow Kid! (Tenho esse livro com dedicatória/autógrafo também! Desculpem! Risos)

E, finalmente, como quinta indicação, o livro SHAZAM! do Álvaro de Moya e outros! Um dos primeiros que li há muitos anos! Leitura gostosa para quem quer se iniciar no assunto! (Não! Esse não tem dedicatória nem autógrafo. risos)

Livros do autor Gonçalo Junior

Livros do autor Álvaro de Moya

Como você guarda suas revistas e quais técnicas usavam para conservá-las?

Não tenho cuidados especiais para guardar minhas relíquias! Não gosto de colocá-las em sacos plásticos como alguns recomendam (acho que morreriam sufocadas – risos). Guardo todas elas em estantes fechadas e jogo bastante naftalina nas prateleiras! Fora uma poeira natural que acumulam um pouco, todas estão em excelente estado!

Você compra a mesma história que já possui se ela é lançada em versão de luxo? Se sim, se desfaz do primeiro exemplar ou fica com os dois?

Já fiz muito isso! Quem resiste a um encadernado capa dura?! (risos) Hoje, porém estou resistindo um pouco mais a isso. Mesmo porque já estou com problemas de espaço. As edições antigas em duplicata utilizo para fazer escambo com amigos.

O hobby de colecionar quadrinhos é repleto de histórias felizes e tristes. Não quero te fazer relembrar momentos ruins, então conta pra gente uma história feliz!

Essa é fácil! Eu tinha conhecimento que o Hergè tinha proibido a reedição do primeiro volume do Tintin , o Tintin no País dos Soviéticos, por achar que a HQ estava datada e havia muito preconceito nela, incompatível com os dias atuais! Acompanhava pelos sites de leilões o alto preço que essas edições originais alcançavam no mercado e pensava comigo mesmo: “Bom… essa é uma edição que não terei! Minha coleção ficará eternamente incompleta!”

Mas para minha surpresa, numa edição da Feira do Livro que temos anualmente aqui em Belém, passeando pelo estande de Portugal, quem eu encontro escondida no meio de um monte de livros? A bendita edição em relançamento por uma editora de lá! Comprei na hora! E finalmente pude completar minha coleção.

Tintim - Coleção completa + bonecos

Você tem alguma “mania de colecionador”, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar?

Não podia deixar de ter. Todos temos! Meus quadrinhos ficam trancados em estantes chaveadas, no meu escritório. Quando saio de casa, tranco tudo. E outra coisa: Eu não empresto minhas HQs pra ninguém! E quando vem algum amigo até minha casa para ver alguma coisa, eu o deixo folhear o exemplar sob minha supervisão direta. Se o cara pegar de mal jeito, tiro de sua mão na hora. Sou chato mesmo! (risos)

Fique tranqüilo, todos nós do PN somos chatos pra caramba nesse quesito também.

Se na encruzilhada você tivesse que escolher somente cinco itens da sua coleção, qual salvaria?! Valendo somente as HQ, pedir pra você escolher entre as artes originais é muita sacanagem.

Salvaria Flash Gordon no Planeta Mongo, a coleção do Príncipe Valente, a edição completa do Little Nemo, a coleção do Sandman e As Obras Completas de Carl Barks!

Quais são as dez melhores HQs que já leu?

As mesmas citadas acima, mais a série Incal, Lost Girls do Alan Moore, o Tarzan de Joe Kubert e Terry e os Piratas do Milton Caniff!!!

As Obras Completas de Carl Barks e outros títulos

Quais foram os últimos quadrinhos que leu? Gostou de todos?

Magneto – Testamento, Homem-Aranha Noir e a edição importada de Terry and the Pirates do Caniff! Todas excelentes!

Tem algum item que quer muito ter, mas está impossível de encontrar?

Tenho uma falha na minha coleção: Os 10 últimos volumes de Cinco por Infinitus do Esteban Maroto! Há alguns anos, mandei buscar a coleção completa na EBAL! Não sei por que, só me mandaram os primeiros 10 volumes. Naquela altura nem reclamei. Erro meu! Nunca mais consegui esses que faltam. Mas vou conseguir, colecionador não desiste! (risos)

Nirlando, muito obrigado pela entrevista! Foi um prazer conversar com você.

Eu que agradeço a oportunidade de compartilhar um pouco do meu acervo, com essa turma da melhor qualidade, que são os colecionadores de quadrinhos e leitores do Pipoca e Nanquim!

Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Aos leitores do Pipoca e Nanquim, Saibam que a leitura de quadrinhos é um dos melhores prazeres desta vida. E nem é dos mais caros! (risos) Um abração para todos, direto de Belém do Pará, o Portal da Amazônia!! Se quiserem manter contato comigo, sintam-se à vontade. Favor pegar a senha com minha secretária! (risos)

Abração para todos!

Moleskine da DC comics

Frank Miller

Robert Crumb

Invictus Nº 01 -3 volumes encadernados

O Mercenário - Série do desenhista Vicente Segrelles, conhecido como o Alex Ross europeu.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Minha Estante #20 – Bira Dantas

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Olá, pessoal!

Preparados para mais uma ‘Minha Estante’?

Dessa vez vocês irão conhecer a coleção de Bira Dantas, um baita ilustrador na ativa no mercado de quadrinhos nacionais desde 1979.

Alguns meses atrás ele nos enviou a seguinte homenagem, já muito celebrada por aqui.

Além de muita história pra contar, Bira possui um belíssimo acervo de livros de arte e quadrinhos argentinos, ingleses, coreanos e outros do mundo a fora.

Olá, Bira! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores e contasse um pouco da sua jornada no mundo dos quadrinhos.

Em 1979 fiz um estágio de dois meses no Estúdio Ely Barbosa em Sampa. Lá pude acompanhar as várias fases de produção de um quadrinho e conhecer profissionais da velha guarda como João Baptista Queiroz (Cacareco,OscaritoGrande Otelo), Eduardo Vetillo (desenhou Chet pra Editora Vecchi) e Sérgio Lima (desenhista de quadrinhos de terror e romance, além da Maga Patalógica pra Abril). O Ely tentou me encaixar com o pessoal que pintava as capas, mas depois de duas tentativas, ele desistiu. Naquele tempo, o meu negócio era desenhar. Como um bom iniciante, eu vivia refazendo desenhos, esboçando capas (que nunca foram aprovadas) e criando páginas. E mostrava para todos os feras do estúdio, para tentar melhorar! Um dia o Ely disse que minha vontade de mostrar meus trabalhos era tanta, que ele não se surpreenderia de, ao se deitar com sua esposa Thereza, me ver sair debaixo da cama com algumas páginas pedindo pra ele olhar!

Ainda na época da produção de quadrinhos Hanna-Barbera, o Ely me indicou para ser assistente de um de seus grandes desenhistas: Eduardo Vetillo. Meu trabalho era passar seus desenhos (feitos em folhas de papel sulfite grosso com marcação em azul de quadros e linhas para letreiramento) a limpo, numa folha de Schoeller, seguindo as alterações que o Edu determinava (como posicionamento de personagens e cortes). Claro que no começo eu apanhava muito para reproduzir os traços sutis de expressão dos esboços originais. Eu trabalhei um ano como assistente até o dia em que ele me disse que o projeto Trapalhões estava crescendo, precisava de novos desenhistas e que eu já estava apto para bater asas próprias.

Troféus!

Você se lembra da primeira vez que se viu fascinado por uma HQ? Qual foi a história ou revista?

Lembro. Ganhei Superman n. 25 (Ebal) de presente do Clovinho, meu irmão mais velho, quando fomos até o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.  Eu tinha 11 anos em 1974!

Mas durante a minha infância no Rio li muito Flash Gordon, Tarzan, Fantasma, Brucutu, Ferdinando e Asterix. Ganhava alguns gibis de faroeste e comprava escondido alguns do Capitão América, Namor, Thor da Bloch
E quando visitávamos a família em São Paulo, nas festas de fim de ano, na casa da tia Lulu, as primas Goreti e Fátima compravam Mauricio de Sousa e Disney. Aí eu lia MUITO gibi da Mônica e Tio Patinhas, né?
Eu adorava o Zorro que o Rodolfo Zalla desenhava pra Abril, no Almanaque Disney, além das páginas de curiosidades da Vida Animal, super bem desenhadas!
Em 1976, voltei com a família para São Paulo, minha cidade natal, onde segui desenhando, ainda de forma autodidata, pois os cursos ainda não fervilhavam como hoje.
Foi lendo a Folhinha de São Paulo, suplemento de quadrinhos que publicava Os Bandeirantes do Moretti e Nicoletti, que a Goreti me sugeriu mandar uma HQ pra seção Futuro Artista.
Publicaram duas páginas!
Animados, ligamos na redação pra falar com a Eunice Veiga, pra marcar um papo com o Mauricio de Sousa, que assumiu o Suplemento.
Assim, fomos eu, minha mãe e Goreti, até a Alameda Barão de Limeira para conhecer o criador da Mônica.

Quando você percebeu que não tinha mais volta, era um quadrinista e um colecionador inveterado?

Com 13 anos, fiz um estágio rápido no Estúdio Mauricio de Sousa, onde conheci o grande e saudoso Jayme Cortez. Em 1979, o Estúdio Ely Barbosa produzia quadrinhos Hanna-Barbera para a Rio Gráfica Editora e publicou um anúncio em jornal: “Precisa-se de Desenhista de História em Quadrinhos com ou sem experiência“. Minha mãe, dona Lourdinha, que lia o jornal, recortou o anúncio e lá fui eu, do Tatuapé para a avenida Indianópolis, do outro lado da cidade. Cheguei, sem experiência, mas com uma pasta a tiracolo cheia de desenhos: HQs de super-heróis, uma quadrinização de O Guarani que fiz para a escola e algumas páginas ampliadas do Pelézinho e Mônica calcados no traço do Zé Márcio Nicolosi (atual diretor de arte de animação e um dos desenhistas mais copiados do estúdio MSP). Nesse dia, percebi que era o caminho que eu ia trilhar mesmo.

Quantas HQs você tem?

Putz, perdi a conta. Eu tinha três estantes cheias, há doze anos resolvi praticar o “desapego” e doei uma boa parte pra Coleções Especiais da Unicamp (está do lado da coleção do Sergio Buarque de Holanda). Eu e minha mulher tínhamos uma Paraty, que foi cheinha até o teto quase. Não aprendi o desapego e me arrependi. Dei exemplares raríssimos como La ouvre erotique de Pichard, Metal Hurlant francesa e minha coleção de Os Trapalhões (fiquei sem nada). Hoje tenho 8 estantes e mais umas encaixotadas e sempre que acho em sebos os difíceis gibis Os Trapalhões da Bloch, eu compro.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

O Grande Livro do Terror! Quando vi este gibizão nas bancas fiquei hipnotizado! Era uma coletânea histórica com o que de melhor se produziu nas décadas de 50 e 60 no Brasil e em Portugal. Quadrinhos, ilustrações e cartuns fabulosamente terríveis de Shimamoto, Flavio Colin, Sérgio Lima, Piper, Negreiros, Freddy Galan, E.T. Coelho e, claro, o mestre dos mestres, Jayme Cortez! Um verdadeiro clássico do Terror Nacional, publicado pela Editora Argos, em 1978.

Além deste, tenho alguns exemplares da revista italiana Il Mago (com desenhos maravilhosos do Cavazzano, desenhista Disney). “Ferdinando e os Shmoos” (RGE).

Uma compilação da Metal Hurlant francesa.

Qual o item mais raro da sua coleção?

Exemplares da Epopéia no traço de Eduardo Teixeira Coelho e Nico Rosso, da década de 1950, Carequinha e Grande Otelo, da década de 1960.

E qual foi a maior raridade que já comprou pelo menor preço?

Comprei em Londres na MWV, um livraço do Gerald Scarfe, uma antologia de mais de 500 páginas em papel couché, coloridas por 8 libras, uns R$ 22!

Como você guarda suas revistas e quais técnicas usavam para conservá-las?

Da pior maneira possível, bagunçadas…

Gente, eu coleciono ate passagem de avião, ticket do Louvre, cartões de propaganda de restaurante francês… Minha mulher não acredita. Há dez anos que eu alugo um apartamento ao lado do nosso, pra guardar minhas coleções e trabalhar. Só que eu adoro o barulho da casa e meu Mac está bem na mesa da sala (rs)!

Você tem alguma mania de colecionador? Ou melhor: eu sei que, como colecionador, você tem algumas manias, quais são?

Claro, comprar desbragadamente, comprar duas vezes a mesma revista (prova de que gostei muito – rs) e ler várias ao mesmo tempo…

Quais são em sua opinião os roteiristas mais importantes de todos os tempos? Aqueles que realmente foram geniais e revolucionaram os quadrinhos?

Goscinny, Will Eisner, C.C. Beck, Curt Swan, Berardi, Stan Lee e Alan Moore.

Quais são seus desenhistas favoritos?

Neal Adams, Alex Raymond, Hal Foster, Gil Kane, Murphy Anderson, Laerte, Ziraldo, Milazo, Uderzo, Morris, Moebius…

Estante de DVDs

Nessa sua jornada pelo mundo da ilustração, você já conheceu alguns ídolos? Tem alguma história bacana envolvendo algum deles para dividir com a gente?

Como disse, conheci o Jayme Cortez, português radicado no Brasil, no estúdio do Mauricio, em 1977. Ele já era autor de livros como A Técnica do Desenho, Manual prático do Ilustrador e Ilustração, revolucionou o mercado de HQ no Brasil quando  chegou em terras tupiniquins, descobriu que a maioria dos desenhistas copiava os comics americanos. Colocou todo mundo a desenhar modelos vivos ou baseados em fotos. Talentos floresceram como Flávio Colin, Getúlio Delphin, Shimamoto, Nico Rosso, Izomar e tantos outros.

Cortez tinha um senso de humor danado de bom. Eu o conheci pela segunda vez na AQC, em Sampa. Claro que ele nao se recordava de mim, 10 anos depois… Naqueles tempos eu praticava capoeira e adotei o cumprimento de mãos, com voltas, reviravoltas, tapas e estraladas de dedos, com todos meus amigos. Cortez inclusive.

Uma bela noite, fomos ao lancamento de A Arte de Jayme Cortez (Press Editorial), editado pelo Franco de Rosa e Gualberto. Ao chegar na festa, antes de me cumprimentar, Cortez chamou sua esposa, dona Edna e me disse: “Veja o que ensinei a ela!”. E fez o tal do cumprimento.

Pergunta manjada, mas que é sempre legal de ler, responder e serve de guia para os leitores. Quais suas 10 HQs favoritas de todos os tempos.

1 – Superman de Curt Swan

O gibi tinha três historias: a principal (de Curt Swan e Bob Oksner, com roteiro de Elliot Maggin) apresenta o incrível vilão-planta Ozymaxis, um monstro que quase derrota o filho de Kripton.

2. RIMA, Princesa das Selvas de Nestor Redondo

Descolei o n. 1 (Ebal, 1975) desta exuberante série da DC (que durou apenas sete edições nos EUA e quatro no Brasil) quando era moleque e os desenhos fantásticos do filipino Nestor Redondo mexeram comigo para sempre!!!

3. Zodíako de Jayme Cortez. História e desenho bárbaros!

4. Asterix da dupla Uderzo e Goscinny

Me apaixonei pelos quadrinhos do Asterix assim que coloquei os olhos neles, nas páginas d’O Globinho, antigo suplemento infantil do jornal O Globo, que meu pai comprava aos domingos. O álbum Asterix na Hispania foi o primeiro que comprei do personagem! O desenho de Uderzo era tudo o que eu queria: bem detalhado, arte final bem feita, cores bem dosadas. Foi amor à primeira vista. Além disso tinha o roteiro de Goscinny, bem construído, com personagens hilários como o filho de Conchampiñón y Champiñón, que prendia a respiração até que algo acontecesse. As cenas de Asterix toureando um grande espécime bovino são dignas de qualquer animação. Asterix era isso desde o principio: um imenso cinema de animação no papel!

5. Fradim de  Henfil

Certamente foi um dos mais geniais criadores de quadrinhos do Brasil! Nesta edição seu humor cáustico ataca um dos maiores males que assolam o Brasil (e o mundo): a discriminação racial! Henfil usa os Fradins para escancarar e esculachar com o racismo de uma maneira que só ele sabia fazer. Seus cartuns sindicalistas no Orelhão, presentes nesta edição, arrancam risos até do mais sisudo leitor.

6. Spirit n. 1 de Will Eisner

Sim, eu já conhecia o Spirit do inimitável Will Eisner, mas esta edição brasileira tem detalhes especiais: foi editada pelo Gualberto (fundador do Instituto Rian, da AQC, do Museu do Cartum, e da HQMix Livraria, em Sampa), a capa foi pintada pelo Spacca (um dos melhores quadrinhistas que este Brasil já viu), a apresentação foi escrita por Álvaro de Moya (um dos maiores pesquisadores de HQ do mundo) e além das histórias mais recentes, republicava HQs da década de 40. Tenho esse gibi autografado pelo próprio Eisner quando tive a honra de almoçar com ele no Bar Brahma, em Sampa, nos anos 80. Por tudo isso, este só podia ser um dos gibis mais importantes para mim.

7. Gibi Semanal – vários (RGE,1975)

O número 34 foi o primeiro que descolei deste gibi importantíssimo para a minha formação. A capa é linda, uma montagem com o rosto de Cisco Kid e o negrinho Gibi, à sombra de um sombreiro. Eu era moleque e lembro que adorei o humor sarcástico e o traço sucinto de Versus (Jack Wohl), o traço sujo de Frank & Ernest (Bob Thaves) ou o blasé de Mãe (Mell Lazarus). Mas foi o traço escrachado do brasileiro Munhoz, em Chico Peste, o mais impagável! Este Gibi Semanal trazia também em suas páginas as tiras clássicas de Popeye (Bud Sagendorf), Nick Holmes (John Prentice), Cisco Kid (José Luís Salinas), com sua narrativa lindamente cinematográfica, e Spirit. Enfim,isto não foi um gibi e sim uma verdadeira escola para mim!

8. Íncaro de Xalberto (Editora Massao Ohno, 1979)

O cartunista Xalberto é mais um dos grandes ícones do quadrinho Nacional! Quando ganhei este álbum de um amigo e vi aqueles desenhos cheios de retículas Sianísticas, hachuras, pontilhismos, citações visuais a álbuns de Rock psicodélicos, clássicos dos quadrinhos e cultura pop, além do roteiro altamente lisérgico, literalmente pirei!!!

9. RxDxPx COMIX de Marcatti e João Gordo

Marcatti, além de um grande amigo, é um dos mais competentes produtores de quadrinhos que já vi! Metódico, detalhista, exigente, caprichoso, tecnicamente impecável. Ele e o rei do movimento de quadrinhos “udigrudi” brasileiro, do qual participou ativamente com as revistas da editora Pro-C (Lodo, Soslaio, Refugo, Mijo, Pântano Tralha, Fráuzio,etc). RxDxP Comics durou dois números e foi uma experiência de transformar a banda de hardcore Ratos de Porão (do qual João Gordo é vocalista) em personagens de quadrinhos tão punks quanto sua música. Com roteiros de João Gordo e Marcatti (que também fez a arte, diagramação e cuidou de fotolitos, impressão e distribuição), este gibi é a união concreta entre rock e quadrinhos. Tem pegada, tem grave, tem agudo, tem ginga e tem porrada, muita porrada!

10.  Ferdinando e os Shmoos (RGE, 1975) de Al Capp

Eu já conhecia as aventuras de Li’l Abner (Ferdinando) no traço extremamente bem cuidado de Al Capp e seu estúdio (do qual o extraordinário Frank Frazetta fez parte), publicadas pela editora Saber nos anos 70. Mas esta edição com a primeira aventura de um dos mais fantásticos personagens dos quadrinhos de todos os tempos, definitivamente me ganhou! Al Capp, nessa época passava fome e tinha um discurso anti-capitalista, que eu adorei. Depois, como ele mesmo conta em suas entrevistas, ganhou muito dinheiro e parou de criticar o sistema. Bem, pelo menos ele não foi hipócrita e assumiu tudo (risos)! Esta HQ e uma das maiores críticas ao capitalismo já feitas e uma verdadeira perola imortal dos quadrinhos mundiais!

Manhwas que ganhei na Coreia, durante o Bicof.

Quadrinhos gaúchos

Quadrinhos ingleses

e os argentinos.

Tem algum item que quer muito ter, mas está impossível de encontrar?

El Gran Libro del Dibujo, de Jose Luiz Salinas, fantástico.

Bira muito obrigado pela entrevista! Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Quando publiquei Memórias de um Sargento de Milícias em quadrinhos (com Indigo, Maurilio e Caio) estava doido pra ver a revista nas bancas. A coleção da Escala Educacional (com Vilachã, Josmar e Ronaldo Antonelli) era vendida lá, no meu paraíso de sempre.

Em 1977, com 13 anos eu trabalhei numa banca, entregando jornal e tomando conta da dita cuja. Eu tinha uma cota dos gibis que sobrassem, além da coleção Mitologia da Abril e de um parco salário. Em 1980, quando desenhei os Trapalhões para a Bloch, era lá que eu encontrava minhas HQs publicadas. Em 1988 a Tralha (onde participei com Marcatti, Mutarelli, Baraldi, Gualberto e Glauco Mattoso) foi pras bancas de todo o país. Em 2005, estava crente que era lá que as pessoas iriam adquirir seu exemplar. Foi quando a editora avisou que a coleção Literatura Brasileira em Quadrinhos seria vendida diretamente nas escolas. Só uma pequena parte da edição foi pras livrarias.
O motivo era evidente. Distribuídos em todo o Brasil, o encalhe foi gigantesco, já as escolas lutavam para ter as revistas em suas dependências.
As pessoas não querem mais comprar gibis brasileiros nas bancas. É uma pena, mas é a realidade.
O mercado hoje se volta para a web, livrarias…
Precisamos do apoio dos leitores!
Nossa força -e traço- é nossa voz, mas sem este apoio, estamos fadados a continuar vendo gibis brasileiros sumindo das bancas e sites como o Bigorna saindo do ar.

Apoiem este maravilhoso Pipoca e Nanquim, o futuro está aqui!

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar para todo mundo sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e sentir aquela inveja boa.

Então convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um email para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

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