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Minha Estante #39 – Nikki Nixon

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Olá, amigos dos quadrinhos!

É com muita satisfação que apresentamos mais uma grande entrevista na sessão mais aclamada do nosso site.

Hoje vocês irão conhecer o acervo de Nikki Nixon, um intrépido colecionador que mesmo atravessando períodos pra lá de difíceis, continua acalentando esse saudável hábito.

Esperamos que curtam e comentem.

Vamos lá.

Olá, Nikki Nixon! Obrigado por topar essa entrevista! Para começar gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Opas!

FICHA CRIMINAL:

- Fui DJ do extinto bar “Comando Rock”, antro que reunia tribos de Headbangers, Skinheads e Punks, em 1989.
– Organizei: A “I Convenção Independente de Ficção Científica, RPG e Animação Japonesa” no dia 07/09/1994 no Centro Cultural da UFMG e a “I Mostra de Quadrinhos Autografados” em 18/06/1996 no Sesi Nansen Araújo.
– Fiz parte do Instituto Humberto Mauro,onde programei as sessões de vídeo do Vídeo Centro no Centro Cultural da UFMG de 1994 a 1996.
– Dentro do Centro Cultural da UFMG, criei o “Projeto Vídeo-Espaço Fase I”, onde semanalmente exibi tanto seriados e desenhos clássicos, quanto os novos ainda inéditos na TV brasileira, durante os meses de março a junho de 1995.
– Roteirizei e dirigi os curtas: “Viagem de Ida” e “Pátria Amarga”.
– Trabalhei com: construção de cenários para teatro, pirataria de fitas VHS, pintura de miniaturas de RPG.
– Colaborei com o blog http://rapaduradoeudes.blogspot.com/ scaneando revistas antigas de minha coleção.
– Atualmente escrevo para a revista “Mundo dos Super-Heróis” falando de edições antigas além de pesquisar e escrever os textos para o site http://hqmemoria.com que nasceu como blog em 2006.
– Tive o hqmemoria citado no livro “Biblioteca dos Quadrinhos – Gonçalo Jr.” (Ópera Graphica – novembro de 2006) como uma das referências indicadas para pesquisa sobre HQs.

Nas horas vagas trabalho como projetista de tubulações industriais.

Quando foi que se transformou de leitor ocasional de quadrinhos para um colecionador inveterado?

Em minha casa coisas que nunca faltaram foram livros e revistas em quadrinhos, eu, filho mineiro de uma família pernambucana adepta da leitura, cresci em meio a revistas de Luluzinha, Bolinha, Batman, Super-Homem, Super-Boy, X-9, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, Fix & Fox, Pinduca, Ferdinando, Príncipe Valente, Flash Gordon, Kripta, entre outras trocentas mais.

Minhas tias trabalhavam em um escritório cujo prédio abrigava alguns sebos, e todos os dias elas chegavam em casa com pacotes de revistas, era a festa.

Aprendi a ler rápido para poder apreciar melhor as revistas que tanto me encantavam e para poder desvendar os livros, cujas páginas cheias de letras eram portais para outros mundos.

Minhas primeiras incursões sozinho a uma banca de revistas foram para comprar figurinhas do saudoso “Álbum Ciências”, o qual com muito esforço consegui completar.

Mas a primeira “revistinha” (nada de gibi ou hq, na época todo quadrinho era “revistinha”) que eu comprei, e que escolhi a dedo na prateleira da banca foi o exemplar de nº 7 de Lobisomem (Bloch Editores), o fascínio pelo terror estava instalado, pois em casa já haviam alguns exemplares de Kripta (RGE), daí passei a comprar todos os títulos de terror da Bloch até eles sumirem das bancas.

Na 5ª série minha professora de geografia flagrou um exemplar do Fradim em minha mochila, tadinha, lembro que ela ficou ruborizada ao folhear a revista. Isso era um hábito que eu tinha: levar revistas para a escola e ler escondido durante alguma aula aborrecida.

Em algumas horas de uma tarde eu devorava uma edição de Disney Especial enquanto um colega meu chegou contando prosa que havia demorado “apenas três dias para ler a mesma revista”.

Não tomei conhecimento dos quadrinhos da Marvel editados pela RGE e Abril, salvo os nºs 01 e 08 de Heróis da TV, esse último eu comprara por causa do bonequinho do Pantera Negra que veio de brinde.

Neste período eu lia O Bicho, O Grilo, Spirit, Flash Gordon, Príncipe Valente e tentava entender Valentina e Anita (ambas de Crepax), e numa edição da Rolling Stone (versão nacional e pirata), saiu uma matéria de três páginas tablóides sobre a Marvel Comics, descrevendo como era a redação, como os artistas trabalhavam, etc… Hoje eu pago ouro por pelo menos uma cópia desta matéria.

Por falar em Flash Gordon, no início dos anos 80 estreou nos cinemas a versão dirigida por Dino de Laurentis, minha mãe me levou para assistir no saudoso cine Metrópole (o único cinema de BH com três andares, era um potento!), luzes se apagam, começa a vibrante música de abertura cantada pelo Queen, acompanhada de diversas ilustrações tiradas das revistas de Alex Raymond, o pequeno nerd babava, mas como tudo que é bom dura pouco: o filme era uma lástima, cores berrantes, ausência dos monstros, um príncipe Vultan que parecia mais uma alegoria de carnaval, resumindo: eu odiei o filme, mas colecionei o álbum juntando palitos de picolé Kibon (eu era um verme!).

No ano de 1982 o assunto em minha casa era o filme Conan – O Bárbaro, e eu como não tinha a idade mínima exigida para poder assisti-lo no cinema, ficava na vontade, até que num domingo voltando da feira com minha tia, paramos na banca e eu vi o nº01 de Super Aventuras Marvel, que trazia o Conan na capa, folheei a revista e gostei dos desenhos de Barry Smith, pedi e levei a revista. Em casa, o que me encantou de verdade foram as histórias do Demolidor, e então todo o santo mês comprava SAM, só vim a me interessar pela Heróis da Tv quando esta estava no nº 48 com uma capa chamativa com vários heróis juntos contendo a mutilada história dos vingadores participando da guerra Kree-Skrull. Essa foi a gota d´água, a partir daí passei a revirar bancas de revistas usadas, sebos, casas de colegas, etc.. tudo para completar a coleção das revistas da Abril, Bloch, RGE, Ebal, GEP, GEA e Paladino. E como se não bastasse, comprava também as edições importadas, cheguei a fazer assinatura dos títulos: Fantastic Four (fase Byrne), Incredible Hulk (fase McFarlene), X-Men (Fase Romita/Paul Smith) e Comics Scene, além de importar através da Mile High Comics as edições de Avengers e Fantastic Four que haviam sido “saltadas” ou mutiladas aqui no Brasil.

Recebia muitos fanzines, inclusive Welta, Barata, Killers, Trópico, etc.. mas nunca editei nenhum, apenas colaborava com o Killers.

Isso fora as HQs alternativas e européias que fui conhecendo com o tempo, o que menos comprei foi material da DC, o qual não tenho grandes amores.

Hoje minha coleção é a versão 4.0 após ela ter sido interrompida três vezes.

Qual o motivo para essas interrupções no hábito de colecionar?

Em 1994 separei 3430 revistas da minha coleção (lembro do número até hoje) e as vendi para uma feira da Livraria Leitura, com o objetivo de investir o valor na compra de equipamentos para montar uma produtora de vídeo, e logo recomprar as revistas vendidas, mas a escolha do sócio foi equivocada e fiquei no prejuízo, com uma produtora pela metade e sem gibis.

Voltei a comprar em 1998, mas nos primeiros meses do ano 2000 eu estava desempregado e minha mãe teve de se submeter a uma cirurgia de emergência, então vendi todos os gibis que tinha, eram 2000 exemplares, mas deu para pagar tudo: cirurgia e medicamentos, valeu a pena.

Com isso só voltei a colecionar em 2003, bem aos poucos. Em 2010 já estava com cerca de 5500 edições cadastradas quando tive um problema: havia acabado de comprar meu apartamento e ele estava em reforma, ainda tinha uns cinco meses de obra pela frente, aos poucos conforme podia ir pagando a mão-de-obra, um desacordo entre eu e a proprietária do apartamento onde morava gerou uma briga jurídica e de repente fui surpreendido por uma ordem de despejo, daí tinha trinta dias para acelerar toda a obra do novo apartamento e me mudar, quando então optei (sob protestos da minha esposa) em vender a minha coleção, separando o material raro, autografado e algumas edições de valor sentimental, 5200 revistas foram para venda, com o valor arrecadado consegui concluir a obra e me mudar em tempo. Mas coloquei uma observação, de que o valor arrecadado + 20% é o que eu tenho para gastar em quadrinhos de consciência limpa para repor a coleção.

Então, sua esposa apóia seu hobby?

Com certeza! Ela respeita e admira o meu gosto pelos quadrinhos, e sente orgulho disso. Quando eu a conheci e a levei ao meu apartamento, mostrei uma tímida pilha de quadrinhos e disse:

– Seguinte, eu coleciono revistas em quadrinhos, se algum dia tu fizer a besteira de dizer “ou eu, ou elas” você roda.

Mas felizmente ela é uma mulher inteligente e esperta e sabe que os gibis não são concorrentes e sim aliados.

Quantas HQs você tem nessa nova fase?

Ainda estou catalogando tudo, mas por baixo estimo que esteja na casa de 3500 edições. O sistema de catalogação é lento e bem minucioso para que fique bem feito e atenda conforme preciso.

Quais são os principais itens da sua coleção, aquelas séries ou volumes que são as meninas dos olhos de sua estante?

Catecismos do Carlos Zéfiro, Saga de Xam, minha coleção de pockets do Charlie Brown da editora Artenova, o Almanaque do Mr Natural editado nos anos 70, a Biografia não autorizada do ROM, minha coleção completa do Fradim, Cinco por Infinitus, Gibi semanal da RGE, e dois especiais do Mickey e Donald, editados pela EBAL nos anos 40.

Qual o item mais raro da sua coleção?

Saga de Xam, por ser o mais caro e difícil de ser encontrado, tê-lo comprado por um valor quase simbólico em um sebo do RJ foi talvez a melhor compra que já fiz até hoje.

Catecismos do Carlos Zéfiro

Você coleciona obras sketches e páginas originais?

Isso é recente, sou novato nesse segmento, por enquanto tenho apenas alguns sketches de artistas que gosto, coletados em alguns eventos nos últimos anos.

Você possui muitas HQs autografadas?

Antes eu ia a palestras e eventos e ficava sem jeito de chegar perto do artista e tirar uma foto, pedir um autógrafo ou um desenho, mas essa inibição já foi pro limbo, em um evento como o FIQ, por exemplo, vejo na programação quem vai estar presente no dia e separo alguma HQ mais significativa para ser autografada, se não tenho nenhuma, vai só um sketch.

Autógrafo do Ziraldo

Autógrafo do Will Eisner

Como você guarda suas revistas e quais técnicas usa para conservá-las?

Faço exatamente aquilo que prego, conforme descrito no link  todas armazenadas em pé e sem plásticos. Semanalmente a diarista faz a faxina em todas as prateleiras conforme minha orientação, já a prateleira de action figures, essa sou eu que limpa.

Você também coleciona action figures? Quais são os itens mais legais?

Um set francês da Valentina com quatro peças e outro do Umbrella Academy, compro apenas de personagens que gosto, sem preocupações de montar coleções completas de cada fabricante.

Além disso tudo tem a coleção de obras teóricas sobre quadrinhos, quais são os destaques dessa coleção?

Não chega a ser coleção, é material de estudo e de pesquisa, deles eu destaco The Man Who Drew Tomorrow sobre a obra de Frank Hampson, criador de Dan Dare, 100 Years of Science Fiction Illustration, The Full Color Guide to Marvel Silver Age Collectibles” e O Quadrinho Erótico de Carlos Zéfiro. Os livros do Gonçalo Jr. não são destaque, eles são essenciais.

Quais são seus 10 quadrinhos favoritos de todos os tempos?

Ah! A velha pergunta que assola toda mesa de boteco com mais de dois fãs de quadrinhos presentes, vamulá:

1 – V de Vingança

2 – Moonshadow

3 – Fradim do Henfil

4 – Spirit (by Eisner)

5 – O Xerife do Vale Balaço – Carl Barks

7 – Kripta

8 – A Turma do Charlie Brown

9 – A Garra Cinzenta

10 – Ken Parker

Você tem alguma “mania de colecionador”, seja para guardar, emprestar ou mesmo na hora de comprar?

Novo ou usado, quando pego o gibi pela primeira vez, dou uma folheada sentindo o cheiro dele. Só acomodo na estante um gibi recém adquirido após catalogá-lo, enquanto isso ele fica em uma pilha ao lado do meu PC. E uma mania bizarra herdada da infância, não leio HQs de terror enquanto como.

Quais foram os últimos quadrinhos que comprou? E qual o último que leu?

Dos lançamentos o último que comprei e li, foi A Rua de Lá do Evandro Alves, por sinal um puta gibi, recomendo!

Fora isso minhas aquisições se concentram mais nos sebos onde a compra é mais sortida, na última vieram Luluzinha e Bolinha da editora O Cruzeiro, S.O.S. – Capitão Cometa da editora Órbis e Histórias do Além e Pesadelo da Vecchi.

Você costuma comprar HQ importadas?

Sim, mas pouco, somente um ou outro álbum inédito no Brasil ou algum volume da coleção Essential, da Marvel Comics.

Comprar quadrinhos hoje em dia é um prazer relativamente caro, sei que você era colaborador assíduo grupos de scans como o Rapadura Açucarada, então queria te perguntar, qual o papel do scan para o mercado de quadrinhos atuais?

Vitrine. Sempre defendi em vários debates pela net, de que os scans podem ser utilizados pelas editoras como instrumento de avaliação. Eu baixo um scan, se gosto, eu compro, caso contrário passo batido por ele na banca. Quanto mais a informação circular, mais pessoas serão atingidas, e a tendência de se aumentar o número de leitores é real, além de testar novos títulos para ver a recepção dos leitores, os scans servem como um museu virtual de edições antigas, seria interessante que isso fosse mais fomentado e incentivado, de se ter um site em parceria com editoras e colecionadores onde seriam disponibilizados scans de revistas fora de catálogo. É preciso ver o mercado fora da esfera e não dentro dela.

Tem algum item que quer muito ter, mas está impossível de encontrar?

Olha, uma coisa que aprendi nesses anos de colecionismo: nada é impossível de se adquirir, desde que você tenha paciência, simples assim. Algumas revistas que ainda não encontrei: Vampirella da editora Kultus, Dr. Mistério da Miname & Cunha, Balão, O Bicho #0 e Spirit #0 da Acme/Devir.

Na antiga revista Animal havia um colunista chamado Niki Nixon, era você?

Não.

Quadrinhos independentes e a polêmica Dum-Dum.

Nikki, muito obrigado pela entrevista! Foi um prazer conversar com você.
Deixe um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.

Há aqueles que perguntam “o que está acontecendo?”. Para aqueles que precisam perguntar, para aqueles que precisam de muita explicação, para aqueles que precisam que se lhes indique o caminho aqui vai:” -Roy Thomas – Roteirista de Quadrinhos.

Especial do Tico-Tico, álbuns disney dos anos 40 da EBAL e xerox da tiras do Henfil publicadas nos EUA.

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Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros aficcionados e proporcionar aquela inveja boa.

Convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!

É só mandar um e-mail para pipocaenanquim@gmail.com dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.

Até a próxima!


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